domingo, 3 de julho de 2011

ATIVIDADE INTERNACIONAL

Relato do Socialist Fight sobre o Festival
anual organizado por Lutte Ovrière na França

"O Bolchevique" da LC participa do ‘Festival’ de Lutte Ovrière na França, na sua versão em inglês, "The Bolshevik"
O Socialist Fight (Luta Socialista) teve um stand na “Fête” (Festival) de Lutte Ouvrière, realizada em uma fazenda perto da pequena aldeia de Presles, em Val d’Oise, a 50 quilômetros ao norte de Paris, no fim de semana de 11 - 13 de Junho. Este é o maior encontro da esquerda que se reivindica revolucionária no mundo, atraindo cerca de 40.000 visitantes no fim de semana. Na atividade foram vendidas muitas edições de “Luta Socialista” e “Em Defesa do Trotskismo”, a imprensa do Grupo “Luta Socialista”, “Qina Msebenzi”, a imprensa do “Grupo Revolucionário Marxista” da África do Sul e “O Bolchevique” e “The Bolshevik”, da Liga Comunista.
Este ano o evento pareceu menor do que nos últimos anos e certamente o “politique cité”, onde todos os grupos de esquerda concentram suas barracas e se envolvem em debates políticos no Fórum, foi menor do que nunca. Nos anos 80 e início dos anos 90 essa parte era enorme, a maior parte do Festival.

A crise política da esquerda era evidente. O Novo Partido Anticapitalista (Nouveau Parti anticapitalista, NPA), tinha uma barraca grande. A Liga Comunista Revolucionária (LCR, ligado ao Secretariado Unificado da Quarta Internacional, mandelista), que afirmou ser o maior grupo “trotskista” do mundo, dissolveu-se no NPA em 2009, com a expectativa de aumentar sua votação eleitoral. Porém, o resultado foi o oposto: os trabalhadores radicais franceses abandonaram-os em massa, reduzindo o seu apelo eleitoral. O índice de votação do conjunto dos grupos da extrema esquerda despencou de um patamar de 10%, obtidos em 2006, para cerca de 3% agora.


Um camarada do Chile que conversou conosco se recusou a acreditar que o NPA exigiu que todas as potências imperialistas e todos os estados do mundo burguês reconhececem os rebeldes de Bengasi como o legítimo governo da Líbia. “Vou perguntar a eles”, disse ele, e dirigiu-se à barraca do NPA. No retorno reconheceu: “você está certo, mas eles disseram que era apenas seus dirigentes, que não concordavam com esta exigência”. Bem, se é o caso das fileiras da base do NPA serem mais anti-imperialistas do que os seus dirigentes, então eles certamente não têm muitos direitos democráticos dentro de sua organização para derrotar esses dirigentes.

Todos os grupos presentes, à exceção da Tendência Bolchevique Internacional (TBI), ou apoiaram o ataque à Líbia ou apoiaram os rebeldes de Bengasi. Alguns incrivelmente opõem-se aos bombardeios da OTAN, mas continuam a apoiar os “rebeldes revolucionários”, o exército de terra do imperialismo. Todavia, a TBI, juntamente com os outros dois integrantes da “Família espartaquista”, a Liga Comunista Internacional e o Grupo Internacionalista, se recusaram a tomar uma posição consequente de frente única anti-imperialista com o regime de Kadhafi contra os “ rebeldes”.

A Lutte Ouvrière se esforçou para se identificar como a corrente trotskista da França, sentindo o vazio no mercado. Mas, o próprio nome do grupo internacional “União Comunista Internacionalista (trotskista)” aponta suas contradições. “Mas porque é ‘trotskista’ entre parênteses?”, perguntou um militante de longa data da corrente, revelando as disputas internas tradicionalmente bem ocultadas pelo grupo. O LO se opõe ao bombardeamento da OTAN sobre a Líbia, mas se trai no resto do programa, pois não defende nenhuma frente única anti-imperialista com Gaddafi e nem sequer defende a derrota das forças da OTAN em terra, os ‘rebeldes de Bengasi’. Nas questões estritamente sindicais, o LO encobriu as traições das direções sindicais nas greves dos petroleiros e dos trabalhadores portuários e estudantes contra cortes das aposentadorias no meses de Outubro-Novembro de 2010. Sua colaboração crescente nos sindicatos com o Partido Comunista da França (PCF) ultrapassou a legítima tática da frente única, convertendo-se claramente em uma orientação estratégica para fazer sua própria ascenção na burocracia sindical. Vajam como eles próprios justificaram a política vendida dos burocratas sindicais no final do ano passado:

“Os dirigentes sindicais têm o direito de esperar que, em um problema social, eles poderiam participar das negociações e poderiam justificar o seu papel e sua preferência por negociações que obtenham algumas concessões que poderiam usar contra o descontentamento dos trabalhadores. Bem, eles certamente não participaram das negociações!”

(O grupo Lutte Ouvrière defende a traição sindical às greves contra a reforma previdenciária na França, Alex Lantier, 10 de dezembro de 2010) http://www.wsws.org/articles/2010/dec2010/lutt-d10.shtml

Agora é a hora de combater fortemente tais correntes que estão se aproximando da burocracia sindical e do interesse de seus próprios estados imperialistas, como demonstraram na recusa a se mobilizarem contra a reforma previdenciária e contra o ataque à Líbia, deixando os militantes de base cada vez mais preocupados com a direção destas correntes.

Gerry Downing,
Luta Socialista (Grã Bretanha)