quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ESPORTE - MEMÓRIA - COPA SÓCRATES

"Somos Sócrates contra as ditaduras da FIFA, da CBF,
do capital e de seus governos!"
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, mais conhecido como Sócrates, foi o primeiro jogador da América do Sul a se opor a uma ditadura, demonstrando que o futebol pode converter-se em uma ferramenta da luta política democrática dos trabalhadores. Em meio a um pântano de “craques” e “heróis nacionais” garotos-propaganda da ditadura militar como Pelé, ou estafetas das máfias dos cartolas como Ronaldinho, Sócrates foi uma rara exceção. Recentemente Sócrates criticou Pelé por não fazer campanha contra o racismo no futebol, pois para ele Pelé “de preto parece ter somente a cor da pele”.

Enquanto o Brasil vivia sob os anos de chumbo da ditadura militar, no Corinthians os jogadores, a despeito disso, criaram o que ficou conhecido como “democracia corinthiana”, em que as decisões do clube passaram a ser tomadas de forma democrática. Dois anos antes do movimento das “Diretas Já!” e sete anos antes das eleições presidenciais, os jogadores do Corinthians estamparam nas camisetas os dizeres "quero votar para presidente”.


O Dr. não se limitou a dar declarações pela redemocratização do Brasil. Também defendeu o Estado operário Cubano, ainda que nos limites de sua consciência política não critique a burocracia castrista e seu regime. Em entrevista ao programa “De frente com Gabi”, no SBT, Sócrates deixou a reacionária entrevistadora em uma saia justa. Quando ela diz “embargo”, ele rebate e menciona “bloqueio” e afirma: “Não existe sociedade perfeita, mas existem algumas que se aproximam daquilo que eu acredito e Cuba é exatamente isso.

Por desgraça, sob o domínio das relações burguesas, a democracia corinthiana não poderia ir muito longe e, nos estreitos limites capitalistas da mega empresa que é o Corinthians, acabou em eleições fraudulentas que legitimaram o mandato de Roberto Pascoa, lacaio da ditadura, para a presidência do clube.

Era Sócrates, também, que ousava dizer: "Conseguimos provar ao público que qualquer sociedade pode e deve ser igualitária. Que a opressão não é imbatível. Que uma comunidade só pode frutificar se respeita a vontade da maioria de seus integrantes".

Declarações como estas valem a pena ser recordadas diante do fato de que no capitalismo o futebol é uma mercadoria a serviço da manipulação de massas e dos lucros das multinacionais criminosas que nada mais representam do que um circo sem pão para alienar ainda mais os trabalhadores superexplorados e seu sentimento perene de fracasso, infelicidade e impotência diante da barbárie instaurada pelo capitalismo em sua fase imperialista de pilhagem sobre todos os povos oprimidos do planeta.

A LC vem participando de várias lutas contra os despejos promovidos pela mafiosa copa de Dilma, da CBF e da FIFA, a qual Sócrates definiu como “propriedade privada, sem compromisso algum com o povo brasileiro”. Aliás, ano passado, em entrevista para o jornal do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Estado de São Paulo, Sócrates respondeu assim as perguntas:

"Como você está vendo a organização da Copa do Mundo aqui no Brasil daqui a quatro anos?

Sócrates: Aqui no Brasil, ainda não há organização nenhuma, pelo que eu saiba. Na verdade, existe uma desorganização dirigida para que os investimentos que sejam alocados nas obras não passem por licitações, então estão protelando o máximo possível para que isso ocorra.

Você acha que é intencional?

É claro! Isso aconteceu no Pan-Americano, acontece sempre. Quanto mais demorado melhor, porque aí tudo é feito a toque de caixa, e a toque de caixa tem situação emergencial que vale a pena para desviar alguma coisa.

Você acha que a exclusão do Morumbi como um estádio da Copa tem a ver com isso?

Não tenho dúvida. Eles querem construir um outro estádio. Desde o começo estava na cara, criaram todo tipo de dificuldade. E acho que o São Paulo fez certo, fazer um investimento de 700 milhões no Morumbi? É mais fácil o São Paulo construir outro estádio.
Você acha que o interesse é mais econômico ou político?

É para-econômico. Não é nem econômico. Economicamente não poderíamos escolher Manaus em vez de Belém. Cuiabá como sede, onde eles vão ter que construir o estádio para depois ficar parado, Brasília a mesma coisa, Natal a mesma coisa. É, não é interesse econômico. É desperdício de dinheiro. Desperdício econômico. É para-econômico, para desviar verba.

Você não vê o fato de o São Paulo ter encabeçado uma chapa de oposição na eleição do Clube dos 13 como um elemento para a exclusão?

Não, isso vem lá de fora. Todos os estádios vão ser reformados. Alguns com um custo absurdo. Deve ser a quinta ou sexta vez que fazem reforma no Maracanã nos últimos três anos. O Mineirão também. Vão construir outro na Bahia. Entendeu? É pro dinheiro andar. Andando o dinheiro alguém tá ganhando. Seja quem constrói, quem administra. O único que não ganha é o povo.

A LC é contra a Copa tal como ela é realizada, como um campeonato patriótico que alimenta o chauvinismo a serviço de máfias da Fifa, CBF e das multinacionais patrocinadoras. Acreditamos que a Copa, assim como as Olimpíadas devam ser um momento de confraternização internacionalista dos povos livres da exploração imperialista-capitalista.  Defendemos que os clubes, hoje meras empresas capitalistas controladas pelos cartolas, sejam expropriados por suas torcidas, que o futebol seja estatal, gratuito e sob o controle dos trabalhadores e voltado para a diversão e o bem estar dos mesmos. E por isto participamos da iniciativa do Comitê Antiimperialista em organizar a Copa Sócrates Brasileiro em homenagem ao jogador do qual reivindicamos o fato de tentar fazer do futebol o que ele deve ser de fato, um instrumento de lazer, e não apenas isto, também de cooperação e de luta dos trabalhadores. Convidamos a todos a se juntarem a nós neste importante jogo-ato, que se realizará no próximo domingo dia 18/12, na Rua Dona Genoveva, 224 - Chácara Califórnia. Esquina da Radial Leste com a Av. Aricanduva (300m do Metrô Penha).