quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

METALURGICOS – CAMPINAS (SP)

Metalúrgicos da CAF entram em greve apontando o caminho da luta contra as demissões!
Folha do Trabalhador # 19 - fevereiro de 2013

A CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles), multinacional europeia construtora de trens, quer super-explorar seus operários no Brasil. Em 2012 a empresa tentou impor a suspensão temporária dos contratos de trabalho na matriz de Beasain (no País Basco, norte da Espanha) mas encontrou uma dura resistência grevista dos metalúrgicos na planta.

Mas, se na Espanha a empresa justifica o ataque em virtude da recessão, no Brasil, a CAF não possui nem esta desculpa para o aumento de sua ganância às custas de nosso suor, pois anda nadando de braçada com fabulosos contratos Estatais, como o de fornecimento de 60 “carros” (15 trens) para o metrô de Recife. Se nossos irmãos operários bascos não engoliram estas desculpas esfarrapadas da empresa, nós menos ainda engoliremos!

A verdade é que a multinacional anda cobrando da filial o envio de mais lucros para a matriz. Por isto, em Hortolândia, a CAF vem pressionando os operários para acelerarem a produção e aumentarem a jornada enquanto demite trabalhadores com a finalidade de contratar novos pagando menos da metade do que paga aos atuais.

PRESSÃO PELO AUMENTO DOS RITMOS DE PRODUÇÃO

Desde o inicio de janeiro há uma tensão para alcançar o limite máximo da produção da fábrica, também conhecido como Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) [1]. Em todo país, este limite subiu para 84,4% entre o último mês de 2012 e o primeiro de 2013, o maior nível desde fevereiro de 2011 [2]. Os trabalhadores sentiram a pressão dos chefetes pelo aumento daprodução, fazer horas extras e trabalhar nos sábados, visando acumular estoqueno primeiro trimestre do ano precavendo-se para enfrentar as lutas por PLR,campanha salarial, etc. (Folha do Trabalhador #18).

Esta pressão e este assédio moral vêm provocando uma situação que aumenta enormemente os riscos de acidente. Mas, apesar disto, os chefetes tentam "acorrentar os cipeiros ao trem", impedindo que façam seu trabalho de prevenção e pondo em perigo as próprias condições de vida da peãozada.

DEMISSÕES EM MASSA

Mas o ataque apenas começou com o aumento dos ritmos de produção de janeiro. O objetivo da empresa é aumentar a produção barateando a mão-de-obra. Por isto, quer demitir operários que ganham em média 2.800 reais para recontratar outros por 1.300 reais, ou seja, quer pagar menos da metade do que paga hoje.

Os metalúrgicos da CAF possuem um imenso orgulho de suas lutas vitoriosas, sendo uma das poucas fábricas do país a realizar 7 greves nos 3 últimos anos, conquistando por exemplo o reajuste salarial de 5,17% a cada 6 meses.

No dia 08/02, às vésperas do carnaval, a empresa chamou os representantes sindicais para uma reunião em um hotel de luxo e, ao mesmo tempo, sorrateiramente, o RH deu inicio a uma demissão em massa. Quando a CAF mandou embora 36 metalúrgicos foi gota d´água para todos que sentiam o chicote estalar na pele com mais força desde o início do ano. A companheirada paralisou a produção e saiu da empresa em solidariedade aos demitidos. Na assembleia da quarta feira de cinzas, 13/02, a decisão foi entrar em Greve pela reintegração dos demitidos, contra o anúncio de mais demissões e pela estabilidade no emprego [3].

Os operários da CAF precisam de toda a estrutura do sindicato (Intersindical/ASS), dos dirigentes sindicais liberados e da mais ampla solidariedade do conjunto das organizações de massa e de vanguarda dos trabalhadores em favor de sua vitória. Não existe outra saída, só a utilização dos métodos que fazem a classe mostrar sua força numérica e seu poder de parar a produção pode derrotar os patrões.

Se as demissões não forem revertidas, perdemos todos. Pagarão com o emprego os demitidos e com muito mais infernais ritmos de produção e chicotadas os que ficarem. Chega de escravidão para incrementar a remessa de lucros da CAF para o imperialismo espanhol! Derrotar as demissões hoje para seguir a luta pelo controle da produção por todos os operários! Greve até a vitória!

Notas:

[1] Capacidade instalada da indústria pode ser traduzida como o limite da produção ou a capacidade máxima de produção de uma fábrica. É a quantidade de unidades de produto que as máquinas e equipamentos instalados são capazes de produzir. O nível de utilização da capacidade instalada é dado pela relação entre o volume efetivamente produzido pela indústria (ou unidade industrial) e o que poderia ser produzido – se o equipamento estivesse operando a plena capacidade. Em outros termos, a diferença entre o volume efetivamente produzido e aquele que poderia se produzido se houvesse plena utilização da capacidade instalada, corresponde à capacidade ociosa.

[2] http://www.valor.com.br/brasil/2987950/producao-industrial-deve-crescer-no-primeiro-trimestre-preve-fgv

[3] mesmo pelas leis trabalhistas burguesas os trabalhadores podem entrar em greve sem comunicar previamente aos patrões quando há demissão em massa