quarta-feira, 30 de novembro de 2011

GREVE GERAL BRITÂNICA

Derrotar Cameron na guerra de classes
dentro e fora de casa!
A Liga Comunista publica abaixo um relato do Socialist Fight britânico, membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional, do qual a LC faz parte, acerca da greve geral britânica iniciada neste 30 de novembro de 2011, a maior do país desde 1926.

Mais de dois milhões de trabalhadores nas Escolas, hospitais, repartições públicas, aeroportos e todas as categorias essenciais do Estado realizam uma espetacular greve contra o ataque da coalizão Conservadora / Liberal democrata sobre as suas aposentadorias e empregos. O objetivo de Cameron é demitir 710 mil servidores públicos, retardar a idade da aposentadoria para 67 anos e aumentar em 3% a contribuição do funcionalismo para a previdência social. Esta é a maior paralisação desde a greve geral de 1926. Este movimento, assim como foram as manifestações anti-cortes do início de 2011 e as revoltas juvenis iniciadas em Tottenham, faz parte da legítima reação dos trabalhadores e da população pobre na guerra de classes contra o governo de Cameron.


Ostensivamente apresentado pelo governo como se fosse um problema das aposentadorias, na realidade, este ataque faz parte do conjunto dos ajustes. O motivo da grande greve foi a declaração de guerra de classe com anuncio do orçamento dois dias antes. Polly Toynbee, articulista do Guardiam resumiu desta forma:

"George Osborne (Ministro da Fazenda do governo do primeiro ministro David Cameron) desfere cada um de seus golpes sobre os setores mais pobres. Com sua declaração de outono o chanceler declarou guerra de classe: um assalto Tory [designação usada para referir-se ao Partido Conservador] sobre os trabalhadores do setor público e sobre os pobres. Guerra de classe, guerra contra as mulheres, guerra inter-regional: a declaração de George Osborne é flagrantemente em favor da minoria contra a maioria da população. Os Conservadores arregaçaram as mangas e mostraram os dentes. Caiu a máscara da farsa eleitoral de David Cameron. Acabaram-se as lágrimas de crocodilo pelos pobres, acabou-se a demagogia da mobilidade social, e do "governo mais amigo da família ", acabou-se a balela de que "estamos todos juntos nesta". Com este abraço de urso, Osborne chutou o pau da barraca."

Os ricos burocratas sindicais pretendem simplesmente realizar este movimento como uma forma de fortalecer seu controle sobre as negociações e descomprimir (manobrar) a ira das bases para mostrar aos filiados dos sindicatos que estão fazendo alguma coisa.

Dave Prentice, secretário geral e burocrata da ala direita da UNISON, o sindicato dos trabalhadores do serviço público, pareceu mais militante que alguns dirigentes sindicais da "esquerda" neste confronto. A burocracia sindical faz parte do Partido Trabalhista e a canalha dirigente do partido trabalhista, em essência, apóia os planos de ajustes e está do lado da burguesia britânica contra os trabalhadores, a população empobrecida britanica e os povos oprimidos do mundo. O economista porta-voz do Partido Laborista, Ed Balls, criticou a forma como estão sendo aplicados os cortes mas reforçou a necessidade das medidas de guerra: "Todos têm que sacrificar-se, inclusive o serviço público".

Foi esta guerra contra a classe operária e os pobres que provocou esta forte greve. Comparando esta guerra com as outras guerras estrangeiras, um amigo, Seamus Conway, comentou: "Pela vitória da greve de hoje ..... é absolutamente espetacular que as pessoas estão se insurgindo contra este governo .... pergunto se a BBC irá relatar nossas manifestações com a mesma simpatia como que relatou as manifestações da Síria e da Líbia, onde apoiou entusiasticamente um bando de bandidos cruéis a serviço das super potências ricas... " E o próprio Conway responde "eu tenho minhas dúvidas que isto aconteça".

Neste momento em que o imperialismo fecha o cerco contra a Síria e o Irã, para recolonizar este país a exemplo do que já vem fazendo no Afeganistão, Iraque, Líbia e Haiti, neste momento em que a juventude iraniana tomou a embaixada britânica em Teerã, o Comitê de Ligação pela IV Internacional se coloca incondicionalmente ao lado dos trabalhadores britânicos e imigrantes, dos povos oprimidos pela derrota de sua "própria burguesia"!