TRADUTOR

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

FURACÃO MATTHEW

Não é a natureza, é o capitalismo

Imagem aérea da cidade de Jeremie, no oeste do Haiti,
devastada pelo furacão Matthew (Foto: Nicolas Garcia / AFP)
Nos dias 7-8 de outubro, o furacão Mattew passou pelo Haiti e EUA. No país mais rico do planeta, o fenômeno fez cerca de duas dezenas de vítimas, no mais pobre do continente, deixou mais de mil pessoas mortas e outras 30 mil desabrigadas. Acaso? Não. Satélites, institutos meteorológicos avançados permitiram aos EUA prever e mensurar a força da natureza, com a evacuação de 500 mil pessoas das áreas de riscos para refúgios. Ainda que a pobreza tenha crescido muito nos últimos 40 anos, em termos gerais, a população dos EUA possui melhores condições para proteger-se. 

O Haiti é hoje o país mais pobre e destroçado da América. Já era antes do furacão e todos os sofrimentos infringidos ao Haiti soam como uma punição exemplar. A dominação imperialista, ditaduras militares, Golpes de Estado, ocupações militares estrangeiras (da qual o Brasil faz parte por mais de uma década), empobreceram o país que no início do século XIX ousou realizar a primeira revolução negra da história. Nem terremoto nem furacão, o Haiti é hoje punido pela revolução negra.

A dupla opressão imperialista fragilizou o Haiti ao extremo diante da fome, epidemias, terremotos e furacões. O Mattew atingiu os EUA com a força das categorias 3, 2 e 1 (em uma escala que vai até 5), meio milhão de pessoas foram evacuadas. No Haiti, onde o furacão chegou na categoria 4, a maioria da população nem sequer foi avisada da catástrofe que se aproximava. No país caribenho, as diferenças entre as moradias, entre casas de alvenarias e casebres de palhas, foram fundamentais para definir quem iria morrer, e quem poderia escapar na zona mais atingida do país.

DEFESA DO PLANETA E COMUNISMO

O homem é um integrante da natureza. Mas a relação entre o homem e a natureza é condicionada pelas relações entre os homens. As ferramentas desenvolvidas pelo trabalho humano ao longo da história (tecnologia, vestimenta, meios de transporte, habitação) atenuam sua fragilidade. As classes dominantes na sociedade humana controlam as ferramentas. A humanidade já atingiu um estagio tecnológico capaz de se antecipar aos desastres naturais e deles se proteger. Mas o capitalismo segrega quem dentre os humanos pode gozar desse patrimônio da cultura humana da maioria que dele são expropriados. Inclusive, e cada vez mais no atual estágio de superexploração do homem pelo homem e da natureza pelo capital que vivemos, a superexploração da natureza cria distúrbios no planeta e desastres que sacrificam o presente da fração mais pobre da humanidade e o futuro do planeta de conjunto.

Mais do que pequenas ações individuais ou da solidariedade assistencial para remediar as consequências de desastres como esse, a salvação da humanidade e do planeta e dependem da unidade dos trabalhadores do campo, da cidade e do mar e da expropriação de todo capital, para que todas as forças produtivas sejam colocadas sob controle e a serviço da maioria da humanidade e da preservação do planeta onde vivemos.

Todo trabalhador se pergunta: Por que os pobres são as maiores vítimas dos desastres? As vezes, é a religião que responde com fatalismo e justificação da dominação de classes. Mas, os trabalhadores mais conscientes sabem que na fonte de seu "vale de lágrimas" está a exploração dos patrões.

Em todos os desastres, naturais ou nem tanto, acidentes, desabamentos, terremotos, enchentes, incêndios, furacões, epidemias, é sempre a população trabalhadora e pobre a principal vítima. O capitalismo a vulnerabiliza, lhes impede de possuir as mínimas condições dignas de existência. Apesar de todos os avanços da humanidade, a parcela mais pobre segue sendo exposta a um modo de vida inseguro, cada vez mais frágil, bárbaro e insano. A culpe não é da natureza, é do capitalismo. Assim como a crise ambiental não é provocada pelo homem, mas também pelo capitalismo. Estamos plenamente de acordo com a a Plataforma política de nossos irmãos do Socialist Fight britânico quando afirmam:
“Somos totalmente contra a concepção de que foi o homem quem provocou a mudança climática e a degradação da biosfera, que é causada pela anarquia da produção capitalista para dar lucros as empresas transnacionais. A catástrofe ecológica não é "pior que a dominação imperialista", mas consequência do imperialismo. De modo que ao combater a ameaça da catástrofe ecológica, nós devemos redobrar os nossos esforços para avançar a luta pela revolução mundial contra o imperialismo e o capitalismo.”

A TRAGÉDIA DO HAITI SÃO HOJE
A OCUPAÇÃOO CAPITALISMO E O IMPERIALISMO

Esse desastre deve aumentar nossa solidariedade como trabalhadores brasileiros aos nossos irmãos haitianos. Devemos lutar para que os que vem morar no Brasil gozem de plenos direitos civis, democráticos e trabalhistas. E ajudar os que ficaram a retomar o caminho que o bravo povo haitiano um dia ensinou ao mundo, o da revolução dos escravos negros. Desta vez, pelo fim da ocupação estrangeira da qual vergonhosamente o Brasil faz parte, lutar contra o imperialismo estadunidense, contra o capitalismo, por uma nova revolução social proletária e negra no Haiti.