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domingo, 16 de outubro de 2016

VOTAR EM FREIXO CONTRA A DITADURA FUNDAMENTALISTA

Votar em Freixo contra a consolidação da ditadura fundamentalista evangélica das igrejas de Crivela, Malafaia, Bolsonaro e Garotinho!
Marcos Silva, Folha do Trabalhador - RJ
Durante o primeiro turno das eleições, fizemos uma campanha pelo voto nulo ou nas candidaturas do PCO (Rio, São Paulo e Belo Horizonte). Após o primeiro turno ficou bem evidente o que já era esperado: a derrota de conjunto de todas as candidaturas dos partidos de esquerda, com o menor número de votos e grande crescimento dos votos nulos e de partidos clássicos da direita como PSDB e DEM. Essa situação foi consequência do golpe contra o PT e do acovardamento de sua direção e da direção da CUT, durante o processo que culminou no golpe. Nunca houve uma eleição com tantas regras eleitorais com o objetivo de cercear a liberdade política como agora, com toda a fiscalização do TRE sobre os partidos de esquerda. Mas a derrota mais evidente foi que as bancadas evangélicas fundamentalistas cresceram assustadoramente nas câmaras municipais em todas as cidades, principalmente nas capitais Rio e São Paulo.

No Rio, Marcelo Crivella do PRB (Partido da Igreja Universal do Reino de Deus, IURD) vai para o segundo turno contra Marcelo Freixo do PSOL-PCB, e não está sozinho. Crivella uniu consigo todo um espectro da direita mais reacionária e anti-popular que existe. Crivella é sobrinho de Edir Macedo. E sendo um pastor e parlamentar diretamente do clã do dono da IURD, conseguiu inclusive unir as igrejas evangélicas mais fundamentalistas em torno de sua candidatura, através do apoio de figuras execráveis e odiosas como pastor Silas Malafaia (PSC-Assembleia de Deus), Garotinho (PR-Assembleia de Deus) e Bolsonaro (PSC-Assembléia de Deus), além do apoio das Máfias das Milícias da Zona Oeste e Norte do Rio.
Se vencer, Crivella fará do Rio a primeira grande capital do Brasil governada pela Frente Fundamentalista da Igrejas. Será um grande passo para a consolidação do projeto de poder das Igrejas Evangélicas Fundamentalistas, em especial a Universal e a Assembleia de Deus, denominações que hoje já se encontram em cargos chaves nos ministério do governo golpista de Michel Temer. Escrevemos alertando sobre isso já em 2009, quando parte da FCT de hoje havia acabado de fundar o Coletivo Lenin no Rio de Janeiro após a saída do PSTU em 2008.O Rio é a chave para essas denominações se alçarem ao poder em condições de até mesmo disputar a presidência em 2018.
CRIVELLA E IGREJA UNIVERSAL NA ESCALADA PELO PODER
Crivella já mostrou como a Igreja Universal é capaz de influir na política nacional de forma nefasta. Como aliado de Lula, conseguiu apoio para seu projeto eleitoreiro "Cimento Social" no Morro da Providência no Rio, inclusive conseguindo apoio militar do Exército para implementação de seu "projeto social beneficente", que resultou em 2008 na tortura e morte de 3 moradores da comunidade. Este "apoio" do Exército patrocinado por Crivella foi o embrião legal para militarização das maiores e principais favelas do Rio, de 2009 a 2014.
No Governo de Dilma conseguiu influência para ganhar um Ministério, o Ministério da Pesca (separado da Agropecuária para atender aos anseios da Universal).
Também foi responsável, como aliado do governo Dilma, pela criação da Lei de Anti-terrorismo, que passou a vigorar um pouco antes das Olimpíadas no Rio. Esta Lei é o maior ataque à liberdade organização política desde a Ditadura Empresarial-Militar, e a lei taxa até mesmo manifestações de rua ou organizações de movimentos sociais com ocupações de prédios públicos ou privados como ameaças terrorista, colocando todas as organizações políticas populares, como MST, MTST, UNE, UBES, CIMI, CUT como possíveis alvos de caçada macartista neste atual governo golpista de Michel Temer.
Esteve no Governo Dilma até os 45 minutos do segundo tempo, quando um dia antes da votação do Impeachment saiu do governo e orientou que toda a bancada do PRB votasse pelo impeachment, traindo o PT, e ganhando em troca um ministério muito mais importante no governo golpista de Michel Temer: O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, colocando o pastor Marcos Pereira (PRB-Universal) na pasta.
FALANGES FUNDAMENTALISTAS NO BOPE E NA PM, MILÍCIAS PARA-MILITARES DA IURD, OS "GLADIADORES DO ALTAR"; E OS ATAQUES AOS INFIÉIS DO CANDOMBLÉ, ESPIRITISMO, ATEÍSMO, CRISTIANISMO E AOS GAYS
Muito se fala da expressão político partidária dos neopentecostais, fundindo religião e política, mas pouca atenção se dá a fusão entre a bancada da bala e da bíblia, da religião com o aparato repressivo policial e da criação do próprio aparato paramilitar miliciano. A IURD possui núcleos organizados ativos no BOPE, a “Tropa do Louvor”, e os “PMs de Cristo” que "exorcizam” as vítimas que caem nas garras deste setor da polícia, que também serve como cabos eleitoral ativo dos candidatos da igreja.
Além desses, em 2015 vem a público de forma ostensiva que a IURD havia criado no Brasil, Argentina, Peru e Colômbia grupos paramilitares autodenominados "Gladiadores do Altar", com gestos militares e fardas pardas que lembram as SA nazistas e o Estado Islâmico. Apesar de alguns críticos contemporizarem alegando que isto é somente marketing de Edir Macedo para atrair jovens, não se deve desprezar este tipo de movimento em momentos de reação e consolidação de um regime golpista e contrarrevolucionário no país.
. Só no Brasil, essas milícias da IURD totalizavam em 2015 mais e 4 mil membros. Diante da aversão que causou a partir das imagens divulgadas pela tropa fundamentalista nos cultos, os GA foram sumidos. Não se sabe se continuam sendo treinados clandestinamente ou não. O que é fato é que a intolerância religiosa e as campanhas de ódio nos cultos cresceram assim como os ataques físicos. No Rio, 71% do total de agressões são contra às religiões de matrizes africanas. Todas as semanas um terreiro é atacado, queimado e as vezes seus participantes, inclusive crianças, são agredidos ou mortos. Entre julho de 2012 e dezembro de 2014 foram quase mil pessoas foram vítimas de intolerância religiosa, o que dá uma média de quase três por dia.
Mas, também existem, em menor escala ataques contra paróquias da Igreja Católica, assassinato de espíritas e violação de seus centros, ataques a ateus e gays. Esses ataques resultam sempre e destruição de patrimônio cultural, as vezes de valor incalculável, como das obras barrocas históricas de mais de 300 anos em Minas Gerais. Essa guerra santa contra os infiéis já causam traumas físicos e psicológicos as vezes contra crianças, como foi o caso da menina de 11 anos apedrejada em 2015 no Rio, simplesmente por usar roupas brancas do candomblé.
Com a criação dessas milícias para-militares, a Igreja Universal e outras igrejas fundamentalistas passaram a coordenar e organizar numa escala muito maior as perseguições contra terreiros e centros espíritas. Essas milícias fundamentalistas são os embriões de um exército particular de suporte na escalada dos líderes das Igrejas na conquista do poder político no país, são um embrião de um Regime Fascista de um Estado Evangélico Fundamentalista.
Por toda a ameaça que representa ao movimentos sociais e a para a liberdade de organização política dos trabalhadores, não só no Rio, mas em todo Brasil, o golpista Crivella e seus execráveis aliados das Igrejas Evangélicas Fundamentalista devem ser derrotados nas ruas e nas comunidades do Rio de Janeiro, para isso é necessário que a movimento de esquerda no Rio volte a adentrar os espaços sociais das favelas e comunidades, abandonados pelo PT, e hoje dominados pelas Igrejas Evangélicas Fundamentalistas.
Enquanto o PT e PCdoB pavimentaram a ascensão do fundamentalismo com sua política de conciliação com o próprio, a candidatura de Freixo também não se oferece como instrumento de resistência das massas a altura dessa ofensiva nem no terreno religioso e muito menos no terreno de classes. Mas, não somos daqueles cuja declaração formal de apoio a Freixo mais justificam o voto nulo. Sem atenuar nossas profundas diferenças políticas, programáticas e ideológicas com PSOL e PCB e sua candidatura a prefeitura do Rio, apresentaremos a conta geral no balanço das eleições depois do dia 30 de Outubro. Agora, chamamos os trabalhadores do Rio a votarem em Marcelo Freixo no segundo turno das eleições municipais no Rio, porque não podemos renunciar nem nos abstemos de nenhuma batalha no terreno da consciência ou da luta política contra a consolidação da teocracia fundamentalista de Crivella e seus aliados.