Gerry Downing - Socialist Fight - Grã Bretanha
Washington Post: Uma guerra comercial EUA-China custará bastante aos americanos: “O que fizemos foi fortalecer a posição chinesa no TPP [Trans-Pacific Partnership] (incluindo o mercado australiano-neozelandês), ao mesmo tempo em que enfraquecemos nossa posição em todo o Pacífico. Isso proporciona aos chineses uma posição dominante no mercado e torna nossa guerra tarifária com a China uma proposta perdedora. Ele derrota completamente o objetivo da guerra tarifária. Nesse sentido, não há qualquer estímulo para a China modificar sua terrível política. Os chineses vencem; nós perdemos" Carta ao Editor (08/03/2018).
Os marxistas entendem
que a crise do imperialismo global tem suas diferentes manifestações em cada
país e região, mas estão todos interconectadas. E também entendemos que a crise
econômica do capitalismo é a força motriz da crise e isso se reflete
dialeticamente na crise da direção política do imperialismo, que por sua vez
exaspera a crise econômica.
A potência imperialista hegemônica global é os EUA, que está sendo assolado por essa crise global do sistema capitalista mais agudamente. Esta é uma enorme crise econômica e política para eles; suas taxas de lucro estão caindo, e não estão conseguindo corrigir esse problema aumentando a exploração de sua própria classe trabalhadora o suficientemente e impondo sua vontade em regiões como a Ucrânia e o Iraque.
A potência imperialista hegemônica global é os EUA, que está sendo assolado por essa crise global do sistema capitalista mais agudamente. Esta é uma enorme crise econômica e política para eles; suas taxas de lucro estão caindo, e não estão conseguindo corrigir esse problema aumentando a exploração de sua própria classe trabalhadora o suficientemente e impondo sua vontade em regiões como a Ucrânia e o Iraque.
A ofensiva contra a
Rússia e a China
Isso levou à eleição de
Donald Trump e à mais severa crise interna da direção da classe dominante desde
que o escândalo Watergate derrubou Nixon em 8 de agosto de 1974. Só que desta
vez o imperialismo dos EUA está determinado a ir à guerra para acabar com a
síndrome do Vietnã causada por sua derrota na consequente libertação de Saigon
em 30 de abril de 1975. Para resolver essa crise, eles precisam estabelecer uma
hegemonia global não apenas na Síria e no Irã, mas também na Rússia e na China.
As diferenças entre Trump e o estado profundo da CIA / FBI, aliadas aos
democratas de Clinton e alguns republicanos, são apenas sobre como conduzir
essa guerra; uma vez que comece, essas diferenças desaparecerão, com ou sem
Trump.
A queda de East Ghouta é
o mais recente fracasso dos EUA em seus esforços de mudança de regime na Síria
e é isso que está por trás das mudanças febris de pessoal na administração
Trump para os falcões mais guerreiros e também o extraordinário belicismo de
Theresa May sobre o suposto ataque de gás pela Rússia em Sergei Skripal e sua
filha, Yulia. Relatórios consistentes indicam que após a libertação de East
Ghouta por Assad e pela Rússia, os EUA e Israel lançarão um ataque contra
Damasco, em uma tentativa de matar Assad e seu governo e começar uma invasão
pela mudança de regime. A Rússia está ciente dos planos e prometeu retaliação
contra as forças dos EUA que invadiram ilegalmente a Síria a leste do Eufrates
e navios de guerra dos EUA no Mediterrâneo e no Golfo.
O New York Times
comentou que com a demissão do mais moderado HR McMaster e da nomeação do
belicista John Bolton em 21 de março, apenas uma semana depois de dispensar o
moderado Rex Tillerson e a nomeação do diretor da CIA Mike Pompeo, Trump agora
tem “ A defensora da tortura Gina Haspel, a indicação de Trump como novo chefe
da CIA, ainda a ser aprovada pelo Congresso, compõe o trio da reação.
Causas econômicas do sucesso imediato de
Theresa May em isolar a Rússia
O inesperado sucesso de
Theresa May em isolar a Rússia e fazer com que muitos países da UE e da
Commonwealth expulsem diplomatas russos só pode ser entendido postulando a
intervenção secreta dos EUA para forçar o cumprimento. A Alemanha deveria
recusar, dada a sua dependência do gás e petróleo russos, mas a escalada da
guerra comercial com a China e a isenção ganha, por agora, pela UE sobre a
tarifa sobre aço e alumínio foi o fator decisivo. O Reino Unido recebeu a
primeira isenção, para indicar como ganhar o favor de Trump. Uma rápida olhada nos
balanços comerciais da Alemanha com os EUA em comparação com a Rússia conta a
história completa.
As exportações da
Alemanha para a Rússia em 2017 foram de aproximadamente US $ 32 bilhões e as
importações de US $ 35, principalmente gás natural e petróleo bruto. A Alemanha
exportou cerca de US $ 100 bilhões para os EUA e importou cerca de US $ 35
bilhões no mesmo ano. Os EUA tiveram enormes déficits comerciais a partir de
1975. Seu déficit total de bens e serviços em 2017 era de US $ 566 bilhões;
importou US $ 2,895 trilhões e exportou US $ 2,329 trilhões em 2017. Outros
países com déficits com os EUA são a China, US $ 375 bilhões, o Canadá US $ 18
bilhões, o México US $ 71 bilhões, o Japão US $ 69 bilhões e a Alemanha US $ 65
bilhões. A Alemanha foi, portanto, forçada a cumprir, mas o Japão não, dada a
sua proximidade e relações comerciais mútuas com a China.
O comércio da Alemanha
com a China em bens e serviços foi de US $ 230 bilhões em 2017, dando aos
opositores internos das sanções à Rússia mais munição, dado o surgimento do
bloco euro-asiático defendido por Aleksandr Dugin, o ideólogo de Putin. O
comércio entre o Japão e a China é agora de aproximadamente US $ 25 bilhões, o
Japão exporta cerca de US $ 8,5 bilhões e importa cerca de US $ 16,5 bilhões da
China, aumentando em cerca de 15% no ano passado. A China é o segundo maior
destino de exportação do Japão e sua maior fonte de importações. As exportações
da China para a Rússia foram de cerca de US $ 45 bilhões no ano passado, e as
exportações russas para o outro lado estão em torno de US $ 42 bilhões,
mostrando um aumento ano a ano de quase 30%. A China e o Japão são nominalmente
a segunda e terceira maiores economias do mundo, seguidos pela Alemanha, Índia,
Reino Unido, França, Brasil, Itália e Canadá, nessa ordem.
O superávit em conta
corrente mundial da Alemanha é de cerca de US $ 300 bilhões. Ele resistiu à
concorrência da China muito melhor do que os EUA, sua participação nas exportações
mundiais caiu apenas de 11% para 10,4% entre 1997 e 2013, enquanto a
participação dos EUA caiu de 13,7% para 9,5%. Os EUA estão agora em terceiro
lugar atrás da China e da Alemanha. No entanto, as exportações dos EUA
representam apenas uma pequena parte da sua economia, as exportações alemãs
representam quase metade do seu PIB, tornando-se muito mais vulneráveis a uma
guerra comercial.
Além disso, as
estatísticas nacionais da China e outros destinos não refletem o fato de que as
transnacionais dos EUA exportam matérias-primas e peças para a China, México e
Indonésia, por exemplo, para serem montadas com mão-de-obra mais barata e
reexportadas para os EUA, contribuindo lucros para as empresas dos EUA. Estes
não aparecem em estatísticas nacionais. Mas essa prática custa empregos, como diz
Trump, "America First, traga para casa os empregos", então reduziu os
impostos corporativos de 35% para 21% para seduzir aqueles, e outras
importantes transnacionais de serviços, localizadas na Irlanda e em outros
lugares para fins de evasão fiscal.
A partir dessas
estatísticas, podemos ver que o resultado provável da crescente guerra
comercial da administração Trump é a guerra mundial; somente uma vitória dos
EUA em uma guerra total forçará a submissão da Rússia e da China. Alemanha,
seus estados periféricos imediatos na UE e o Japão são aliados não muito
confiáveis dos EUA. E como nós esboçamos em outro lugar, a capacidade militar
dos EUA combinada com seus aliados da Otan é mais de quatro vezes maior do que
o poderio militar combinado da China e da Rússia. Isso e as outras vantagens
financeiras e políticas das que dispõe os EUA o tornaram o poder imperialista
hegemônico do mundo. [1]
Com o aumento da guerra
comercial, a China sugeriu sombriamente que dispõe de outras armas nessa luta.
Eles estão, sem dúvida, referindo-se ao montante da dívida externa dos EUA que
a China detém. A dívida total dos EUA era de US $ 21 trilhões até dezembro de
2017; boa parte disso é dívida pública interna, mas a dívida externa é uma
parcela seriamente grande do total, pouco mais de US $ 6 trilhões.
Em dezembro de 2017, a
China detinha a maior parcela da dívida externa dos EUA, US $ 1,2 trilhão em
títulos do Tesouro dos EUA, à frente do Japão, de US $ 1,1 trilhão.
Surpreendentemente, a Irlanda é o terceiro maior detentor de dívidas dos EUA,
com US $ 326 bilhões, e a próxima, as Ilhas Cayman, com US $ 270 bilhões,
Luxemburgo com US $ 218 bilhões e Bélgica com US $ 119 bilhões. Nenhuma dessas
quatro são dívidas de propriedade efetiva de governos soberanos, na verdade são
fundos hedge pertencentes as corporações do próprio EUA que não querem
repatriar seus lucros para sofrem um desconto de 35% em impostos. Pela
repatriação, Trump reduziu essa taxa para 21% em dezembro de 2017. Brasil,
Reino Unido, Suíça, Hong Kong, Taiwan, Arábia Saudita e Índia são outros
detentores de menores quantidades de títulos do Tesouro dos EUA.
Tanto o Japão quanto a
China querem manter o valor do dólar acima do valor de suas moedas. Se eles
começassem a vender os títulos da dívida americana que possuem, suas moedas
subiriam e suas exportações para os EUA se tornariam muito mais caras. Mas, a guerra
tarifária de Trump já estão fazendo isso agora com as mercadorias da China e os
EUA podem se esforçar para ampliar essa dificuldade aumentando a venda dos
títulos de sua dívida. Uma guerra poderia incentivar o patriotismo o suficiente
para fazer com que o mercado interno preencha a lacuna das mercadorias chinesas,
e o Fed [banco central dos EUA] poderia imprimir mais papel, mas isso também
conduziria o dólar americano a um colapso, comprometendo a capacidade de
pagamento das dívidas pelos EUA, provocando insolvência, default e hiperinflação.
E é bastante duvidoso que os EUA possam agrupara uma quantidade suficiente de nações
estrangeiras alternativas à China para preencher a lacuna deixada por uma China
em sua economia. Se os EUA deixassem de pagar suas dívidas, causaria um dano
imenso ao comércio global, mas as principais vítimas seriam domésticas, os
fundos de pensão dos aposentados americanos, que seria eliminados. Por sua vez
se a China começasse a vender os títulos do Tesouro dos EUA, e nisso fosse
seguida pelo Japão, poderia antecipar-se provocando o mesmo default e,
consequentemente, uma guerra.
Notas:
1. The Hegemonic Domination of US Imperialism (A dominação hegemônica do imperialismo dos EUA) - Socialist Fight 30/12/2017
Notas:
1. The Hegemonic Domination of US Imperialism (A dominação hegemônica do imperialismo dos EUA) - Socialist Fight 30/12/2017