sexta-feira, 10 de agosto de 2012

GREVES DO FUNCIONALISMO SÃO AS MAIORES DESDE 2003:

Romper com as direções governistas e da “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU) e construir uma corrente revolucionária de base em todas as centrais sindicais 
A imprensa burguesa tem se escandalizado com a ampliação das greves do funcionalismo federal, que segundo a sucursal da Rede Globo em Porto Alegre, a RBS, através do seu "jornalão", Zero Hora (como é conhecido o jornal na cidade), "espalha transtornos pelo país e já trava negócios". De fato a persistência das bases do funcionalismo impediu até agora que as direções sindicais governistas e também as vinculadas a quase governista “oposição de esquerda” acabasse com a greve. O governo Dilma titubeia já se mantém a “linha dura” das ameaças de corte de ponto e reajuste zero ou se concede migalhas em separado para ir desmontando um a um o movimento que atinge trabalhadores do executivo, legislativo e judiciário.
As direções governistas foram especialistas em espalhar o ceticismo entre as categorias, mas que com seus salários arrochados a 5 ou 6 anos foram à luta e tem acuado o governo. Rosane Vargas, porta-voz do latifúndio e da burguesia, do jornal ZH da capital do RS, na sua coluna, afirma: "Sem experiência de seu antecessor em negociações sindicais, a presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades para enfrentar a onda de greves dos servidores públicos, que ameaça se alastrar por outras categorias em diferentes pontos do país" (ZH, 10/08/12). Realmente é uma declaração de temor desta lacaia das elites, que faz uma ponte com a crise européia, tentando justificar a negativa de aumentos com a crise mundial do capitalismo – como se os trabalhadores, que não a causaram devessem pagar por ela – terminando sua coluna em tom de "ameaça": "Dilma já deu sinais que se houver radicalização por parte dos grevistas, ela também vai radicalizar no desconto dos dias parados".


Assim funciona e funcionará a imprensa no capitalismo, tentando espalhar o terror entre a classe trabalhadora. A LC, como organização operária, vem dizer que isto não é verdade. A radicalização da mobilização dos servidores, com a ocupação do local de trabalho (repartições, reitorias, tribunais, agências de atendimento ao público, etc.) servirá tão somente para arrancarmos deste governo nossas reivindicações salariais, contra inclusive a paralisia das burocracias sindicais governistas, jogadas de corpo e alma no processo eleitoral.

Nos servidores do Judiciário Federal do RS, foi aprovada, numa assembléia esvaziada na última quarta-feira, dia 8/8, uma paralisação por tempo indeterminado. A corrente política governista Democracia Socialista, de Arno Agostin, Secretário do Tesouro Nacional de Dilma, retardou a unificação dos judiciários com os outros setores do funcionalismo federal em greve até agora, não prepara a greve em nosso setor, além de ignorar as reivindicações específicas do próprio, como ataque aos direitos do plano de saúde dos funcionários do TRE/RS (teremos uma matéria específica sobre este fato neste blog), como ações e palavras de ordem mobilizadoras. Não se vê um movimento concreto com os outros setores em luta, a não ser pelas cúpulas e direções, ou dentro da direção da CUT.

Já os dirigentes do PCdoB, hoje um partido marginal da burguesia – sócio das maracutaias da Copa e Olimpíadas no Ministério dos Esportes, sócios do latifúndio assassino a quem ajudaram a aprovar o famigerado código florestal, sócios dos especuladores da bolsa através dos leilões da Petrobrás realizados pela ANP e que flertou com os herdeiros da ditadura (PP) para coligar-se na disputa para a prefeitura de Porto Alegre – questionados sobre a inércia da UNE (entidade que controlam por décadas) em relação a greve dos professores e profissionais do ensino superior, têm a cara de pau de dizer que "A UNE nada tem a ver com esta greve".

A tarefa dos lutadores grevistas é construir no campo dos servidores públicos, em nível nacional, uma grande corrente classista que congregue os setores revolucionários absolutamente apartados dos "mais ou menos" governistas, sejam do PT, PSOL, PCdoB ou PSTU. Neste terreno concreto de luta, estreitaremos laços que poderão nos unir mais à frente em novas lutas e quiçá na construção de uma organização maior e mais poderosa revolucionária neste país.




Yuri Iskhandar