Por que a Frente Comunista dos Trabalhadores
não irá à "marcha nacional" do dia 18/09/2015
não irá à "marcha nacional" do dia 18/09/2015
Para o dia 18 de setembro está sendo convocada uma "marcha
nacional", tendo como mote a união de forças contra o "governo do PT,
o PMDB e o PSDB", contra o ajuste e fiscal e por uma "alternativa
classista" (1). A marcha, que tem sido divulgada como supostamente dos
"trabalhadores e trabalhadoras", em verdade é puxada pelo amplo
espectro, que vai da esquerda pequeno-burguesa a partidos explicitamente de
direita, como o Pátria Livre (o ex-MR8, que saiu do PMDB para ingressar na
oposição de direita), com tal confusão de pautas que o PCB chega a afirmar que
a marcha é uma "luta contra o capitalismo, seus governantes e
representantes" (2).
A tal marcha não é contra o capitalismo, por mais que tergiverse e se
fale em Cunha, Levy, ajuste fiscal, PSDB, etc., na verdade, os beneficia, pondo
água no moinho da direita golpista defendendo o impeachment, o golpe
parlamentar para derrubar Dilma. Nesse sentido, essa "marcha nacional dos
trabalhadores e trabalhadoras" conflui em objetivo com o que há de mais
atrasado no cenário político nacional –os mesmos PSDB e Cunha que a esquerda
pequeno-burguesa diz combater–, que, por sua vez, está alinhado com o
imperialismo estadunidense em sua brutal investida contra os povos do planeta.
O Brasil, ainda que sob o governo petista, é um dos alvos dessa investida, por
seu papel no Mercosul, BRICS, sua política externa, enfim, por tudo aquilo que,
mesmo sob o PT, mostra uma relativa autonomia frente a Washington.
Nós da Frente Comunista dos Trabalhadores em momento algum capitulamos
ao PT ou ao governo Dilma que tem a ilusão que poderá evitar o Golpe
capitulando em toda a linha e atacando os trabalhadores como agora com o
Pacotão, ao contrário dos pelegos que envergonham e desmoralizam a esquerda
brasileira. Todavia, estamos cientes de que a derrubada do PT, hoje, alçará ao
poder não a classe trabalhadora, não a "alternativa classista" do
PSTU e sim setores ainda piores que o PT, que implementarão a agenda neoliberal
em escala inaudita. É por isso que não nos somamos à "marcha
nacional" da esquerda pequeno-burguesa que, incapaz de fazer a análise
concreta da situação concreta, como predicara Lênin, pratica um esquerdismo
funcional à direita e ao imperialismo e vai se distanciando mais e mais das
massas.
O PSTU e PSOL aliam-se à direita na defesa do impeachment, na ilusão
cretina de tirar uma casquinha da onda golpista, adornando-a com suas bandeiras
e siglas "de esquerda" e do esquálido setor sindical que dirigem, o
qual apresentam como sendo "os trabalhadores" em sua manifestação
independente dos dois blocos burgueses, a terceira via. Todavia, os últimos 6
meses de ascenso da direita são um ensaio do que vem por aí contra a esquerda.
A reforma política do golpista Eduardo Cunha praticamente cassou os direitos
políticos dos partidos de esquerda, incluindo o PSOL que foi cúmplice da
cassação dos direitos ao fundo partidário e à TV do PSTU, PCB e PCO.
Chamar o "Fora Dilma" na atual conjuntura, portanto, é
marchar não com os trabalhadores e trabalhadoras, mas com a direita e com a
reação interna e externa. Nós, ao contrário, que temos as lições dos clássicos
na cabeça, evocamos o método de Trotsky quando diz, em "Uma Vez Mais: A
União Soviética e Sua Defesa", que "Stálin derrubado pelos
trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stálin eliminado pelos
imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa". Apesar de dirigirem
governos e partidos com caráter de classe distintos, substituamos Stálin por
Dilma e veremos como jamais uma consigna foi tão atual.
Notas
(1) "Um chamado ao PSOL e ao MTST: Por que não unimos forças para
lutar contra o Governo do PT, o PMDB e o PSDB?". No sítio do PSTU-
http://www.pstu.org.br/node/21700
(2) "Marcha Nacional dia 18/09: unidade na luta contra o
capitalismo, seus governantes e representantes". No sítio do PCB-
http://pcb.org.br/portal2/9346