sexta-feira, 1 de julho de 2011

BANCÁRIOS - SÃO PAULO

Avançar na organização política de base contra os banqueiros, Dilma e a burocracia sindical
Vitória da LC na representação por local de trabalho: camarada é eleito para a CIPA com 95% dos votos de sua agência

Na categoria bancária têm ocorrido em vários níveis de representação importantes disputas sindicais como as eleições para a nova diretoria do Sindicato, e da APCEF, o Congresso Estadual dos Trabalhadores da Caixa Econômica Federal e as eleições para a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) das agências.

NOSSA POSIÇÃO NAS ELEIÇÕES PARA A DIRETORIA DO SINDICATO E PARA A APCEF

A Liga Comunista participou da chapa 2, de oposição à atual diretoria do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. A chapa foi formada em uma Convenção democrática realizada no dia 11/05 com cerca de 80 companheiros trabalhadores, predominantemente do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, os quais têm sido, historicamente, vanguarda nas lutas de enfrentamento à administração de Lula e do PT. Compuseram a chapa o PSTU, a Liga Comunista e o Espaço Socialista (este último agrupamento faz parte do Coletivo Bancários de Base). A LC foi a segunda força em termos de representatividade numérica de bancários na convenção.

Hoje, a política governista e patronal da diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo condena a nossa categoria a um brutal arrocho salarial enquanto os banqueiros nadam em lucros cada vez mais estratosféricos. Esta política de colaboração de classes também faz com que os bancários sejam vítimas de metas abusivas, péssimas condições de trabalho, assédio moral, demissões, transferências arbitrárias e doenças como a LER/DORT, o stress, a depressão e o alcoolismo.

O mais absurdo é que essa burocracia que dirige o nosso sindicato, que foi representada nestas eleições pela continuísta chapa 1, se tornou sócia dos donos das seguradoras e lucra com o assédio moral imposto a nós para vender os seguros e outros produtos.

A Liga Comunista compôs a chapa 2, de oposição, por dois princípios:

1) A independência política em relação ao governo e aos banqueiros, o que significa a defesa da construção de uma oposição de verdade sem compor com setores situacionistas da atual gestão pelega do Sindicato da CUT e do PT, ou seja, sem a Intersindical que também faz parte da atual diretoria do Sindicato dos Bancários e fez parte da chapa 2 na recente eleição da APCEF (vide o artigo “Por uma oposição de verdade para a APCEF!” nO Bolchevique #3). Foi por defender este princípio que nós não apoiamos nenhuma das chapas que disputaram a APCEF/SP e chamamos voto nulo no pleito. Vale destacar que neste processo, uma fração da Intersindical, o Coletivo Bancários na Luta, composto por ativistas que não fazem parte da atual diretoria do Sindicato, apoiou a chapa 2 contra a posição da direção da Intersindical de compor a chapa da situação com a CUT.

2) A defesa da plena democracia sindical dentro da categoria e, sobretudo, dentro da oposição. É por defender este segundo princípio que, quando soubemos que a chapa 2 candidata às eleições da APCEF foi impedida pelo gerente de fazer campanha em nossa agência, nós entramos em contato com os membros da chapa para articular a volta deles ao nosso local de trabalho para fazer campanha, como de fato ocorreu.

Discordamos do balanço da última campanha salarial, comemorada pela corrente hegemônica da chapa, o PSTU e pela direção do MNOB, quando na verdade fomos obrigados a trabalhar muito mais, com um reajuste que mal supriu as perdas inflacionárias, muito maiores que a inflação real declarada pelo governo, um reajuste ainda mais miserável se compararmos aos superlucros dos banqueiros. Discordamos da reivindicação do salário mínimo do Dieese, cujo valor é rebaixado por este instituto controlado pela CUT, e defendemos o salário mínimo vital. Discordamos da reivindicação acrítica da PLR e denunciamos que este ‘benefício’ é um engodo patronal, reivindicando a incorporação ao salário do que é pago como PLR, assim como o conjunto das gratificações e abonos. Lutamos pela reposição de nossas perdas históricas e a antecipação da campanha salarial.

Com este programa realizamos uma importante campanha eleitoral nas agências do Banco do Brasil, da CEF e de Bancos privados (Itaú e Santander). Vale destacar que hoje 85% dos bancários trabalham em bancos privados. Fizemos campanha no centro de São Paulo e na região da Avenida Paulista e também abrimos contatos entre os trabalhadores terceirizados. No entanto, apesar de nossos esforços, o resultado da eleição, 83,49% para chapa 1 contra 16,51% para chapa 2, refletiu uma perda crescente de influência política da oposição hegemonizada pelo PSTU, esmagada tanto pela máquina burocrática do sindicato, apoiado pelo governo Dilma, como também pela ausência de um trabalho de base na categoria, particularmente nos bancos privados.

CONGRESSO ESTADUAL DOS TRABALHADORES DA CEF

Nossa luta continua na disputa por delegados para o Congresso Nacional dos Trabalhadores da Caixa Econômica Federal (CONECEF) no dia 09 de julho. No último dia 21 de junho, na assembleia para definição dos delegados ao Congresso Estadual de São Paulo da CEF, elegemos um companheiro como delegado. O Congresso Estadual ocorre dia 02 de julho. Em breve voltaremos a este tema com um balanço sobre o mesmo e com a nossa contribuição política ao Congresso Nacional.

ELEIÇÃO PARA A CIPA

Nos marcos de importantes disputas nos locais de trabalho pelas CIPAs, um companheiro da LC foi eleito para cipeiro de sua agência com 95% dos votos válidos, enfrentando uma campanha contrária implementada pela gerência. O reconhecimento legal da representação por local de trabalho é uma conquista da luta dos trabalhadores e a CIPA, renovada por eleições diretas e democráticas anualmente e representada por um companheiro combativo, converte-se em um importante instrumento da base dos trabalhadores em seu local de trabalho. Trata-se da primeira vitória política organizativa deste gênero de nossa corrente, sendo um passo importante para estreitar firmemente nossos laços com a classe trabalhadora. Mas a tarefa que o novo cipeiro classista e combativo tem pela frente não é fácil, pois a agência em que o camarada da LC é lotado é conhecida em São Paulo como a que mais cumpre metas, principalmente a venda de produtos, sendo sempre apresentada como modelo de produtividade em relação às outras unidades. Essa "alta produtividade" é resultado de um processo de superexploração dos trabalhadores bancários, onde não se respeita a jornada de trabalho, as pausas de 10 minutos para repouso e os horários de almoço, tudo isso conseguido através da prática sistemática do assédio moral.

Em todas estas disputas e conquistas, nosso objetivo fundamental é elevar a consciência política dos bancários a partir dos locais de trabalho, construir um núcleo de comunistas revolucionários na categoria e impulsionar uma oposição de verdade para nosso sindicato, para derrotar os interesses dos banqueiros, do governo Dilma e da burocracia sindical governista.