sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PSTU ALIA-SE AO PPL NA DEFESA DO GOLPE PARLAMENTAR

Por que a Frente Comunista dos Trabalhadores
não irá à "marcha nacional" do dia 18/09/2015
  
Para o dia 18 de setembro está sendo convocada uma "marcha nacional", tendo como mote a união de forças contra o "governo do PT, o PMDB e o PSDB", contra o ajuste e fiscal e por uma "alternativa classista" (1). A marcha, que tem sido divulgada como supostamente dos "trabalhadores e trabalhadoras", em verdade é puxada pelo amplo espectro, que vai da esquerda pequeno-burguesa a partidos explicitamente de direita, como o Pátria Livre (o ex-MR8, que saiu do PMDB para ingressar na oposição de direita), com tal confusão de pautas que o PCB chega a afirmar que a marcha é uma "luta contra o capitalismo, seus governantes e representantes" (2).


A tal marcha não é contra o capitalismo, por mais que tergiverse e se fale em Cunha, Levy, ajuste fiscal, PSDB, etc., na verdade, os beneficia, pondo água no moinho da direita golpista defendendo o impeachment, o golpe parlamentar para derrubar Dilma. Nesse sentido, essa "marcha nacional dos trabalhadores e trabalhadoras" conflui em objetivo com o que há de mais atrasado no cenário político nacional –os mesmos PSDB e Cunha que a esquerda pequeno-burguesa diz combater–, que, por sua vez, está alinhado com o imperialismo estadunidense em sua brutal investida contra os povos do planeta. O Brasil, ainda que sob o governo petista, é um dos alvos dessa investida, por seu papel no Mercosul, BRICS, sua política externa, enfim, por tudo aquilo que, mesmo sob o PT, mostra uma relativa autonomia frente a Washington.

Nós da Frente Comunista dos Trabalhadores em momento algum capitulamos ao PT ou ao governo Dilma que tem a ilusão que poderá evitar o Golpe capitulando em toda a linha e atacando os trabalhadores como agora com o Pacotão, ao contrário dos pelegos que envergonham e desmoralizam a esquerda brasileira. Todavia, estamos cientes de que a derrubada do PT, hoje, alçará ao poder não a classe trabalhadora, não a "alternativa classista" do PSTU e sim setores ainda piores que o PT, que implementarão a agenda neoliberal em escala inaudita. É por isso que não nos somamos à "marcha nacional" da esquerda pequeno-burguesa que, incapaz de fazer a análise concreta da situação concreta, como predicara Lênin, pratica um esquerdismo funcional à direita e ao imperialismo e vai se distanciando mais e mais das massas.

O PSTU e PSOL aliam-se à direita na defesa do impeachment, na ilusão cretina de tirar uma casquinha da onda golpista, adornando-a com suas bandeiras e siglas "de esquerda" e do esquálido setor sindical que dirigem, o qual apresentam como sendo "os trabalhadores" em sua manifestação independente dos dois blocos burgueses, a terceira via. Todavia, os últimos 6 meses de ascenso da direita são um ensaio do que vem por aí contra a esquerda. A reforma política do golpista Eduardo Cunha praticamente cassou os direitos políticos dos partidos de esquerda, incluindo o PSOL que foi cúmplice da cassação dos direitos ao fundo partidário e à TV do PSTU, PCB e PCO.

Chamar o "Fora Dilma" na atual conjuntura, portanto, é marchar não com os trabalhadores e trabalhadoras, mas com a direita e com a reação interna e externa. Nós, ao contrário, que temos as lições dos clássicos na cabeça, evocamos o método de Trotsky quando diz, em "Uma Vez Mais: A União Soviética e Sua Defesa", que "Stálin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stálin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa". Apesar de dirigirem governos e partidos com caráter de classe distintos, substituamos Stálin por Dilma e veremos como jamais uma consigna foi tão atual.

Notas

(1) "Um chamado ao PSOL e ao MTST: Por que não unimos forças para lutar contra o Governo do PT, o PMDB e o PSDB?". No sítio do PSTU- http://www.pstu.org.br/node/21700


(2) "Marcha Nacional dia 18/09: unidade na luta contra o capitalismo, seus governantes e representantes". No sítio do PCB- http://pcb.org.br/portal2/9346