quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

16/12/2015

Por uma paralisação nacional contra o Golpe do impeachment, com ocupação dos locais de trabalho, estudo
e moradia na cidade e no campo


FRENTE COMUNISTA DOS TRABALHADORES

No Congresso, a oposição de direita golpista chega cada vez mais perto de obter os 2/3 necessários (2/3) para aprovar o impeachment de Dilma.



No dia 4 de dezembro, o jornal O Globo, insuspeito de apoiar o governo Dilma, fez uma contabilidade com 17 líderes partidários da Câmara dos Deputados e chegou a seguinte conclusão: “Dilma teria hoje o respaldo de pelo menos 258 dos 513 deputados, 87 votos a mais do que os 171 necessários para se manter no poder.” (O Globo, Dilma teria hoje margem confortável contra impeachment, dizem líderes, 04/12/2015).

Mas, no dia 08 de dezembro, um dia após o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), anunciar sua ruptura em uma carta cretina a Dilma, na eleição em votação secreta da Comissão que dará o parecer favorável ou não ao impeachment antes dele ser decidido pelos tais 2/3 do total de deputados da Câmara, venceu a oposição e verificou-se que Dilma só dispõe de 28 votos a mais do que os 171 para se manter do poder. Se a primeira estimativa estava relativamente correta, Dilma perdeu 60 votos em menos de uma semana.

Para corroer ainda mais esta frágil quantidade de parlamentar sob a qual quer se apoiar o mandato de Dilma e o PT, no 13 de dezembro está convocada um novo dia nacional de manifestações coxinhas pelo Fora Dilma! que serão superestimadas pela mídia, como de hábito; a delação premiada de Delcídio Amaral, o peixe mais gordo a se dispor a atacar o PT, Dilma e Lula, uma vez que foi o líder do governo no Senado e agora o próprio parecer final que poderá ter uma Comissão com maioria da oposição, agora vitaminada com o PMDB em favor do impeachment. Na noite do mesmo dia 08, o ministro do STF, Edson Fachin suspendeu a instalação da Comissão até o dia 16 de dezembro, para o STF avaliar a legitimidade do processo eleitoral manobrado por Eduardo Cunha (votação secreta).

Primeiramente deve-se perceber que o tempo corre contra o governo que, com a passagem do PMDB para a oposição, a exceção, por enquanto, de partes de bancadas como a do Rio de Janeiro, vê os aliados se converterem em adversários defensores do golpe do impeachment. Em segundo lugar, mesmo que a intervenção do STF, que paralisou por uma semana a Comissão da oposição, venha a favorecer momentaneamente ao governo, se o tempo corre contra Dilma, a vantagem converte-se em desvantagem. Não por acaso, o governo quer acelerar os tramites do processo e a frente golpista, retardar.

Isto é, o final poderá ser uma derrota ainda maior para a classe trabalhadora do que para o próprio PT e para o governo Dilma se e somente se for mantida a atual tática covarde do PT de adaptação passiva, priorizando o jogo da conciliação institucional, dando à suas organizações de massas mero papel de coadjuvante quando realiza manifestações despretensiosas que não estão a altura do combate a ser realizado contra o Golpe eminente. Mantida esta tática covarde e burguesa, sem recorrer efetivamente ao movimento de massas e seus métodos como arma principal da luta contra o Golpe, o impeachment será a “crônica de uma morte anunciada”. 

Está cada vez mais evidente para grandes parcelas da vanguarda de esquerda do país que não vai ser no parlamento mais reacionário da história do Brasil e nem mesmo com simples manifestações de rua que o Golpe será derrotado. Se simplesmente colocarmos nas ruas um número mais ou menos similar de manifestantes que a direita, a mídia burguesa continuará cumprindo seu papel de multiplicar por milhares os números da direita e justificar que é o povo está querendo o “Fora Dilma!”. É preciso mais do que mobilizar milhares em todas as capitais, é preciso fazer uma paralisação nacional neste dia 16 nas principais categorias, sindicatos e movimentos dirigidos pela CUT, MST, UNE, MTST, ... Se pararmos a Petrobras, os correios, metalúrgicos, bancários, aí sim teremos uma luta que não pode ser escondida. Mas a pergunta é, podem os milhares de sindicatos cutistas contarem com suas bases para fazer uma greve política contra o Golpe de Estado parlamentar? Não está demasiadamente desmoralizada a CUT para isso? É preciso tentar. E conseguir!

Embora existam enormes diferenças entre o processo atual e o golpe contra Chavez em 2002 na Venezuela, o giro a esquerda do governo bonapartista bolivariano ocorreu depois que as massas entraram em cena obrigando a soltura de Chavez quando este já havia se tornado refém dos militares e empresários golpistas. A única força capaz de derrotar o golpismo no Brasil de 2015, como foi na Venezuela de 2002, é a população trabalhadora e pobre. Em favor de Dilma está o fato de seu partido dirigir as principais organizações de massas do país, o que Chavez não dispunha naquela época.

Se a classe trabalhadora organizada, com seus métodos de luta, contiverem o golpe, o governo de Dilma se verá obrigado a depender unicamente dos trabalhadores para não ser golpeado, não poderá aplicar diretamente a sua política antioperária, de arrocho salarial, destruição gradual das conquistas, como tem feito até aqui. Os trabalhadores ganharão tempo de organização para derrotar o conjunto da política neoliberal de ajuste. 

As derrotas sofridas neste ano pela esquerda nacional-populista e também pela bolivariana para o imperialismo nas eleições presidenciais na Argentina e nas eleições parlamentares na Venezuela, respectivamente, são um dos elementos fundamentais da pressão imperialista internacional sobre a conjuntura brasileira em favor da direita e do impeachment.


A esquerda pequeno-burguesa colapsou programaticamente diante dessa disputa crucial para o destino da classe trabalhadora brasileira, segue uma linha de sectarismo funcional ao golpismo da direita pró-imperialista, divide-se entre os que defendem abertamente o golpe do “Fora Dilma!” e à interrupção do seu mandato com eleições Gerais que não por acaso é na mesma linha de Aécio, Cunha e Paulinho da FS; ainda tem os que ficam em cima do muro com consignas maximalistas e delirantes defendendo um “nem ném” advogando um suposto terceiro campo ideal diante do golpe de estado real. A maioria segue o PSTU e seus satélites no PSOL (MES, CST, MRT-LER, MNN, LBI) e PCB.

Passaram o turbulento ano de ascenso da direita alegando que a escalada golpista não existia, era um delírio ou mero truque politico do PT, agora diante do golpe iminente, dizem que tanto faz se há golpe ou não, que a classe trabalhadora deve se manter alheia a luta que terá ela como vítima principal, que depois seguirá sua luta pelo socialismo e outras abobrinhas distracionistas.

Aqueles que não sabem combater a direita e o fascismo e que apenas usam a retóricas como “o importante é a luta por um governo dos trabalhadores”, somente o fazem porque estas organizações estão completamente alheias e estranhas à classe trabalhado e justamente por isso não se importam com o destino de nossa classe, por isso neste momento fogem do enfrentamento à politica golpista objetivamente colocando “água no moinho” do golpe e da direita.

Impeachment é Golpe, mais do que contra Dilma, contra a população trabalhadora! 

Tomar as ruas para derrotar o golpe de Temer, Cunha e Bolsonaro e varrer a direita, sem renunciar a luta contra o ajuste fiscal de Dilma e Levy!