quinta-feira, 30 de junho de 2011

GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS

Derrotar os governistas na Fasubra, nos Sindicatos e assembléias para derrotar o governo Dilma!

Vivemos em um contexto de profunda instabilidade político-econômica. A crise do capital que se iniciou em 2008 continua causando efeitos danosos para a classe trabalhadora. Por isso, as classes dominantes nos submetem às piores condições de trabalho, enquanto injetam a maior parte da riqueza produzida para salvaguardar e sustentar a voracidade do capital financeiro. Em resumo: o governo não tem dinheiro para a educação, mas tem para “salvar” os bancos e garantir altos lucros aos mafiosos da FIFA e da construção civil (trazida por eles) para a realização de uma copa do mundo que só vai agravar a estrutura social perversa de nosso país. 


Sendo assim, o governo do PT-PMDB pretende congelar nossos salários até 2020 para acentuar a ofensiva neoliberal desencadeada pelo governo Collor, que persiste até hoje, garantindo o interesse do capital internacional controlado majoritariamente pela política imperialista dos EUA. Cinicamente, o Governo Dilma fala em desenvolver o país enquanto precariza a educação, comprometendo ainda mais o futuro das novas gerações. Olhemos para a situação de abandono das escolas públicas de educação básica, para a falência a que estão sendo submetidas. Daí, várias greves de professores estouraram neste ano contra o arrocho salarial, contra o corte de 3,1 bilhões do orçamento para a educação pelo ajuste fiscal do Governo Dilma e para que a educação tenha as verbas necessárias para atender a suas demandas efetivas.

O Governo do PT já caminha para 10 anos. Os Trabalhadores em Educação das Universidades Federais já deflagraram quatro greves nesse período (2003, 2004, 2005 e 2007) e muito pouco foi conquistado. Após a concessão de ajuste na tabela salarial parcelado em três vezes, em 2008, 2009 e 2010, o Governo Lula comprometeu-se em negociar a questão da carreira da categoria fora da greve. Lula encerrou seu mandato e inicia-se uma nova rodada de negociações sobre essa e outras demandas da categoria com o Governo Dilma (PT-PMDB). Temos pleno discernimento de que esta não é uma nova gestão. O quadro de assessores do governo federal continua o mesmo e obviamente a pauta de reivindicações da categoria não é nenhuma novidade para eles.

Quarenta e cinco das cinquenta e duas universidades filiadas à FASUBRA aderiram à greve nacional. A Federação marcou para o dia 6 de junho a deflagração da greve dos Técnico-Administrativos em Educação das Universidades. Para que a mobilização fosse iniciada, foi necessário que os governistas da Tribo/PT, CSD/PT e CSC/PCdoB fossem derrotados numa votação em plenária do dia 1º de junho de 2011, que contabilizou 63 votos a favor da greve a 61 contrários. Essas correntes políticas se empenhavam em blindar o governo federal fazendo-nos acreditar num calendário sem fim de negociações. Não temos motivos o bastante para construir uma greve? Previsão de congelamento de salários por dez anos, ameaça de privatização dos HU’s, avanço das terceirizações, falta de incentivo à qualificação, carreira que se reduz a tabela salarial, carência de funcionários que acarreta desvio de função em massa e sobrecarga de trabalho, dentre outros ataques a nós, Trabalhadores em Educação das Universidades, que na verdade são um golpe no próprio sistema de Ensino Público Superior.

Nesse processo, as direções da CSP-CONLUTAS, ANDES e ANEL não têm organizado os trabalhadores efetivamente contra o governo, pois, diante desta situação, poderiam muito bem convocar uma greve conjunta de professores e estudantes para apoio da mobilização dos técnico-administrativos e não o fazem. Adiaram a mobilização final para a deflagração da greve dos docentes para agosto, assim o governo ganha fôlego pra tentar desestabilizar a nossa greve. Levantamos a bandeira que a luta dos servidores técnico-administrativos é a mesma dos docentes e discentes. Chega de separação das nossas reivindicações!

A atuação das direções sindicais dirigidas pelo PT-PCdoB não pode nos impelir a sair dos sindicatos. A dessindicalização é um caminho errado, individualista e que, de imediato, só favorece as burocracias sindicais, que não servem para outra coisa senão desmobilizar os trabalhadores dos processos de luta por suas demandas. O sindicato é um organismo que foi criado pelos trabalhadores para reunir suas forças para um fortalecimento político diante de qualquer patrão. Um trabalhador individualmente não consegue absolutamente nada - para conseguir suas demandas como classe, ele precisa unir-se com seus companheiros contra seus patrões ou o governo e os agentes destes patrões dentro de nosso movimento, os burocratas carreiristas (que se enriquecem às custas da miséria da maioria da classe) dentro das entidades sindicais, cujo maior objetivo é ocupar futuros cargos dentro do próprio governo, como ministros, secretários de ministérios, assessores políticos, etc.

Precisamos relembrar que a Universidade ainda não foi privatizada de vez graças às nossas greves anteriores. Precisamos fazer, no mesmo calor da luta, um processo de reeducação da categoria para que ela volte a acreditar em suas próprias forças, não é só possível como necessário derrotar o congelamento salarial, a privatização, as terceirizações, a sobrecarga de trabalho, a liquidação de uma só vez da educação e de nossas condições de trabalho. Nesta luta, convocamos os estudantes, professores e terceirizados a somarem suas forças às nossas, para a realização de assembleias conjuntas da comunidade acadêmica para defendermos a universidade que queremos sob as condições de trabalho e de gestão que almejamos. Todos devem lutar contra a sabotagem dos governistas, o descrédito que eles impõem e a desconfiança da categoria com relação a seu próprio instrumento de luta, o sindicato. Como dizia a revolucionária Rosa Luxemburgo: “venceremos se não tivermos desaprendido a aprender.”

Rompamos, pois, com o domínio dos agentes do governo para alcançarmos nossos objetivos:

- Pelo fim da terceirização dos serviços!
- Pela reposição de nossas perdas salariais!
-Recomposição do quadro de servidores, com base na própria demanda apresentada pelos trabalhadores!
- Não ao congelamento salarial!
- Fora as burocracias que dirigem as centrais sindicais CUT-CTB e dos partidos que sustentam o governo PT-PMDB-PCdoB.
- Pela independência política de nossa classe!
- Pelo fim da separação das lutas docente – técnico-administrativos empreendida pelas burocracias sindicais!
- Greve geral de todos os servidores (professores e técnicos) e dos estudantes em todas as universidades!
- Que a CONLUTAS e o ANDES mobilizem imediatamente a greve dos docentes!
- Pela destruição deste projeto de expansão precarizada (denominado REUNI)!
- Não à privatização da universidade pública!
- Que pela crise paguem os capitalistas! Não os trabalhadores!
- Pela Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade – que sirva de instrumento de conscientização política das classes exploradas.

Trabalhadores de Base da UFMA - Oposição ao SINTEMA