Marcos
Silva, Folha do Trabalhador - RJ
Durante
o primeiro turno das eleições, fizemos uma campanha pelo voto nulo
ou nas candidaturas do PCO (Rio, São Paulo e Belo Horizonte). Após
o primeiro turno ficou bem evidente o que já era esperado: a derrota
de conjunto de todas as candidaturas dos partidos de esquerda, com o
menor número de votos e grande crescimento dos votos nulos e de
partidos clássicos da direita como PSDB e DEM. Essa situação foi
consequência do golpe contra o PT e do acovardamento de sua direção
e da direção da CUT, durante o processo que culminou no golpe.
Nunca houve uma eleição com tantas regras eleitorais com o objetivo
de cercear a liberdade política como agora, com toda a fiscalização
do TRE sobre os partidos de esquerda. Mas a derrota mais evidente foi
que as bancadas evangélicas fundamentalistas cresceram
assustadoramente nas câmaras municipais em todas as cidades,
principalmente nas capitais Rio e São Paulo.
No
Rio, Marcelo Crivella do PRB (Partido da Igreja Universal do Reino de
Deus, IURD) vai para o segundo turno contra Marcelo Freixo do
PSOL-PCB, e não está sozinho. Crivella uniu consigo todo um
espectro da direita mais reacionária e anti-popular que existe.
Crivella é sobrinho de Edir Macedo. E sendo um pastor e parlamentar
diretamente do clã do dono da IURD, conseguiu inclusive unir as
igrejas evangélicas mais fundamentalistas em torno de sua
candidatura, através do apoio de figuras execráveis e odiosas como
pastor Silas Malafaia (PSC-Assembleia de Deus), Garotinho
(PR-Assembleia de Deus) e Bolsonaro (PSC-Assembléia de Deus), além
do apoio das Máfias das Milícias da Zona Oeste e Norte do Rio.
Se vencer, Crivella fará do Rio a primeira grande capital do Brasil
governada pela Frente Fundamentalista da Igrejas. Será um grande
passo para a consolidação do projeto de poder das Igrejas
Evangélicas Fundamentalistas, em especial a Universal e a Assembleia
de Deus, denominações que hoje já se encontram em cargos chaves
nos ministério do governo golpista de Michel Temer. Escrevemos
alertando sobre isso já em 2009, quando parte da FCT de hoje havia
acabado de fundar o Coletivo Lenin no Rio de Janeiro após a saída
do PSTU em 2008.O Rio é a chave para essas denominações se alçarem ao poder em
condições de até mesmo disputar a presidência em 2018.
CRIVELLA
E IGREJA UNIVERSAL NA ESCALADA PELO PODER
Crivella
já mostrou como a Igreja Universal é capaz de influir na política
nacional de forma nefasta. Como aliado de Lula, conseguiu apoio para
seu projeto eleitoreiro "Cimento Social" no Morro da
Providência no Rio, inclusive conseguindo apoio militar do Exército
para implementação de seu "projeto social beneficente",
que resultou em 2008 na tortura e morte de 3 moradores da comunidade.
Este "apoio" do Exército patrocinado por Crivella foi o
embrião legal para militarização das maiores e principais favelas
do Rio, de 2009 a 2014.
No Governo de Dilma conseguiu influência para ganhar um Ministério, o Ministério da Pesca (separado da Agropecuária para atender aos anseios da Universal).
No Governo de Dilma conseguiu influência para ganhar um Ministério, o Ministério da Pesca (separado da Agropecuária para atender aos anseios da Universal).
Também
foi responsável, como aliado do governo Dilma, pela criação da Lei
de Anti-terrorismo, que passou a vigorar um pouco antes das
Olimpíadas no Rio. Esta Lei é o maior ataque à liberdade
organização política desde a Ditadura Empresarial-Militar, e a lei
taxa até mesmo manifestações de rua ou organizações de
movimentos sociais com ocupações de prédios públicos ou privados
como ameaças terrorista, colocando todas as organizações políticas
populares, como MST, MTST, UNE, UBES, CIMI, CUT como possíveis alvos
de caçada macartista neste atual governo golpista de Michel Temer.
Esteve no Governo Dilma até os 45 minutos do segundo tempo, quando
um dia antes da votação do Impeachment saiu do governo e orientou
que toda a bancada do PRB votasse pelo impeachment, traindo o PT, e
ganhando em troca um ministério muito mais importante no governo
golpista de Michel Temer: O Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior, colocando o pastor Marcos Pereira
(PRB-Universal) na pasta.
FALANGES FUNDAMENTALISTAS NO BOPE E NA PM, MILÍCIAS
PARA-MILITARES DA IURD, OS "GLADIADORES DO ALTAR"; E
OS ATAQUES AOS INFIÉIS DO CANDOMBLÉ, ESPIRITISMO, ATEÍSMO,
CRISTIANISMO E AOS GAYS
Muito
se fala da expressão político partidária dos neopentecostais,
fundindo religião e política, mas pouca atenção se dá a fusão
entre a bancada da bala e da bíblia, da religião com o aparato
repressivo policial e da criação do próprio aparato paramilitar
miliciano. A IURD possui núcleos organizados ativos no BOPE, a
“Tropa do Louvor”, e os “PMs de Cristo” que "exorcizam” as
vítimas que caem nas garras deste setor da polícia, que também
serve como cabos eleitoral ativo dos candidatos da igreja.
Além
desses, em 2015 vem a público de forma ostensiva que a IURD havia
criado no Brasil, Argentina, Peru e Colômbia grupos paramilitares
autodenominados "Gladiadores do Altar", com gestos
militares e fardas pardas que lembram as SA nazistas e o Estado Islâmico. Apesar de alguns
críticos contemporizarem alegando que isto é somente marketing de
Edir Macedo para atrair jovens, não se deve desprezar este tipo de
movimento em momentos de reação e consolidação de um regime
golpista e contrarrevolucionário no país.
.
Só no Brasil, essas milícias da IURD totalizavam em 2015 mais e 4
mil membros. Diante da aversão que causou a partir das imagens
divulgadas pela tropa fundamentalista nos cultos, os GA foram
sumidos. Não se sabe se continuam sendo treinados clandestinamente
ou não. O que é fato é que a intolerância religiosa e as
campanhas de ódio nos cultos cresceram assim como os ataques
físicos. No Rio, 71% do total de agressões são contra às
religiões de matrizes africanas. Todas as semanas um terreiro é
atacado, queimado e as vezes seus participantes, inclusive crianças,
são agredidos ou mortos. Entre julho de 2012 e dezembro de 2014
foram quase mil pessoas foram vítimas de intolerância religiosa, o
que dá uma média de quase três por dia.
Mas,
também existem, em menor escala ataques contra paróquias da Igreja
Católica, assassinato de espíritas e violação de seus centros,
ataques a ateus e gays. Esses ataques resultam sempre e destruição
de patrimônio cultural, as vezes de valor incalculável, como das
obras barrocas históricas de mais de 300 anos em Minas Gerais. Essa
guerra santa contra os infiéis já causam traumas físicos e
psicológicos as vezes contra crianças, como foi o caso da menina de 11 anos apedrejada em 2015 no Rio, simplesmente por usar roupas
brancas do candomblé.
Com
a criação dessas milícias para-militares, a Igreja Universal e
outras igrejas fundamentalistas passaram a coordenar e organizar numa
escala muito maior as perseguições contra terreiros e centros
espíritas. Essas milícias fundamentalistas são os embriões de um
exército particular de suporte na escalada dos líderes das Igrejas
na conquista do poder político no país, são um embrião de um
Regime Fascista de um Estado Evangélico Fundamentalista.
Por toda a ameaça que representa ao movimentos sociais e a para a
liberdade de organização política dos trabalhadores, não só no
Rio, mas em todo Brasil, o golpista Crivella e seus execráveis aliados das
Igrejas Evangélicas Fundamentalista devem ser derrotados nas ruas e
nas comunidades do Rio de Janeiro, para isso é necessário que a
movimento de esquerda no Rio volte a adentrar os espaços sociais das
favelas e comunidades, abandonados pelo PT, e hoje dominados pelas
Igrejas Evangélicas Fundamentalistas.
Enquanto
o PT e PCdoB pavimentaram a ascensão do fundamentalismo com sua
política de conciliação com o próprio, a candidatura de Freixo
também não se oferece como instrumento de resistência das massas a
altura dessa ofensiva nem no terreno religioso e muito menos no
terreno de classes. Mas, não somos daqueles cuja declaração formal
de apoio a Freixo mais justificam o voto nulo. Sem atenuar nossas
profundas diferenças políticas, programáticas e ideológicas com PSOL e PCB e sua candidatura a prefeitura do Rio, apresentaremos a conta geral no balanço
das eleições depois do dia 30 de Outubro. Agora, chamamos os
trabalhadores do Rio a votarem em Marcelo Freixo no segundo turno das
eleições municipais no Rio, porque não podemos renunciar nem nos
abstemos de nenhuma batalha no terreno da consciência ou da luta
política contra a consolidação da teocracia fundamentalista de
Crivella e seus aliados.