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domingo, 3 de fevereiro de 2019

DECLARAÇÃO SOBRE A VENEZUELA

Derrotar o golpe patrocinado pelos EUA contra a Venezuela
Frente Única Anti-Imperialista contra os EUA para derrotar sua hegemonia global desesperadamente belicista

Comité de Ligação para a Quarta Internacional


À medida que a crise global do imperialismo mundial se aprofunda, o governo Trump se torna cada vez mais fanático e desesperado para reafirmar sua dominação global como a única superpotência para restaurar e aumentar as taxas de lucro de suas grandes instituições financeiras e corporações transnacionais. Existem quatro regiões principais que são os alvos de suas agressões hoje:

1. China e República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte),
2. Síria, incluindo o Irã e toda a região do Oriente Médio,
3. Rússia e o conflito na Ucrânia e
4. Venezuela, incluindo Cuba e Bolívia.

Neste momento, Trump está se concentrando na China e na Venezuela, tendo sofrido derrotas e chegado a um impasse no Oriente Médio e na Ucrânia. No entanto, todos esses conflitos estão intimamente relacionados; os conflitos na Síria, na Ucrânia e na Venezuela são guerras por procuração e mudança de regime patrocinadas pelos EUA para se preparar para o ataque aos principais alvos, as nações semicoloniais avançadas da Rússia e da China.

Rejeitamos com desprezo os chamados revolucionários que buscam defender o imperialismo norte-americano retratando a Rússia e a China como imperialistas orientais, o igual e oposto dos imperialistas ocidentais. A lógica desses “revolucionários” é que não devemos ter lados na luta global e que devemos adotar uma posição de duplo derrotismo entre os blocos imperialistas concorrentes como na Primeira Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial.

Defender Maduro e a Venezuela

Devemos defender Nicolás Maduro e a Venezuela contra a flagrante tentativa de golpe patrocinada pelos EUA. O apoio incondicional, mas crítico, é a linha marxista, é a tática da frente única antiimperialista sem apoio político na luta de classes doméstica.

O líder da Assembléia Nacional, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino da Venezuela em 13 de janeiro. Guaidó havia sido preso pelo Serviço de Inteligência Bolivariana no mesmo dia, mas foi libertado 45 minutos depois. Os agentes que o prenderam foram despedidos por Maduro. Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, denunciou a prisão, chamando-a de "detenção arbitrária". Dois jornalistas, Beatriz Adrián, da Caracol Televisión, e Osmary Hernández, da CNN, foram presos enquanto estavam no ar por cobrir a prisão de forma errada, numa tentativa desesperada de apaziguamento por parte de Maduro.

Não funcionou, Guaidó assumiu como presidente interino em 23 de janeiro, em meio a muita violência e derramamento de sangue. Trump imediatamente reconheceu-o como o legítimo chefe de estado. Maduro imediatamente rompeu relações com os EUA e ordenou que o embaixador e a equipe da embaixada deixassem o país. No dia 26 de janeiro, os EUA convocaram uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU e Pompeo exigiu:
“É hora de todos os outros países escolherem um lado. Não há mais atrasos, não há mais jogos. Ou você fica com as forças da liberdade, ou está aliado a Maduro e à sua desordem”
Em 27 de janeiro de 27, Maduro recuou após ameaças de ação imediata e não especificada dos EUA e concordou em manter relações diplomáticas, embora agora o embaixador dos EUA já estivesse prometendo sua lealdade a Guaidó.

A Venezuela possui os maiores depósitos de petróleo do mundo. Em 28 de janeiro, Trump emitiu uma ordem executiva para o Departamento do Tesouro dos EUA assumir o controle da Petroleos de Venezuela (PdVSA), empresa estatal de petróleo e gás natural da Venezuela, que é a maior empregadora e fonte de receita do país. Continuará a operar, mas todos os seus ativos e lucros estão congelados nos EUA. Esta é também a fonte não apenas da maioria das provisões de bem-estar para a classe trabalhadora e os pobres, mas também dos privilégios dos militares e de outros apoiadores de Maduro. A crise econômica na Venezuela resultou em três milhões de refugiados e taxas de inflação de um milhão por cento ao ano. Apenas parte da crise do país se deve a queda do preço do petróleo; as sanções econômicas dos EUA são o principal motivo, assim como o são também no Zimbábue, Irã e Turquia recentemente.

Assim, o processo golpista está demonstrando a verdadeira razão pela qual os militares respaldaram Chávez e Maduro com tanta força ao longo dos anos; os governos bolivarianos os beneficiaram generosamente. Mas Guaidó ofereceu-lhes todas as anistias se se voltarem contra Madero. O assessor de Segurança Nacional, John Bolton, instou os militares a “aceitarem a transferência de poder pacífica, democrática e constitucional”.

Diferentemente de Honduras, Paraguai, Brasil ou Ucrânia, até agora o imperialismo e seus agentes vem sendo derrotado em todas as disputas nos diversos campos estatais e na sociedade civil venezuelana. O processo golpista tem fracassado no uso da fraude eleitoral, do impeachment, dos atentados terroristas, de lawfere, da disputa do controle das ruas. Por isso, os apelos e investidas do imperialismo tem se acentuado em um campo essencial para qualquer golpe de Estado, as Forças Armadas. Na Venezuela, as Forças Armadas têm características muito particulares, devido a condição do país de ser um Petroestado (um Estado cuja renda majoritária é oriunda da mercantilização do petróleo) e onde os militares controlam diretamente a PDVSA, condição em que se criam determinadas contradições com os interesses expropriadores do imperialismo e suas corporações petroleiras. A Rússia e a China vêm explorando essa contradição, na venda de material bélico e compra de uma parte crescente do petróleo venezuelano, respectivamente.




O segundo maior perigo é que a classe trabalhadora e os pobres nos bairros e favelas se tornem ainda mais desmoralizados pelo fracasso de Chávez e Maduro em agir contra os agentes abertos do imperialismo estadunidense; a classe capitalista muito rica e poderosa, cuja riqueza e privilégios são protegidos pelo Estado. E esses privilégios incluem o direito de realizar tentativas regulares de golpe para testar a lealdade da base de Maduro e a lealdade dos militares.

A tendência internacional

Internacionalmente, o alinhamento das nações com os dois lados do conflito é semelhante ao caso do Canadá / China, além da UE apoiar o golpe. Rússia, China, Itália (por suas próprias razões oportunistas contra a UE), Síria, Irã, México, Cuba, Bolívia, El Salvador, Nicarágua, o PT do Brasil, o Hezbollah e Turquia apoiam publicamente Maduro. A Nova Zelândia diz que está preocupada com as eleições venezuelanas de 2018, mas se recusa a tomar partido. EUA, Israel, Canadá, Austrália, Japão, Brasil, Argentina, Peru, Colômbia, Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha; e mais de 20 países ao todo já reconheceram o não-eleito Guaidó dos EUA como presidente legítimo.

Os EUA estão agora em conversações de paz com o Taleban no Afeganistão, tendo fracassado em derrotar o movimento guerrilheiro. Bolton saudou as conversas e os observadores viram uma mensagem manuscrita em seu bloco de notas "5.000 tropas para a Colômbia", obviamente, para atacar a Venezuela, um curso de ação que Trump declarou; “Nothing is off the table” (“Nada está fora da mesa”, ou todas as opções beligerantes estão sobre a mesa, desde o recrudescimento da guerra econômica, o impeachement, a intervenção militar,...). Moscou e Pequim investiram bilhões em empréstimos e acordos de energia na Venezuela. A Rússia enviou dois bombardeiros com capacidade nuclear à Venezuela em 10 de dezembro, após a visita de Maduro na semana anterior. Os bombardeiros foram acompanhados por uma aeronave de transporte AN-124 e um jato de passageiros Il-62, 100 pilotos e outros oficiais russos. Esta equipe e aparato de guerra voaram mais de 10.000 km para a Venezuela, em uma clara demonstração de apoio de Putin a Maduro.

Se as tensões seguirem o curso atual, é bem provável que seja um cenário de mudança do centro gravitacional dos conflitos do Oriente Médio para a América Latina, onde os EUA buscam recuperar o controle político, militar e econômico às custas de golpes, manobras eleitorais, lawfare e guerras híbridas, e através de uma crescente presença militar. No Oriente Médio, os EUA sofreram sua maior derrota na Síria, levando Trump a pedir retiradas de tropas da região.

Tudo isso ocorre em um contexto internacional de preços voláteis do petróleo. Guerras com o Irã e a Venezuela causariam um enorme aumento nos preços do petróleo, e a Casa de Saud eventualmente cairá. Após o colapso dos preços do petróleo em 2014 (30% de US $ 93) e 2015 (46% caindo para US $ 49), agora, em 2019, está em US $ 51 e subindo. Novos aumentos tornarão o xisto americano não lucrativo, já que seus custos de extração são muito mais altos do que qualquer outro. O imperialismo está se preparando para a disputa sobre esse recurso energético estratégico, não apenas para seu mercado interno, porque o xisto lhe deu essa proteção, mesmo que não seja lucrativa para extrair, mas para controlar os mercados globais de petróleo.

Além disso, a partir de 2018, as multinacionais do petróleo aumentaram o conflito entre a Guiana e a Venezuela, com a ajuda do governo golpista do Brasil, para perseguir a Venezuela e permitir que multinacionais como a ExxonMobil assumissem a área marítima na costa atlântica ao norte do Delta do Amazonas, do rio Orinoco. Os fantoches governos do Brasil e da Colômbia se encontraram com frequência, obviamente encorajados por seu amo do norte, para formular um plano de confronto diplomático e militar contra a “ameaça venezuelana”, tanto na questão guiana quanto na crise migratória provocada por sanções criminais, bloqueios e escassez patrocinados pelos EUA na Venezuela.

O imperialismo, que vem conquistando o petróleo brasileiro desde o golpe parlamentar de 2016, busca agora aproveitar os recursos essenciais da Venezuela, não apenas o petróleo, mas também o ouro. A Venezuela tem reservas importantes de ouro, o país possui a quarta maior mina de ouro do planeta. A crise é especialmente marcante porque uma das armas de resistência do bloco euro-asiático na guerra comercial contra os EUA é restabelecimento do padrão-ouro, vigente até a Segunda Guerra Mundial como moeda de troca internacional, desdolarizando o comércio mundial. Esse confronto tem óbvias consequências militares políticas e estratégicas globais.

Pompeo twittou do Egito:
“Os EUA condenam a usurpação do poder ilegítimo de Maduro e instam aqueles que apoiam o regime venezuelano, incluindo as forças de segurança que prometeram apoiar a Constituição, a deixarem de permitir a repressão e a corrupção. A hora é AGORA para um retorno à democracia na #Venezuela. 
Pompeo não apresentou nenhuma queixa quando o ditador egípcio Gen. Abdel Fattah El-Sisi foi imposto à população de seu país por um golpe militar apoiado pelos EUA, Israel e Arábia Saudita em julho de 2013. Este golpe massacrou cerca de 1.600 e levou cerca de 60.000 presos políticos de esquerdistas e partidários de Mohamed Morsi, que foi o único presidente do Egito democraticamente eleito apenas um ano antes.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), como confraria das colônias norte-americanas, não "reconheceu a legitimidade" do segundo mandato de Maduro e exigiu novas eleições, apoiando o líder golpista Guaidó. O chamado Grupo de Lima, formado pelos governos de 14 países latino-americanos e do Canadá, aprovou uma resolução exigindo que Maduro renuncie e entregue o poder ao Congresso, controlado por Guaidó. Após a eleição de maio de 2018, que fortaleceu a posição do presidente Maduro, o Grupo de Lima lembrou seus embaixadores da Venezuela, classificando as eleições como ilegítimas, apesar do relatório dos observadores internacionais (ver abaixo).

Trump flerta com a guerra por razões econômicas, para atender ao apetite de corporações multinacionais, mas também por razões políticas internas. O estado profundo imperialista acossa Trump constantemente. Há uma disputa sobre quem governa a CIA e o FBI. O FBI trabalha diretamente com o Departamento de Justiça, enquanto a CIA e outras agências de inteligência lidam com o Departamento de Estado ou o Departamento de Defesa. A Agência Nacional de Segurança (NSA) é responsável por coletar, monitorar e processar informações e dados para ações de inteligência e inteligência externa, e a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) fornece inteligência militar a soldados e combatentes no campo, formuladores de políticas de defesa.

A CIA e a DIA, as agências internacionais de inteligência, estão em grande parte a serviço de Trump, e o FBI e a NSA, como órgãos nacionais, geralmente favorecem a oposição democrata, com o apoio de uma ala dos republicanos. As ameaças à Venezuela funcionam como compensação pela derrota na Síria. Com cada derrota no velho mundo, deve haver uma vitória para compensar no novo mundo, por exemplo, a perda da Turquia como uma área de influência para a Rússia e a China é compensada pela conquista política do governo brasileiro.

No entanto, os chefes das quatro agências testemunharam perante o Congresso em 29 de janeiro e contradisseram quase todos os pronunciamentos sobre a política externa já feitos por Trump. Apesar de todos eles foram nomeados por ele. O FBI é a única agência de segurança autorizada a realizar o serviço de contra-inteligência nos EUA, como o MI5 no Reino Unido. A CIA não está autorizada a fazê-lo. O FBI tinha "ouvido" rumores suficientes para investigar Trump como uma ameaça de segurança crível em relação à Rússia ... antes da eleição. Isso continuaria mesmo após sua eleição, já que alguém tem que ficar atento a traição na cúpula. Esse alguém é o FBI.

Em essência, a ofensiva na Venezuela obedece ao propósito de criar um espaço protegido para os EUA, uma espécie de América para os EUA primeiro e assim compensar o revés que, em essência, a nação mais poderosa vem sofrendo cada vez mais e cumulativamente na Índia, Paquistão, Turquia e grande parte da África subsaariana.

O conflito dentro do imperialismo estadunidense resultou na mais longa paralisação do governo federal na história do país, de 22 de dezembro a 25 de janeiro de 2019, por causa da guerra interna institucional entre Trump e os democratas, que agora controlam a Câmara dos Representantes. O presidente dos Estados Unidos recusou-se a aprovar parte do orçamento federal porque não incluiu recursos da ordem de US $ 5,7 bilhões para a construção de um muro na fronteira com o México, uma de suas principais promessas de campanha. Embora Trump tenha “piscado primeiro”, isso só ocorreu depois que muitos controladores de tráfego aéreo com salários atrasados telefonassem para os aeroportos avisando que estavam doentes, ameaçando paralisar o trafego aéreo, pelo quê a população passou a culpar Trump.

O porta-voz do líder do Partido Trabalhista Britânico, Jeremy Corbyn, disse que “Maduro ainda é presidente". Não queremos nenhuma interferência ”. O laborismo deveria condenar qualquer intervenção imperialista com muito mais força do que isso. A Voluntad Popular de Guaidó é um partido social-democrata que se juntou à Internacional Socialista em dezembro de 2014. Em 24 de janeiro, Bernie Sanders, o "socialista" que por pouco não conseguiu a indicação do Partido Democrata para presidente em 2016, twittou:
 “O governo de Maduro travou uma violenta repressão contra a sociedade civil venezuelana, violou a Constituição dissolvendo a Assembleia Nacional e foi reeleito no ano passado em uma eleição que muitos observadores disseram ser fraudulenta. A economia é um desastre e milhões estão migrando ”.
Para provar sua lealdade ao imperialismo dos EUA, ele seguiu nesse tom com:
“Os Estados Unidos devem apoiar o estado de direito, eleições justas e autodeterminação do povo venezuelano. Devemos condenar o uso da violência contra manifestantes desarmados e a supressão da dissidência”.
E, no caso de termos concluído que isso significaria que Sanders era um completo idiota manipulado pelas manobras de Trump, ele nos assegurou:
“Mas precisamos aprender as lições do passado e não nos metermos no negócio de mudança de regime ou de apoio aos golpes - como temos no Chile, Guatemala, Brasil e na República Democrática do Congo. Os EUA têm uma longa história de intervenção inadequada em nações latino-americanas; não devemos voltar por esse caminho ”.
Como se ele não tivesse simplesmente defendido exatamente esse curso para a Venezuela.

As falsas justificativas

Justificativas para apoiar este golpe mal disfarçado são que Maduro é culpado de violações dos direitos humanos e manipulação de eleições. Os abusos dos direitos humanos estão prendendo bandidos violentos de direita que tentam derrubar seu governo. A UE, por exemplo, depois de Bernie, escreveu:
“Os principais obstáculos à participação de partidos políticos da oposição e seus líderes, uma composição desequilibrada do Conselho Nacional Eleitoral, condições eleitorais tendenciosas, numerosas irregularidades relatadas durante o dia da eleição, incluindo a compra de votos, impediram eleições justas e equitativas.”
A UE exigiu novas eleições, como a OEA, mas no relatório dos observadores internacionais para Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, sobre os problemas com a declaração da UE sobre as eleições, estas alegações foram refutadas:
“Fui membro de um núcleo de cem observadores da eleição venezuelana de 20 de maio. Nós nos encontramos com altos representantes de todos os candidatos e os questionamos de perto. Nós nos reunimos com o presidente e dois vice-presidentes do Supremo Tribunal Judicial. Examinamos o sistema eleitoral em detalhes e, no dia da eleição, observamos procedimentos de votação em todo o país. (…) Em suma, as alegações contidas no seu comunicado de imprensa são fabricações do tipo mais vergonhoso, baseadas em boatos e não em provas e indignas da UE. Não escapou a notícia de que a UE foi convidada a enviar observadores às eleições e recusou-se a fazê-lo. NENHUMA das críticas contidas no seu comunicado de imprensa da UE baseia-se, portanto, na observação direta da UE no terreno. ” Com os melhores cumprimentos, Jeremy Fox, jornalista / escritor, Joseph Farrell, diretor do Centro de Jornalismo InvestigativoCalvin Tucker, jornalista MS, Dr. Francisco Dominguez, Estudos Latino-Americanos, Middlesex University,
Superar o perigoso impasse chavista através da revolução proletária!

Fidel Castro não expropriou finalmente toda a burguesia cubana até 19 de abril de 1961, três dias depois da Baía dos Porcos, quando declarou a revolução "socialista", ou seja, clonada da URSS. Mas ele havia expropriado a burguesia "compradora" apoiada pelos EUA no ano anterior. A contínua popularidade do regime stalinista cubano se baseia nisso, e nas medidas para a saúde e educação, etc., levadas mais a sério após o colapso da URSS em 1991. No entanto, Cuba está próxima da restauração capitalista agora com extensa privatização; o elenco castrista governante está desmantelando mais da economia planejada nacionalizada a cada ano.

Se os EUA expropriam a corporação petroleira da Venezuela, então por que Maduro não expropria as forças inimigas capitalistas pró-EUA dentro de seu país? Se não o fizer, ele está se condenado, se não desta vez, no próximo golpe melhor preparado. Depois de duas décadas no governo, o chavismo é desacreditado diante da população em dois aspectos. Primeiro, embora retoricamente anuncie sua escolha pelo socialismo e contra o imperialismo, ele se opõe concretamente a essa ruptura anticapitalista e frustra sua base popular. Em segundo lugar, esse impasse permite que os poderosos inimigos imperialistas e seus agentes locais avancem com a sabotagem econômica que mina a confiança do chavismo na proteção das condições de vida da população.

O colapso político derivado do impasse estratégico foi expresso em alta abstenção. O maior deles todos nos últimos 20 anos. Esta abstenção, que foi impulsionada pelo boicote orquestrado pela oposição, que sabia que não poderia ganhar as eleições, faz com que as massas se afastem da política. Maduro conseguiu três vezes o número de votos de seu rival mais próximo, no entanto, que corresponde a apenas 28% dos eleitores da Venezuela. Nada mal em comparação com a vitória que deu o governo a Trump, cujos agentes hoje questionam a legitimidade de Maduro. O presidente dos EUA venceu a eleição presidencial de Hillary Clinton, apoiada por apenas 26% dos eleitores americanos (o que corresponde a 19% da população dos EUA), e na verdade obteve quase 2.868 milhões de votos a menos que Hilary Clinton.

A classe operária venezuelana sabe que precisa fazer uma frente única tática com Maduro, contra o imperialismo e seus agentes golpistas, bem como contra os governos fantoches do Brasil e da Colômbia e avançar estrategicamente com seus irmãos operários latino-americanos, incluindo brasileiros e colombianos para superar o próprio Maduro, reivindicando armas de Maduro e Putin e assumindo o controle político dos meios de produção, comunicação e forças armadas.

A Milícia Nacional Bolivariana deve ser expandida para armar todo o povo e até internacionalizar com todos os irmãos latino-americanos e caribenhos que desejam se alistar nele (inclusive brasileiros, colombianos e guianense), para desarmar os golpistas e defender o país de uma agressão imperialista que instrumentaliza os governos e tropas de Bolsonaro e Duque. Seguir o atual impasse é o caminho certo para uma derrota sangrenta, igual ou pior que a do Egito. Aqueles que fazem meia revolução inevitavelmente sofrem suas consequências.