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terça-feira, 24 de outubro de 2017

TESES DA FT AO III CONGRESSO DA CSP CONLUTAS

Por um Congresso da classe trabalhadora para derrotar os ataques dos golpistas!


Reproduzimos abaixo teses e propostas defendidas pelos delegados da Folha do Trabalhador e aliados no III Congresso da CSP-Conlutas, ocorrido entre os dias 12 e 15 de outubro em Sumaré. O eixo da luta de nossa delegação composta por combativas oposições sindicais foi a derrota da política da direção majoritária (PSTU e CIA) e o chamado a construção de um novo CONCLAT, Congresso da Classe Trabalhadora, daí o título de nossas tese ser "Por um Congresso da classe trabalhadora para derrotar os ataques dos golpistas!". Foram credenciados 1.953 delegados entre as mais distintas categorias de trabalhadores, movimentos populares, estudantis e contra as opressão. Os delegados de nossa tese a defenderam em plenário, fizeram aprovar nos grupos de trabalho nossas propostas, mas as resoluções vitoriosas foram as do PSTU e seus aliados do bloco majoritário, todavia, com hegemonia menor que nos Congressos anteriores, graças a uma crescente oposição. No Plano de lutas aprovado foi progressivo o chamado a mobilização nacional do dia 10/11 contra as reformas de Temer, inclusive a previdenciária, que pode ser aprovada nesse novembro, e a proposta apresentada pelo Andes de reunião nacional de lutadores sociais para o dia 11/11 no Rio de Janeiro.

Correlação de forças, Golpe e ataques históricos

Consideramos que a classe dominante está fazendo um arrastão contra nossos direitos históricos. Nem a ditadura militar com todas as suas torturas e desaparições de ativistas, nem a ofensiva dos governos neoliberais (Collor, FHC), nem os governos do PT ousaram eliminar nossas conquistas sindicais, previdenciárias e sociais como o atual regime golpista vem fazendo. Os patrões sempre quiseram fazer isso, mas querer não é poder. E por que só agora acreditam que podem? Por que a vanguarda mais consciente da nossa classe perdeu a referência na luta estratégica e revolucionária pelo socialismo desde a queda da União Soviética, porque foram as direções oportunistas que capitalizaram o descontentamento das massas contra a década neoliberal para fazer uma ampla política de conciliação de classes, cooptando, dispersando e desorganizando a vanguarda. Somado a isso, a atual ofensiva midiática e judicial golpista provocou uma perda de confiança das massas no conjunto das direções políticas. Por fim, mas não menos importante, a chantagem do desemprego também tem acuado a nossa classe. Ficamos sem estratégia, desorganizados, divididos e acuados e a burguesia e o imperialismo reuniram condições para dar e Golpe, arrancar tudo que conquistamos com imensa voracidade e iniciar a recolonização escravocrata do Brasil.

Por isso é fundamental fazer uma correta caracterização da situação que estamos vivendo para estabelecer as tarefas correspondentes ao momento da luta. Se não enxergamos a realidade tal como ela é e continuarmos acreditando que estamos ganhando enquanto estamos perdendo, não vamos poder descobrir os erros de nosso time e menos ainda virar o jogo. Aprendemos com Trotsky que “Aqueles que não sabem defender as conquistas já ganhas, nunca poderão conseguir outras novas”. Consideramos que a caracterização de que não houve golpe, que o governo é fraco e a classe está na ofensiva erra perigosamente por superestimar nossas forças e subestimar as do inimigo. E pior, adota uma linha política hostil à frente única, o que debilita ainda mais a nossa resistência contra um inimigo coeso nos ataques como à previdência, por exemplo. Propomos a mais ampla frente única para a defesa dos interesses da classe trabalhadora e a construção paciente de uma nova Greve Geral, por tempo indeterminado e com assembleias de base, contra o fim da aposentadoria (reforma da previdência) e pela revogação do conjunto de medidas como a Emenda Constitucional 95/2016 (antiga PEC55, 241), da contrarreforma do ensino médio e da reforma trabalhista.

Proposta de reorganização e unificação dos trabalhadores

Consideramos que neste mais de um ano de golpe, ficou provado que nossa arma mais eficaz foram os grandes movimentos de massa nas ruas, como a Greve Geral do dia 28 de abril, que retardou a aprovação da reforma da previdência. Será necessário organizar um maior número de trabalhadores para derrotar o regime golpista ultra corrupto e explorador.
A principal tarefa é a reconquista da nossa classe, política e ideologicamente, para a luta contra os capitalistas. Depois de diversas traições que decepcionaram os trabalhadores com as direções tradicionais, precisamos de um novo programa e uma nova abordagem. Um programa que supere tanto a colaboração de classes em seu conteúdo, que favorece ao capital, quanto na sua forma política, “teatral”, instantânea e meramente midiática.

Estamos acostumados a construir eventos que tem fim em si mesmo, como uma convocatória de “greve geral” banalizada, de um dia, cujo o tempo nada tem a ver com a luta pelo alcance da reivindicação. Fazemos atividades sem vínculos com a luta estratégica para a conquista dos objetivos daquela ação, seja a derrota da contrarreforma e do governo ou, mais estrategicamente, a luta pela tomada do poder pela classe trabalhadora. Isso se deve a um fosso existente atualmente entre a grande massa de trabalhadores e a vanguarda relativamente confinada em seus próprio meio social e político. Propomos voltarmos a realizar trabalho de base para reconquistar e reorganizar a população pobre e trabalhadora, com formação política marxista continuada em cada local de trabalho, estudo e moradia.

Na maior parte do tempo a classe dominante controla a sociedade ideologicamente, pela alienação da maioria dos explorados. O aparato repressivo é usado para sistematicamente aterrorizar e acuar, mas na maior parte do tempo, é a sedação ideológica a arma principal de nossos inimigos. Uma parte grande de nossa classe, além de dominada por ideias conservadoras, está intoxicada por um pensamento reacionário. São os pobres de direita, base social de fenômenos bizarros como Dória e Bolsonaro. A disputa pela consciência, secundarizada pelo PT e pela CUT, a luta teórica-ideológica, aliada das lutas políticas e econômicas, é fundamental para emancipação de nossa classe. Precisamos conquistar as novas gerações de jovens trabalhadores com uma pedagogia socialista apropriada e incorporando o seu alto grau de conectividade, um formação capaz de derrotar a intoxicação ideológica anticomunista e a desmoralização que a política do PT e a CUT pavimentaram.

A segunda tarefa essencial do momento exige a reorganização completa da vanguarda sindical. Propomos a reunificação do movimento dos explorados, do movimento sindical, popular e estudantil. Essa tarefa exige vários passos no sentido de ampliar as atividades de frente única de ação, reuniões, encontros regionais e nacionais e uma Congresso, sob as experiências e aprendizados com os acertos e erros dos “Congresso das Classes Trabalhadoras” no início da década de 1980 e em 2010, sem sectarismo e para edificar a mais ampla frente contra os ataques recentes. Para isso é preciso ter em mente que a CSP sozinha não poderia realizar esta tarefa. Propomos assim, apostar na construção dessa frente única de ação com as direções com as quais não temos acordos políticos e programáticos, mas que dirigem a imensa maioria da classe trabalhadora, pois boicotar a unidade de nossa classe é tarefa dos burocratas, a nossa tarefa é a que diz “trabalhadores de todo mundo, uni-vos!”

Contra a escravidão por dívida

Consideramos que todos nós trabalhadores estamos muito endividados. Com o Golpe a situação se agravou e quase dois terços das famílias estão severamente endividadas. Estabeleceu-se uma nova escravidão, a escravidão por dívida de nossa classe para com os bancos e cartões de créditos. Consideramos que são os capitalistas que nos devem, por exemplo, devem muito a previdência, R$ 426 bilhões! Os maiores devedores tributários do Brasil devem R$ 272 bilhões em dívidas (Fonte: Advocacia-Geral da União). Segundo a AGU, o montante equivale a 20% de toda a dívida ativa da União e cobriria o déficit fiscal previsto para este ano (R$ 170 bilhões) com sobre de R$ 82 bilhões. Eles sonegam, esvaziam os cofres estatais, assaltam nossos direitos, como a aposentadoria ou o acesso a saúde e educação públicas e depois privatizam as estatais para continuar o roubo. O governo Temer já perdoou R$ 27 bilhões dos bancos privados (CARF), mais 10 bilhões dos ruralistas (Receita Federal), mais 78 bilhões das empresas (Receita Federal), propomos que a CSP-Conlutas lute pelo cancelamento de todas as dívidas da classe trabalhadora e de suas famílias com os bancos e governos, bem como pela estatização do sistema financeiro, sob o controle dos trabalhadores.

Considerando que:

1. o capitalismo tem destruído a natureza, extinguido várias espécies, adulterado o clima e ao homem, propomos que a CSP encampe a luta contra a degradação da natureza pelo capital e em defesa do meio ambiente;

2. o avanço dos crimes machistas, homofóbicos, racistas e preconceituosos, como parte da escalada da direita, da reação ideológica e do capital por aumentar a exploração dos trabalhadores e ampliar a opressão social sobre o proletariado, propomos que a CSP lute contra todo tipo de opressão e discriminação às mulheres, aos LGBTs, aos negros e às negras, aos indígenas, pessoas com deficiências e aos quilombolas;

3. a precarização, a terceirização e a contrarreforma trabalhista visam super-explorar nossa classe, propomos a luta contra a terceirização e toda forma de precarização do trabalho;

4. o aumento dos ataques aos imigrantes, refugiados, aos povos oprimidos, propomos mais campanhas de solidariedade;

5. a experiência dos governos do PT, de colaboração de classes, que pavimentaram a ascensão dos setores mais reacionários dentre nossos inimigos, propomos que a CSP Conlutas lute por um governo revolucionário dos trabalhadores, rumo ao socialismo;

6. os ataques crescentes à estabilidade, às demissões ilegais de diretores sindicais, as ameaças de intervenção judicial-policial no MST, na UNE, nos sindicatos, propomos que a CSP incremente campanhas de luta contra a criminalização dos movimentos sociais e propomos uma frente única de defesa organizada no movimento sindical contra os ataques patronais, do Estado e da direita fascista e lute pela revogação da lei antiterrortista aprovada no governo Dilma Roussef, lei nº 13.260/2016. Um ataque a um é um ataque a todos!

7. a crise de 2008-2010 nos EUA e Europa provocou uma relativa retração do peso das economias imperialistas sobre o mercado mundial. Outros países capitalistas ocuparam esse espaço, notadamente a China e a Rússia. O império contra-atacou através de ocupações militares diretas ou indiretas (Líbia e Síria), golpes de Estado (Egito, Ucrânia). Na América Latina, continente marcado pelas ditaduras militares recentes, o quintal dos EUA, foi onde os Golpes de Estado assumiram um caráter parlamentar, através de impeachment foram derrubados os governos de Honduras, Paraguai e Brasil. Propomos que a CSP Conlutas combata as políticas de intervenções militares e de Golpe de Estado do imperialismo em todas os países como em Honduras, Paraguai, Brasil, Líbia, Síria, Venezuela, Bolívia sem apoiar politicamente aos governos capitalistas golpeados, chamando uma frente única com todas as direções do movimento de massas, mas lutando por um governo revolucionário dos trabalhadores.

8. a burocracia sindical tem sido um enorme obstáculo para a luta unificada da classe contra o capital, propomos a luta por sindicatos classistas, combativos, revolucionários e independentes, contra a política de colaboração de classes e com ativa participação da base.


10 – Que os aparatos ideológicos das classes dominantes entorpecem ampliam a alienação e dominação de nossa classe, que no Brasil esses aparatos são hipertrofiados, como a Rede Globo, por exemplo, Propomos que a CSP impulsione a criação de uma rede de comunicação e formação política da classe trabalhadora juntamente com as outras centrais, movimentos sociais, etc. e retome a bandeira histórica da estatização e democratização, sob o controle dos trabalhadores dos meios de comunicação e do ensino;