“Se não há justiça para o povo, que não haja paz para o
governo” Emiliano Zapata
A disputa em torno da reforma previdenciária virou uma luta
de classe contra classe. O conjunto dos poderes burgueses estabeleceu uma
trégua momentânea para blindar Moro e defender a reforma da previdência. Incluindo
a mídia golpista, o 4º poder, e, principalmente, a Globo.
Foi feito um acordo entre governo e governadores (incluindo os do PT, PCdoB, PDT e PSB) para aprovar uma reforma mais parecida com a apresentada por Temer, atenuando as maldades introduzidas por bolsonazi como a redução no BPC, a imposição de 20 anos de contribuição para a aposentadoria rural (hoje não há obrigatoriedade de nenhuma contribuição) e a vontade explícita de impor os títulos de capitalização.
As maiores bizarrices parecem agora que foram postas como "bodes na sala", agora supostamente retirados, para aprovarem o principal que já havia sido apresentado no governo Temer, o que já havíamos derrotado com nossa greve geral de 2017. A nova manobra, somadas a algumas migalhas que depois de tomarem, soltaram para a educação, bolsa família, as vésperas da nossa greve, veio para tentar nos desmobilizar e assegurar o voto das bancadas estaduais.
Panfelto assinado pela Folha do Trabalhador e Anti-Morosofia |
Representando as oligarquias regionais, os governadores sabem
que sem aposentadoria rural ou BPC, as economias dos estados e municípios
seriam imediatamente liquidadas. Os governadores de todos os partidos indicarão
o voto de suas bancadas e assim poderão assegurar a maioria necessária. Isso
demonstra mais uma vez que nossa vitória será imposta pelas ruas.
Mas se derrotarmos a reforma da previdência, Bolsonaro tende
a cair (e levar Guedes junto). O miliciano se mostrará incapaz de realizar uma
das principais tarefas a ele encomendada. A própria burguesia passará a vê-lo
não só como “idiota”, mas também como “inútil”.
Os banqueiros, se conseguirem destruir a aposentadoria
pública com essa reforma, acreditam que a população será mais ainda empurrada e
entregar seu dinheiro aos bancos, através da aposentadoria privada. Essa é a armadilha
da capitalização. Mas, a maioria da população não terá dinheiro para isso.
Porque não sobra nada no final do mês a não ser dívidas, com os bancos, para o
mês seguinte.
Todas as medidas do governo só fazem com que o desemprego, a extrema pobreza e a marginalidade aumentem. Querem um povo humilhado e sem esperanças para, em troca de um prato de comida ou menos, impor uma nova escravidão.
Mas também aumenta a indignação popular, expressa nas
extraordinárias manifestações de 15 e 30/05, quando professores atacados e os
estudantes filhos da classe trabalhadora saíram a protestar contra os cortes na
educação.
Todavia, a queda de Bolsonaro não resolve o problema dos
estudantes e trabalhadores que foram às ruas no mês de maio e no dia 14 de
junho na greve geral. Mourão se beneficia com o desmascaramento da VazaJato. O
escândalo da VazaJato deu as provas cabais para quem nem convicção tinha acerca
do papel criminoso da quadrilha de Curitiba. Na sucessão presidencial,
Moro, agente da CIA, que era o queridinho dos EUA para a substituição de Bozo,
agora está terrivelmente queimado.
Todavia o vice general, assim como quase todo o Congresso, encabeçado
por Maia, e o STF, concordam com a submissão do Brasil aos EUA. E também
concordam com uma nova escravidão dos trabalhadores, sem direitos,
aposentadoria, saúde e educação públicas. Inclusive, prometem fazer tudo que
Bolsonaro não conseguir fazer, mas de uma forma “sensata”, sendo mais úteis ao
patronato. Basta ver o discurso de Mourão na Fiesp.
É verdade que nem todos defendem que a terra é plana, que
vacina faz mal, que a globalização é coisa de comunista e dizem que veem Jesus
na goiabeira. Mas isso não é suficiente para criarmos ilusões em Maia ou Mourão,
representantes das oligarquias escravistas.
Lamentavelmente, parte hegemônica das direções do PT, PCdoB
e PSOL aproxima-se do Centrão e da ala “sensata” do governo contra o Fora
Bolsonaro e na defesa da ordem estabelecida pelo golpe de 2016 e pela farsa
eleitoral de 2018, para supostamente derrotar Bolsonaro pelo voto só nas
eleições de 2022.
Não perceberam que o tempo da conciliação acabou quando as oligarquias e os agentes do imperialismo, como Moro e Temer, derrubaram Dilma e prenderam Lula. Com ou sem o Bozo, querem seguir adiante com as contrarreformas. Não sobrará nem direitos nem democracia, só farsa e opressão sobre o povo em 2022.
Não perceberam que o tempo da conciliação acabou quando as oligarquias e os agentes do imperialismo, como Moro e Temer, derrubaram Dilma e prenderam Lula. Com ou sem o Bozo, querem seguir adiante com as contrarreformas. Não sobrará nem direitos nem democracia, só farsa e opressão sobre o povo em 2022.
Os capitalistas agora são durões com os pobres, mas estão
morrendo de medo de nossa manifestação do dia 14. Eles sabem que podem perder o
controle da situação se a luta seguir em frente para junto com a reforma derrubar
Bolsonaro e todos os golpistas. E temos tudo para manter o crescente dos dias
15 e 30 de maio, através da organização de nossa resistência nos locais de
trabalho, estudo e moradia, se a base não deixar a direção vacilar.
Nosso objetivo é ir além. Ir além na luta contra os cortes
na educação, porque o ensino que temos hoje não nos é suficiente. Ir além contra
a reforma da previdência, porque o que precisamos é ampliar o direito à
aposentadoria e remunerar melhor quem passou a vida trabalhando, além de
expropriar as grandes empresas e bancos devedores do INSS.
Precisamos libertar Lula, mas também garantir a convocação
de novas eleições gerais já. Tudo isso evitando os erros do passado, lutando contra
os banqueiros e escravistas por um governo próprio da classe trabalhadora. Por
isso devemos impulsionar uma greve geral por tempo indeterminado para pôr
abaixo Bolsonaro-Mourão-Moro-Maia!
* Mourão (vice-presidente), Moro (Ministro da Justiça) e Maia (Presidente da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional).