Escócia - uma
obra em progresso
Balanço do
referendo escocês na perspectiva dos trabalhadores
David
Dinsmore - Scottish Republican Socialist Movement / SRSM
"A separação
da Escócia é parte do processo de desintegração do império britânico
e é uma
ajuda para o triunfo final dos trabalhadores do mundo."
John MacLean
A Liga Comunista publica na íntegra a carta que
nos enviou o camarada David Dinsmore, membro do Scottish Republican Socialist Movement / SRSM
(Movimento pela República Socialista da Escócia, em português).
Sindicalistas pela independência, YES, por uma República Operária da Escócia e pela Solidariedade Internacional |
A
Escócia votou pelo “NO” – Dizem, bem aliviados, os partidos tradicionais de
Westminster (o governo central em Londres) Labour/Liberais/Conservadores –
partidos elitistas, dos banqueiros (sim – a maioria dos membros da oposição, do
Partido Laborista, são milionários, educados em escolas e faculdades privadas,
pertencentes as elites).
O
voto “NO”, também contou com o apoio do UKIP – um partido de extrema direita e
racista – e que chegou em primeiro lugar nas últimas eleições (para o Parlamento
Europeu) na Inglaterra, enquanto na Escócia, ficaram apenas em quarto lugar. Também
defendeu o “NO”, o British National Party e outros grupos abertamente
fascistas, estes últimos, quase inexistente na Escócia. E por fim o 'Orange
Lodge' (um grupo de extrema direta, protestante, a favor do imperialismo britânico,
ativo no norte de Irlanda e Escócia, conhecido como Ordem de Orange), do qual,
vou falar mais tarde.
O
“NO” também contou com o apoio sistemático da BBC (que e supostamente seria
imparcial) e das maiores outras redes de televisão privada. A imprensa, jornais
diários Britânicos e Escoceses a venda na Escócia, 37 ao total, fizeram
campanha pelo “NO”! Nenhum deles ficou a favor do “YES”. Só o Sunday Herald, um
periódico semanal (que vende menos que 30.000 exemplares) apoiou o “YES”.
A
campanha pelo “YES” foi liderada pelo governo da Escócia – o Scottish National
Party (o Partido Nacional Escocês, que apesar do nome, é de centro esquerda) em
aliança com os Verdes e os Socialistas. Mas, o que era bem mais importante, com
uma base popular enorme: as mulheres para independência, o Scottish CND
(Campanha para o desarmamento de Escócia), Asiáticos pela independência, Africanos
para independência, Ingleses para independência – movimentos gays, de escritores,
atores e muitos mais. O “YES” também teve o apoio de membros individuais e
setores de esquerda do próprio Partido Laborista e sindicalistas individuais e
finalmente, o importantíssimo RMT (o sindicato dos trabalhadores de transporte),
o único a permitir que seus próprios sócios votassem para decidir qual seria a
posição do Sindicato no referendo.
Para
nos comunistas, e outros da esquerda, a independência não e o fim da história,
mas o começo de uma nova fase na luta pela libertação nacional da Escócia e
pelo socialismo em escala nacional e internacional. Reconhecemos os limites do
SNP, não confiamos em sua política burguesa, fizemos uma frente única com o SNP pelo SIM, mas compreendemos
que a completa libertação da Escócia somente será possível pela revolução
social e pelo estabelecimento de uma república socialista na Escócia, mas neste
momento não podemos negar a luta para autodeterminação da Escócia, o que seria negar
no momento a luta para socialismo.
Para
o partido Laborista na Escócia, a 'vitória' do “NO” está parecendo mais como uma
grande derrota. Talvez seja o fim deles como uma força política. O “YES” ganhou
em Red Clydeside (na grande Glasow, a maior cidade industrial e sua região metropolitana)
com um grande movimento histórico radical e revolucionário. O “YES” também ganhou
em Dundee, a segunda maior cidade operária e industrial de Escócia também.
Coluna do
SRSM na marcha por John MacLean
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Como
Londres quase conseguiu perder a Escócia? Por muito pouco, pouquíssimo a Grã Bretanha
já era hoje!
Claro,
muita gente, como eu, queria e acreditava que este dia já deveria ter chegado
há muito tempo. Mas muitas pessoas, principalmente da classe trabalhador e dos
setores da população mais carentes queriam falar BASTA!
Primeiro,
o Partido Laborista – um partido fundado (principalmente) por Keir Hardie – um escocês
que era também a favor de um nível de autonomia que chegava próximo a
independência. Um homem que admirava e se baseava, em grande parte, nas teorias
de Marx. Este mesmo partido, com a chegada de Tony Blair e Gordon Brown
completou sua metamorfose (já um processo que durava décadas) que resultou no
partido de centro direita de hoje. O laborismo hoje é uma versão diet dos Partido
Conservador (como se diz aqui: 'diet Conservative Party').
Em
termos Brasileiros, eu diria que o laborismo hoje pode ser comparado ao PTB do
Brasil. Eles eram o poder institucional. Eles achavam e agiam como algum cartel
que controlava totalmente a classe trabalhadora. Mas apesar de perderem para o
SNP nas eleições legislativas do parlamento Escocês a partir de 2007, eles continuaram
nem se lixando para a questão escocesa. Então, em 2011 o SNP não só ganhou de
novo, mas ganhou uma maioria absoluta (algo considerado impossível no sistema
proporcional parlamentar) e finalmente, podia agora pressionar pela realização
do plebiscito em favor da independência, acontecimento que os partidos
Britânicos pensavam ser impossível!
Bom,
aqui estamos 3 anos mais tarde. Nas ultimas semas de uma campanha no qual o “NO”
usou de todas as táticas para criar medo no povo: Vocês não poderão usar a
libra esterlina (para mim – e daí?)! Vocês Escoceses não são capazes de
governar o seu próprio pais! A Rússia vai invadir vocês, se não tiverem a
proteção do Exército Britânico (é sério! realmente escutei esta burrice). Os banqueiros
ameaçando sair de Escócia (oh please!).
Todos
os mísseis nucleares britânicos e os submarinos que os carregam estão na
Escócia e o “YES” quer expulsá-los. Sobre isso, a campanha pelo “NO” argumentava
também que sem os misseis, o desemprego local iria aumentar. Eu poderia escrever páginas e páginas acerca das
mentiras mais burras que o “NO” usou nos últimos dias.
A
campanha do “NO” - chegou a ser conhecida como “Campaign Fear” (Campanha de
medo). Até eles mesmos reconheciam isto. Oficialmente o nome da campanha era “Better
Together” (Melhor Juntos). Mas pela negatividade total dessa campanha a gente
chamava eles de “Bitter Together” (amargamente juntos). Como não tinha uma base
popular eles começaram usar a Orange Order – um grupo de direitistas/fascistas
que defende o unionismo, a unidade do Estado Britânico a mesma organização que combate a luta de nossos camaradas irlandeses pela independência
de irlanda no norte em relação a Grã Bretanha.
Escrito do Oeste de Escócia – Glasgow,
Red Clydeside, onde John MacLean, o Embaixador de Lenin e Presidente de Honra do
Primeiro Congresso Soviético da Rússia, queria fundar uma Escócia comunista e
independente, aqui o povo já não vai mais voltar para atrás. Hasta la Victoria
Siempre!
David Dinsmore
http://www.scottishrepublicansocialistmovement.org/
David Dinsmore
http://www.scottishrepublicansocialistmovement.org/
facebook.com/davidjohn.dinsmore - escoces21@hotmail.co.uk