sábado, 6 de outubro de 2012

PT: PARTIDO OPERÁRIO, OPERÁRIO-BURGUÊS OU BURGUÊS COM INFLUÊNCIA DE MASSAS?

O caráter de classe do PT
e a tarefa dos revolucionários

Para construir um partido revolucionário dos trabalhadores no Brasil é preciso conquistar a consciência pelo menos dos setores mais avançados da classe trabalhadora para o trotskismo, o marxismo de nosso tempo. Todavia, hoje a vanguarda da classe, refletindo as grandes massas da população explorada, segue o PT.

Nestas eleições municipais, tivemos a oportunidade de fazer uma pesquisa de intenção de voto por partidos em duas fábricas metalúrgicas paulistanas. Obtivemos o seguinte resultado na fábrica A: 70% operários dizem que votarão no PT; 20% partido burguês da base governista (no caso, o PSB), que embora seja base aliada do governo federal, é adversário do PT na cidade e 10% de votos nulos. Na fábrica B: 40% dos votos no PT, 30% indecisos, 20% no PSB e 10% nulos. Apesar de ser um universo pequeno, até previsível e restrito ao momento eleitoral, confiamos infinitamente mais nele do que em todos os venais institutos de pesquisas burgueses (Ibope, Datafolha, Gallup, Sensus, etc.). A pesquisa realizada junto às duas fábricas não quer dizer de modo algum que o PT vai vencer as eleições, ganhe quem ganhe perderão os trabalhadores e ganharão os banqueiros, o que nos importa nesta pesquisa é que ela serve de termômetro entre os trabalhadores e comprova que o principal obstáculo para o avanço da consciência do proletariado reside nas ilusões que o mesmo mantém no PT.

Mas, o fato de que o PT seja o partido preferido dos trabalhadores nas eleições não significa que ele seja um partido operário. Os partidos social-democratas da França e Espanha dirigem a maior parte das organizações sindicais destes países, no entanto, são partidos burgueses imperialistas. O partido laborista britânico, embora dirija a TUC e 90% de seus fundos venham dos sindicatos, é um partido que defende os interesses da burguesia imperialista contra os interesses imediatos dos trabalhadores e desde a década de 1980 deixou de ser um partido operário burguês. De nossa parte, tratamos de superar o impressionismo e o empirismo a partir de uma caracterização cientifica do PT, o partido que desgraçadamente é o que exerce uma enorme influência sobre o proletariado brasileiro.

Qual o caráter de classe do PT? O PT foi um partido operário burguês até as eleições de 1989, quando se justificava a tática do entrismo e o chamado a votar no mesmo. Naquela década, o PT foi um partido operário reformista por seu programa, sua composição social, e porque pelo menos até assumir as primeiras prefeituras de capitais (Fortaleza, 1986) não dispunha como hoje da grande burguesia como patrocinadora majoritária de suas campanhas.

A partir do giro à direita da conjuntura mundial combinado ao aburguesamento da direção petista, convertendo-se ela própria em capitalista sindical através, sobretudo dos fundos de pensão e dos mandatos no executivo burguês, este partido substituiu as políticas de reformas universais do capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e assistencialistas.
Depois de dar todas as provas de seu comprometimento com a estabilidade do regime político burguês contra as massas na década de 1990 (aceitação da fraude eleitoral que deu vitória a Collor, sabotagem da luta contra o Fora Collor até o último segundo, apoio as privatizações, apoio ao plano real, a lei de responsabilidade fiscal, a reforma da previdência de FHC), o PT que só tinha assumido mandatos municipais na década anterior, passa a governar estados do país e cacifa-se como representante hegemônico da burguesia e passou a ser um PARTIDO BURGUÊS COM INFLUÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES DE MASSAS, via organizações como CUT e MST. Como então podemos seguir dizendo que o governo Lula, Dilma, dos governadores e prefeitos petistas são governos de frente popular (atribuindo ou não epítetos como sui generis ou de novo tipo, etc.)? A quem embelezaremos como o elemento operário de tal governo?

Os que identificam os governos petistas como de frente popular estão condenados a descobrir virtudes operárias no PT e os que caracterizam o PT como um partido operário burguês deveriam ser conseqüentes e seguir alojados em seu interior e votando no mesmo, como fazem os lambertistas e os woodistas no Brasil. Compreendemos que o PT é um partido burguês com influência de massas, mas um partido burguês, inimigo da classe operária.

Diante da hegemonia petista, um fenômeno como todos na história, passageiro, os revolucionários se constroem sob o norte estratégico organizativo que estabelecemos quando de nossa fundação a pouco mais de dois anos: “Para nadar contra a corrente, enfrentar o oportunismo encastelado no Estado, seus satélites centristas adaptados ao regime em meio ao refluxo das lutas espontâneas, durante uma situação cinzenta, pacífica e de decaimento do espírito revolucionário, nosso trabalho precisa ser, sobretudo paciente e abnegado. Temos claro que não há outro modo de superar o período lulista da história do movimento operário brasileiro sem que uma nova geração de quadros operários seja preparada sob um programa trotskista. O que indica, portanto, que devemos começar a tarefa voltando ao movimento operário. Não há atalho... Não há outro modo de ter acesso direto aos trabalhadores e ganhar sua confiança mediante táticas corretas sem uma experiência desenvolvida em comum.” (“Nasce a Liga Comunista: Contra o ceticismo, construir o partido trotskista revolucionário da classe operária!”, 20/10/2010)
http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2010/10/nasce-liga-comunista.html