sábado, 7 de março de 2020

8/3 - DIA DA TRABALHADORA

“Não te estupro porque você não merece!”

O político escroto que gritou a frase entre acima foi guindado a presidente pela classe patronal do Brasil e pelos EUA. Ele falou isso duas vezes contra uma deputada federal. E pior, essa escrotice fez parte da propaganda eleitoral dele para sua base apoiadora de homens e mulheres machistas.

Isso só foi possível através de um processo de golpes sobre golpes que começou com a derrubada da primeira mulher presidenta do Brasil.

Essa frase estimula o estupro e a violência geral contra a mulher por quem pratica, mas também trata de humilhar ao extremo a vítima, como se ela fosse sequer merecedora da violência contra ela. Nesse caso, a mulher não apenas não teria nenhum direito sobre seu próprio corpo, como ainda deveria se esforçar, feito masoquista, para ser considerada capaz de ser estuprada.

Primeiros resultados dessa política em 2019: foram assassinadas mais mulheres no país que nos anos anteriores. A maioria, negras e pobres. Parte desses casos de feminicídio foi estupro seguido de assassinato.

Já em 2018, na onda machista que ajudou a eleger o capitão, 180 mulheres foram estupradas por dia. A cada 4 horas uma mulher é morta por ser mulher, pelo ódio estimulado pelo presidente e sua matilha.

Damares Alves, a machista ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Bolsonaro, que defende que “no casamento, a mulher é submissa ao homem” e que meninas são estupradas por não usarem calcinhas, também justifica as agressões como sendo decorrentes da ideia que homens e mulheres são iguais: "já que a menina é igual, ela aguenta apanhar". Como sempre, o governo neonazista culpa a vítima pelas agressões que ele estimula.

O terror machista, assim como o desemprego, é funcional para aumentar a exploração das trabalhadoras. As mulheres das classes subalternas são as principais vítimas da economia bolsonarista. Recebem 20% menos que os homens e sofrem muito mais com o desemprego, tanto quando perdem o emprego, quanto quando é o companheiro quem perde o emprego. A falta de emprego afeta mais as jovens, entre 14 e 24 anos, sem ensino superior e mais às mulheres que aos homens. Segundo o próprio IBGE bolsonarista reconhece, o desemprego no 4º tri de 2019 foi de 9,2% para homens e 13,1% para mulheres. 

As mulheres têm perdido todos os programas sociais que atenuavam os sofrimentos impostos a elas pelo capitalismo brasileiro. O governo miliciano, além de ter cancelado o Bolsa Família de milhões de famílias – lembrando que quase a totalidade dos responsáveis familiares são mulheres – ainda castigou de maneira mais impiedosa as sofridas mulheres nordestinas, destinando apenas 3% dos novos cadastros para esta região, embora ali viva 30% da população brasileira.

Além disso, o congelamento dos gastos com saúde e educação por 20 anos e o consequente sucateamento desses serviços, atingiu mais às mulheres, a quem a nossa sociedade machista e patriarcal impõe o dever de cuidar dos filhos, dos pais, da família.

O sofrimento das mulheres trabalhadoras se agravou ainda mais como com a expulsão dos médicos cubanos, os quais estavam presentes justamente nas periferias onde a classe médica elitista brasileira se nega a ir.

Diante dessas graves violações à vida das mulheres, a pauta do movimento feminista não pode se reduzir a uma crítica ao machismo ou à LGBTfobia, que são lutas necessárias mas que, em si, não dão conta das necessidades vitais nem mesmo das mulheres e LGBTs da classe trabalhadora. Uma mulher trans precisa ser reconhecida e respeitada enquanto mulher pela sociedade, mas para viver com dignidade, ela precisa de moradia, saúde, educação e emprego.

Somente através da organização popular por locais de moradia, de trabalho e de estudo, quebraremos as barreiras impostas pelos robôs que espalham Fake News e manipulam a maioria da população, semeando ódio e preconceito.

Para acabar com essa ditadura da mentira, com o estupro, o feminicídio, a superexploração do trabalho e lutar pelo direito ao aborto, por direitos civis e por melhores condições de vida, a classe trabalhadora precisa ir além de se iludir com as próximas eleições. É preciso derrotar os planos golpistas de Bolsonaro e derrubar seu governo estuprador.

Fora Bolsonaro!
Por um governo da classe trabalhadora!