sábado, 10 de setembro de 2011

ESPECIAL 11/09/2001-2011 - 1/3

O significado dos ataques aos EUA, os dez anos da nova cruzada imperial e a luta antiimperialista hoje
dO Bolchevique #6

Transcorrida uma década dos atentados do 11 de setembro, toda a mídia mundial trata de dar um destaque especial aos acontecimentos. Fizemos o nosso balanço dos mesmos na contramão da opinião pública fabricada nas grandes redes de notícias burguesas, acreditando que o marxismo revolucionário tem muito mais a dizer sobre este episódio que abriu o século XXI.

O 11/09 COMO EXPRESSÃO DA REAÇÃO DOS OPRIMIDOS APÓS DUAS DÉCADAS DE OFENSIVAS HISTÓRICAS DO IMPERIALISMO

Nas duas últimas décadas do século passado as potencias imperialistas EUA, com Reagan, e Grã Bretanha, com Tatcher, tomaram a iniciativa de desatar uma nova ofensiva anti-operária mundial. Esta ofensiva combinou duros ataques ao próprio proletariado1, com o incremento da corrida armamentista contra a URSS através da Guerra no Afeganistão2 e um massivo bombardeio ideológico anticomunista com a política de reação democrática. Toda esta escalada logrou um enorme salto de qualidade com a contra-revolução na URSS e no Leste Europeu, uma derrota histórica para o proletariado e todos os povos oprimidos que alavancou a restauração do capitalismo naquelas nações e a privatização, precarização e aprofundamento da pilhagem nas demais nações do globo.


Foi justamente em meio e devido a esta ofensiva, apelidada de globalização neoliberal, e das guerras sanguinárias nos Bálcãs e no Golfo Pérsico que a história pregou uma peça ao imperialismo, fabricando as condições para o maior ataque já sofrido pelos EUA em seu território continental.3

A “guerra ao terror” em nome do revanchismo aos ataques sofridos pelos EUA representa uma terceira onda desta ofensiva, marcando a primeira década do século. A crise econômica de 2008 e a crise iniciada em 2011 marcariam a quarta onda desta ofensiva sem que tenha ocorrido nas últimas três décadas uma alteração qualitativa na correlação de forças entre as classes favorável à luta do proletariado. Em 1979, no Irã e na Nicarágua, foram as últimas vezes que as massas tomaram o poder e modificaram o regime político contra os interesses colonialistas, sem, no entanto, terem avançado para o estabelecimento de um governo próprio, porque tiveram seus cursos confiscados pelas direções fundamentalista e frente populista, respectivamente. Foi exatamente para impedir que insurreições populares pudessem gerar novos Vietnams (vitorioso sobre os EUA em 1975) que os governos conservadores de Reagan e Tacher trataram de retomar a ofensiva.

NÃO FORAM MEROS ATOS ISOLADOS DE VIOLÊNCIA COMETIDOS POR INDIVÍDUOS FRUSTRADOS, FOI UMA AÇÃO PLANEJADA E CONDUZIDA POR UM PLANO ORGANIZADO

Segundo o livro “Plano de Ataque” de Ivan Santana, o 11 de setembro de 2001 começou a ser planejado em 1993, depois de um atentado contra a sede da CIA em Nova Iorque, localizada no mesmo WTC. Oito anos depois, no 2º ataque ao WTC, os 19 homens da rede Al-Qaeda sequestraram quatro aviões para jogá-los contra prédios que simbolizavam o poder norte-americano.

Duas das aeronaves atingiram as Torres Gêmeas do complexo World Trade Center (Nova York) a aproximadamente 790 e 950 km/h cada uma, destruindo ou abalando severamente oito edificações (WTC1, WTC2, WTC4, WTC5, WTC6, WTC7, Marriot Hotel e a Ponte Norte). Outra aeronavae bateu no Pentágono (Washington). Um quarto avião caiu ou foi derrubado na Pensilvânia antes de atingir o seu alvo. Um quinto avião estava incluído no plano inicial da Al-Qaeda e programado para atingir a Casa Branca, mas poucas semanas antes do ataque um piloto foi preso e os demais suicidas foram redistribuídos para ocupar 4 e não mais 5 aeronaves.

ENGELS, LENIN E A IV INTERNACIONAL: O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO NA DEFESA INCONDICIONAL DA RESISTÊNCIA DOS POVOS OPRIMIDOS CONTRA SEUS ALGOZES COLONIZADORES E OS FILISTEUS PACIFISTAS REFÉNS DA OPINIÃO PÚBLICA DEMOCRÁTICA BURGUESA

A grande mídia burguesa, seguida pela pequena burguesia condena os atentados e caracteriza-os como meros atos de “terror individual”. Do outro lado, extremamente minoritários, os marxistas revolucionários têm uma caracterização e uma posição distinta. Para nós, trata-se de uma reação dos povos oprimidos com atos de uma guerra popular e assimétrica. A tradição marxista sobre o tema nada tem a ver com o centrismo kautiskista adorador da luta parlamentar e sindical reformista que condenou o terror vermelho empregado pela URSS contra a coalizão imperialista invasora da época (1918 - 1921).

Os atentados não caíram do céu, nem foram atos de vingança individual e desesperada. Foram uma reação planificada por anos aos massacres e cruzadas seculares particularmente aos povos árabes e muçulmanos, que dispuseram seus filhos entre os guerrilheiros responsáveis pela missão suicida. Os ataques foram uma resposta militar dos povos oprimidos realizada por meios completamente “irregulares”, os únicos encontrados pelos “bárbaros” das terras longínquas capazes de atingir o coração do monstro imperialista, em Nova Iorque e Washington. Foram os únicos meios que os séculos de destruição e pilhagem imperialistas permitiram aos dominados. Sobre este tema, Engels faz a seguinte análise da guerra entre a Inglaterra e a China:

“mas o que acontecerá se os chineses engajarem contra as tropas britânicas uma guerra nacional e se seu barbarismo fosse completamente destituído de escrúpulos para lançarem mão das únicas armas que sabem utilizar?

Os chineses do presente possuem evidentemente um espírito diferente daquele que mostraram na guerra de 1840 a 1842. Na época, o povo era calmo e deixou que os soldados do Imperador chinês combatessem os invasores e, após a derrota, se submeteram ao inimigo com um fatalismo oriental. Mas no presente, ao menos nas províncias meridionais onde o conflito até o presente está circunscrito, a massa do povo toma parte ativa, de forma fanática, na luta contra os estrangeiros. Os chineses envenenam o pão da colônia européia em Hong-kong, no atacado e com a mais fria premeditação (alguns pães foram enviados a Liebig para exame. Encontraram vestígios de arsênico, o que mostra que já havia sido incorporado à massa. No entanto, a dose de arsênico era tão forte que provocava vômito e neutralizava os efeitos do veneno). Eles embarcam com armas escondidas a bordo dos vapores de comércio e, no meio da rota, massacram a tripulação e os passageiros europeus e tomam o navio. Eles seqüestram, roubam e matam todo estrangeiro ao alcance da mão. Mesmo os trabalhadores (coolies) que emigram para países estrangeiros se amotinam e, coordenadamente, a bordo de todos os barcos de emigrantes; lutam por seu controle e preferem ir para o fundo com a embarcação em chamas, mas não se rendem... A política de pirataria do governo britânico provocou este ataque violento universal de todos os chineses contra todos os estrangeiros e lhe deu o caráter de uma guerra de extermínio.

O que pode fazer um exército contra um povo que recorre a tais meios de luta? Onde, até onde, poderá penetrar no campo inimigo, como poderá lá manter-se? Os negociantes civilizados que bombardeiam cidades indefesas, estupram e matam podem condenar este sistema como covarde, bárbaro e atroz; mas que importância darão os chineses a esta condenação a seus métodos se forem bem sucedido? Dado que os britânicos os tratam como bárbaros, não podem negar-lhes o benefício completo do seu barbarismo. Se seus seqüestros, seus ataques de surpresa, seus massacres noturnos são o que nós chamamos de covardes, os negociantes civilizados não deveriam esquecer-se nas suas dissertações que os chineses não poderiam resistir aos meios de destruição europeus fazendo uso de seus meios de guerra ordinários.

Resumindo, em lugar de falar de moralidade sobre as horríveis atrocidades dos chineses, como o faz a empavonada imprensa inglesa, faríamos melhor em reconhecer que se trata de uma guerra pro aris et focis [pelos nossos altares e lares], uma guerra popular pela conservação da nacionalidade chinesa, com todos os seus preconceitos ultrajantes, estupidez, ignorância, seu barbarismo pedantes, como queiram, mas, de qualquer modo, uma guerra do povo. E numa guerra popular os meios empregados pela nação insurgente não podem ser vulgarmente avaliadas segundo as regras de conduta reconhecidas em uma guerra regular, nem segundo qualquer padrão abstrato, mas apenas pelo grau de civilização da nação insurgente.

Mas onde está o exército para formar uma base de operações fortificada e guarnecida de tropas na costa [chinesa], para superar todo obstáculo no caminho, para deixar destacamentos encarregados de assegurar as comunicações com o flanco e seguir em bom estado e bem preparado, com todo poderio de uma força formidável diante das defesas de uma cidade do tamanho de Londres, situada a uma centena de milhas da base de apoio deste exército?” (A Pérsia e a China, maio de 1857).

Assim como os chineses não dispunham das condições logísticas para edificar um exército capaz de defender seu país e marchar para o combate contra o inimigo colonizador em Londres, também os afegãos barbarizados por séculos de guerras e dominação não dispõem de condições de enfrentar em uma guerra regular e ordinária o inimigo invasor e menos ainda de marchar com um exército em direção a Nova Iorque. Nem por isto renunciaram à própria defesa, optaram então pelo seqüestro das aeronaves de passageiros estadunidenses e lançaram-se com elas para a morte contra os símbolos maiores da dominação econômica e militar dos EUA.

Assim como Engels, Lenin saiu em defesa dos métodos guerrilheiros contra a condenação moral dos socialistas filisteus aos mesmos.

“Dizem: as ações de guerrilhas desorganizam o nosso trabalho. Apliquemos este juízo à situação depois de dezembro de 1905, à época dos pogroms das centúrias negras e do estado de sítio. O que é que desorganiza mais o movimento em tal época: a ausência de resistência ou a luta de guerrilhas organizada? Comparemos a Rússia central com a sua periferia ocidental, como a Polônia e o território letão. É indubitável que o movimento revolucionário em geral e o movimento social-democrata em particular estão mais desorganizados na Rússia central do que sua periferia ocidental. Naturalmente que não nos passa pela cabeça concluir daqui que o movimento social-democrata polaco e letão estão menos desorganizados graças à guerra de guerrilhas. Não. A única coisa que daqui decorre é que a guerra de guerrilhas não é culpada da desorganização do movimento operário social-democrata na Rússia de 1906”. (Lênin, A Guerra de Guerrilha, setembro de 1906).

Assim como também nenhuma organização de resistência guerrilheira, seja na Colômbia seja no mundo árabe, com todos os seus desvios e programas reacionários, pode ser culpada pelo fato de que os que se dizem marxistas revolucionários traíram a luta antiimperialista e socialista renunciando a construir o partido mundial da revolução socialista no seio das massas mais oprimidas do planeta, superando as ilusões depositadas pelas mesmas nas organizações de resistência alheias ao programa marxista.

Também os trotskistas na década de 1930 seguiram o mesmo método analisando os atentados a bomba na luta de libertação nacional irlandesa contra o imperialismo britânico. Reproduzimos um trecho da revista norte-americana da IV Internacional na época de Trotski, The New International, publicada pelos trotskistas da Liga Comunista da América (Communist League of America - CLA) e, posteriormente do Partido Socialista dos Trabalhadores (Socialist Workers Party - SWP) de 1934 a 1936 e de 1938 a 1940. Na análise do levante das massas irlandesas em 1939, um dos redatores da revista, William Morgan, assinalou:

“Bombas estão explodindo novamente na Irlanda e na Inglaterra. Sob o próprio nariz do Ministério do Interior em Londres, sob o monumento aos reis ingleses em Belfast, sob as paredes das prisões onde milhares de patriotas irlandeses cumpriram suas penas e sob os escritórios alfandegários ao longo da fronteira do Ulster, explosões altas e repentinas marcam o 23º aniversário da Semana da Páscoa. E estas explosões não são meramente comemorativas. Elas servem para lembrar o mundo da luta pela independência nacional de um povo que combate sem tréguas por setecentos anos contra o mais poderoso e impiedoso opressor de todos os povos coloniais: a classe dominante do Império Britânico.

Ao compreender que, sem as forças combinadas da classe operária irlandesa e dos trabalhadores ingleses e as forças revolucionárias nas colônias, a independência nacional não pode ser conquistada completamente, não podemos simplesmente dispensar os bombardeios atuais como inúteis ou reacionários. Eles não são meros atos isolados de violência cometidos por indivíduos consternados e frustrados. Eles são, pelo contrário, cuidadosamente planejados e conduzidos de acordo com um plano organizado elaborado por revolucionários que, eles mesmos, admitem que as bombas são apenas o primeiro passo na renovação da luta. Estes homens sabem e estão se planejando para os passos necessários para unir as forças de oposição. As bombas estão servindo para chamar a atenção para o Exército de Ocupação agora na Irlanda e o retorno da repressão que precedeu a última guerra. Os revolucionários em toda parte devem se mobilizar para apoiar o movimento para arrancar a liberdade e a independência do ‘maior senhor de terras da Europa’ e, assim, ao desferir um golpe no coração da maior potência imperialista do mundo, liberar as forças da revolução em todos os países coloniais antes que a guerra engolfe a humanidade em uma luta para destruir a si mesma pelos lucros e o poder do capitalismo" (The New International, vol. V, nº 4, abril de 1939).

Não nos surpreenderá que os “11 de setembro” do futuro sejam ainda mais sanguinários do que o primeiro. O século que leva a sua marca está só começando e a opressão extremada imperialista e secular que motivou os atentados não alivia a dor das massas sequer por um breve instante, pelo contrário, se recrudesce mais e mais a cada dia. O que pode se esperar do povo afegão depois do massacre de mais de 400 prisioneiros desarmados quando se revoltaram no forte de Quala-e-Jhangi e depois que um número maior tenha tido a mesma sorte na tomada de Tora Bora? O que podem os EUA esperar do povo iraquiano depois das torturas do complexo penitenciário de Abu Ghraib e dos massacres de Basra? O que podemos esperar da ira palestina depois dos bombardeios com urânio empobrecido, dos massacres, das expansões colonas, do massacre da frotilha de solidariedade internacional que carregava medicamentos pelo exército nazi-israelense?

De forma visionária e quase exclusiva na autêntica intelectualidade marxista, o sociólogo Octavio Ianni assim classificou os atentados de 11 de setembro em sua última entrevista concedida a Folha de São Paulo antes de seu falecimento. “A inquietação social, política e cultural é intensa e pode resultar em protestos espetaculares. Classificar os atentados como loucura terrorista é simplificar o problema. Os atentados têm raízes nas condições sociais extremamente difíceis experimentadas por povos agredidos pelas corporações transnacionais e que estão sendo induzidos a entrar na globalização a ferro e fogo. O ataque de 11 de setembro atingiu dois pilares simbólicos dos EUA: o militar, com o ataque ao Pentágono, e o financeiro, no ataque às torres gêmeas... [os] atentados foram ações revolucionárias. O que importa numa ação dessas não são as intenções dos agentes.”

OS REVISIONISTAS SE ESCONDEM ATRÁS DA CONDENAÇÃO AO “TERRORISMO INDIVIDUAL”, DAS TEORIAS DO “AUTO-ATAQUE” E DOS “DOIS DEMÔNIOS”.

Caracterizando o 11/09 como um mero ato de “terrorismo individual”, a esquerda que se diz antiimperialista esgrima um diagnóstico propositadamente errado para sacar uma conclusão covarde, muitas vezes camuflada de citações marxistas de crítica a este método. Seguindo neste raciocínio, dizem que é preciso repudiar igualmente os atentados terroristas e as guerras de Bush, condenando assim os “dois demônios” e situando-se bem longe da luta real em um terceiro campo ideal acima do bem e do mal. É uma teoria típica do pacifismo pequeno burguês. A maioria das organizações que se dizem dos trabalhadores a adotaram.

Uma outra teoria criada para fechar uma explicação e lavar completamente as mãos acerca do necessário posicionamento frente ao ato político em si, é a de que os ataques foram planificados na própria Casa Branca, na CIA e no Pentágono. Quem primeiro propagou a teoria do auto-ataque em escala cinematográfica foi a ala democrata do próprio imperialismo, através do cineasta Michael Moore com o seu Fahrenheit 11/09. Moore acusou em seu documentário ao governo republicano de ter sido conivente com os atentados. Em 2004, o cineasta suplicou publicamente, ajoelhado, em rede de TV, para Ralph Nader não concorrer às eleições presidenciais daquele ano a fim de não dividir os votos de esquerda da oposição anti-Bush; naquela eleição ele apoiou a pré-candidatura democrata do general Wesley Clark e em 2008 apoiou Obama.

Os grupos mais organizados a sustentar estas teorias, como o 911Truth.org, reúnem até parentes dos mortos e dos atentados e apresentam declarações de arquitetos e engenheiros. Sobre o WTC, sustentam que as torres caíram por implosões controladas, acionadas após a coalizão dos aviões. No caso do ataque ao Pentágono, os defensores do auto-ataque vão mais além, negam até que foi uma aeronave que atingiu o prédio, afirmam que a explosão de parte da fortaleza central do comando planetário do imperialismo que matou 125 funcionários da instituição só poderia ter sido obra de um míssil lançado pelos próprios EUA. Tais “teóricos” possuem dificuldades para explicar a existência de uma lista de 64 pessoas (passageiros, tripulantes e guerrilheiros) mortos com parentes vivos que confirmam que eles estavam no vôo e o encontro de uma caixa preta e dos destroços do avião.

Esta teoria despreza qualquer possibilidade de contra-ataque militar por parte dos povos oprimidos ao imperialismo e reforça o mito da invulnerabilidade do território continental dos EUA.

Depois de todos os golpes militares patrocinados pela CIA mundo afora, do treinamento aos ditadores e torturadores fornecido pela Escola das Américas, do pinochetismo, de Guantánamo,... não apostamos que existam limites para a crueldade do imperialismo ianque, que inclui na lista de suas vítimas a própria população estadunidense, muitas vezes cobaia e carne de canhão do grande capital ianque. Não duvidamos que a guerra civil preventiva contra os povos oprimidos seja a atual doutrina do Estado imperial e que Bush poderia ser tão facínora quanto Nero ou Hitler, tendo o primeiro ateado fogo em Roma e o segundo queimado o parlamento alemão para culpar cristãos e comunistas, respectivamente. No entanto, vejamos como esta teoria é falsa e só beneficia aos próprios EUA.

É verdade também que Bush precisava de uma nova guerra para alimentar o complexo militar industrial e se apropriar de uma parcela maior de petróleo planetário, pois os países muçulmanos possuem 66% do total das reservas petrolíferas enquanto os EUA mal possuem 2% das reservas de petróleo do planeta. O Iraque possui cinco vezes mais petróleo que os EUA e, a Líbia, duas vezes. Após os atentados foi desatada a “guerra ao terror” que para ser vencida precisava da recolonização dos países islâmicos, recolonização que Obama continua agora sob o manto da “primavera árabe”. Ou seja, é verdade que o imperialismo precisava da nova cruzada desatada pelos falcões de Bush que passou a ser justificada em nome de proteger a América de outros 11 de setembro.

Todavia, para um Estado imperial, é preciso guarnecer a qualquer custo o mito de sua invulnerabilidade. Particularmente para os EUA, a invulnerabilidade de seu território, expressão de sua incontestável superioridade militar é a espinha dorsal que lastreia o valor do dólar desde o fim do acordo de Bretton Woods. Assim como tempo é dinheiro, a invulnerabilidade é capital político e em espécie. Como podem os papéis pintados e carimbados pela Casa da Moeda estadunidense (o FED) terem um valor inconteste, como pode os EUA imporem ao mundo a sua condição de xerife planetário e como pode dispor do medo das potências imperialistas concorrentes se suas próprias defesas conspiram e se auto-atacam levantando suspeitas de sua capacidade de defender seu território, seus símbolos econômicos e, sobretudo, seus quartéis generais da CIA e do Pentágono onde justamente se formula o seu domínio militar sobre o planeta?

A importância fundamental deste acontecimento foi justamente o fato de ter posto em questão que o gigante que a todos domina tem pés de barro, tem um calcanhar de Aquiles. Como declarou o sociólogo Octavio Ianni:

“Eu acho que devemos analisar com frieza, com objetividade o que aconteceu no dia 11 de setembro. Então, vejam bem, um ataque terrorista, que ganha significado, eu vou mais adiante, que ganha o significado de um ato político, pela reação que se adotou. Agora, quando nós recuperamos o que é a história do predomínio, da hegemonia norte-americana no mundo, desde 46, nos damos conta de que foi destroçada a experiência de Arbenz na Guatemala, foi destroçada a experiência de Sukarno na Indonésia, foi destroçada a experiência de Allende no Chile, etc.

[A hegemonia norte-americana] começou a ser posta em causa no dia 11 de setembro de 2001

O que aconteceu no dia 11 foi o seguinte: as elites norte-americanas descobriram que os Estados Unidos são vulneráveis. Isso é um fato político da maior importância na história do mundo. E mais, no dia 11 de setembro, o mundo descobriu que a soberania norte-americana no mundo é vulnerável.

Não, é cedo, ainda é cedo. Mas não vamos ser ingênuos de imaginar que a hegemonia norte-americana é perene. Não nos iludamos. A soberania holandesa declinou, a soberania alemã declinou, a soberania do estado czarista declinou, a soberania dos Estados Unidos vai declinar. Isso é um dado da história. Tudo é histórico. Então, não há por que nós nos impressionarmos com o fato de que, de repente, um maluco resolveu mostrar que os Estados Unidos são vulneráveis. Isso não tem nada demais, é um dado da história. Caiu a Bastilha, caiu o Muro de Berlim, caíram as torres gêmeas do World Trade Center

É provável que o que houve no dia 11 de setembro seja um fato muito mais relevante do que parece, pelas suas implicações posteriores e pelas suas raízes. Porque, não nos iludamos, se aconteceu o que aconteceu, é porque algo muito grave estava acontecendo no mundo. Não se trata apenas da loucura de um indivíduo. Trata-se de processos, de impasses, de problemas extremamente graves.” (Entrevista coletiva do sociólogo Octavio Ianni ao programa Roda Viva, 26/11/2001, http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/45/entrevistados/octavio_ianni_2001.htm).

A “PRIMAVERA ÁRABE” E A AL QAEDA

A Casa Branca e seus meios de comunicação do mundo todo tem repisado a argumentação de que uma vez que não se vê nenhuma vinculação entre a Al Qaeda e a primavera árabe, está provado que o grupo guerrilheiro não tem nenhuma expressão popular e que o anti-americanismo dos atentados de 11 de setembro de 2001 não representa o legítimo sentimento das massas árabes. Portanto, as massas árabes não seriam antiimperialistas nem anti-sionistas. Não? Primeiro que a tão propalada "primavera árabe" ainda não produziu nenhuma mudança de regime na África ou no Oriente Médio. Na Tunísia e no Egito o que se vê são governos cotinuístas que amortecem as aspirações populares com a combinação de repressão e promessas de medidas democráticas para o futuro. Inclusive no Egito, o odiado ditador Mubarak que representava a fachada civil para o regime militar deu lugar ao regime militar escancarado. Mas, de súbito, rompendo a calmaria estabelecida pela manipulação da “primavera” e a contenção imposta pelo “novo” governo títere militar, os manifestantes egípcios acabam de invadir a Embaixada Israelense no Cairo e atear fogo em duas viaturas de polícia após uma tensa semana em que “as relações entre os dois países atravessam uma fase delicada desde a morte de cinco policiais egípcios assassinados em 18 de agosto em um ataque das forças israelenses na região de Eliat, que faz fronteira com o Egito. O Egito foi o primeiro país árabe a fazer um acordo de paz com o Estado hebreu em 1979.” (AFP, 09/09/2011).

Mas engana-se quem pensa que a Al Qaeda ficou de fora da “primavera árabe” e engana-se mais ainda quem pensa que ela anda atuando em conformidade com seus discurso contra os interesses do imperialismo na região...

FRANKSTEIN E A AUSÊNCIA DA DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA

Embora, como nos ensinou Octavio Ianni, a intenção dos agentes tenham pouco valor diante dos desdobramentos de suas ações, para nós marxista vale a pena entender um pouco mais sobre sua natureza. E para não dizer que desprezamos completamente os mitos, ilustraremos o fenômeno da Al Qaeda com um mito mundial: Frankstein.

Pela carência de uma força política autenticamente revolucionária que canalizasse todo o ódio das massas oprimidas contra a opressão imperialista a história se utilizou de forças fundamentalistas burguesas, os Talibans e a Al Qaeda, para executar o mais espetacular dos ataques ao imperialismo. Por ironia da história, a Al Qaeda que foi patrocinada pelo imperialismo na década de 1980 contra a ocupação do Afeganistão pela URSS, na década seguinte, expressaria todo o seu ódio contra a opressão imperialista que sofreram após a expulsão das tropas soviéticas e a primeira guerra do golfo.

O mesmo Saddan Hussein, armado pelos EUA durante a Guerra Iraque X Irã vem a ser o inimigo número um da Casa Branca poucos anos depois.

Na Palestina, temos outro exemplo histórico de quando a criatura se volta contra o criador. A princípio, antes da primeira intifada (1988), EUA e Israel estimularam a existência do Hammas para impulsionar um “contrapeso” fundamentalista contra a influência da OLP na Palestina. Mas, entre 1995 e 2006, com a degeneração pró-imperialista da OLP, o Hammas passa a representar para amplas massas palestinas uma organização de resistência contra Israel por coordenar atentados suicidas e lançamentos de mísseis Qassam contra alvos israelenses, até vencer a maioria das cadeiras para o Parlamento palestino em 2006.

Depois do 11/09 dezenas de outros atentados foram supostamente assumidos ou atribuídos a Al Qaeda. É fato também que alimentar a existência de um inimigo perigoso serve para justificar os investimentos de quase U$ 5 trilhões na “guerra ao terror”.

Mas, o filho pródigo a casa torna, a mesma Al Qaeda que é perseguida mundialmente pela CIA, pelo menos na Líbia, por alguns dólares e por uma espécie de pragmatismo burguês fundamentalista que aspira fazer da Líbia uma nação teocrática como pretenderam no Afeganistão, recebe armamentos da mesma CIA para participar da ação golpista contra o regime de Gadafi ao lado da CNT. Segundo reporta Thierry Meyssan: “Sábado, 20 de Agosto, às 20 horas, ou seja, durante o Iftar, quando os muçulmanos se reúnem para quebrar o jejum do Ramadan, a OTAN lançou a "Operação Sirene". As Sirenes são os alto-falantes das mesquitas que foram utilizados para lançar um apelo da Al Qaeda à revolta. Imediatamente células adormecidas de rebeldes entraram em ação. Tratava-se de pequenos grupos muito móveis, que multiplicaram os ataques. Os combates da noite fizeram 350 mortos e 3000 feridos. A situação estabilizou-se na jornada de domingo. Um barco da OTAN atracou ao lado de Trípoli, entregando armas pesadas e desembarcando jihadistas da Al Qaeda, enquadrados por oficiais da Aliança. Os combates reiniciaram-se à noite. Eles atingiram uma rara violência. Os drones e os aviões da OTAN bombardeiam todos os azimutes. Os helicópteros metralham as pessoas nas ruas para abrir o caminho aos jihadistas.” (Carnificina da OTAN em Trípoli, Global Research, 22/08/2011).

A Al Quaeda, a guerrilha heterogênica que mais funciona como uma franquia, e da qual algumas células na Alemanha e EUA cumpriram nos ma missão relativamente progressista na luta antiimperialista há dez anos, realiza hoje, na Líbia, uma missão completamente reacionária, corrompida e a serviço do mesmo imperialismo e deve ser derrotada por uma autêntica luta de resistência antiimperialista assim como ao CNT e o conjunto da coalizão pirata da OTAN.
 
A CAMINHO DO IV REICH

Marines dos EUA com bandeira nazista em Sanin,
noAfeganistão, em setembro de 2010
A característica essencial do fascismo é o fato de ser uma guerra civil preventiva das classes dominantes contra os explorados e oprimidos pelo capitalismo. Na “guerra ao terror” desencadeada por Bush e continuada por Obama foi lançado mão dentro dos EUA e em escala global de métodos que antes a CIA aplicava no interior dos Estados nacionais por intermédio de governos militares de países da América Latina, Ásia, África.

A exemplo da multinacional do terror Estatal imposta na América Latina durante a década de 1970, a “guerra ao terror” do século XXI criou uma versão ampliada da “Operação Condor”. Em escala global foram capturando pessoas em qualquer parte do mundo sem ordem ou processo judicial para colocá-las em campos de concentração clandestinos, não somente em Guantánamo, mas também na Romênia, Polônia, Lituânia, Iraque, Tailândia, além de prisões especiais no Afeganistão. A expressão mais macabra e conhecida destas operações fascistas foram o julgamento e execução de Saddan Hussein e a caçada e execução de Osama Bin Laden.

No “país das liberdades individuais”, os EUA, foram suprimidas as dissidências internas, para vigorar amplamente a espionagem doméstica, a tortura, a anulação de garantias constitucionais, liberdades civis e direitos humanos. Foram realizadas batidas policiais em massa contra muçulmanos dentro dos EUA. O governo ordenou o registro de todos os homens muçulmanos entre 18 e 25 anos de idade originários primeiro de nove países e depois de 19. Nos últimos dez anos, os EUA realizaram mais guerras, mais ataques e ocuparam mais países que em qualquer outro momento de sua história (Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Yemen, Somália, Haiti, Palestina, Líbano) e para quem acreditava que as quarteladas na América Latina eram coisa do passado, orquestrou um golpe militar em Honduras.

Apesar das promessas de Obama de desativação de Guantánamo ou de retirada das tropas do Iraque, a máquina mortífera criada por Bush segue funcionando e aprimorando-se. O contingente militar ianque no Iraque apenas muda de farda, trocando o uniforme militar oficial pelo das multinacionais mercenárias paramilitares como a Blackwater e outras tantas.

No Afeganistão, a administração do Partido Democrata triplicou o legado de Bush para 100 mil soldados invasores e assim como a manutenção de Guantánamo contraria as promessas, não duvidamos que sejam criadas novas justificativas contra a retirada das tropas prometidas para 2012, ainda mais agora com a nova crise econômica exigindo novos investimentos em forças destrutivas. Os EUA e a OTAN instituíram seu direito a matar qualquer suspeito de terrorismo em qualquer parte do mundo com um drone (avião não tripulado). O jornalista especialista em armamentos Roberto Godoy, destaca que os drones ou UAVs na sigla em inglês “representam a mais importante revolução tecnológica decorrente dos atentados de 2001.” (O Estado de São Paulo, 04/09/2011). O drone mais avançado dos 47 modelos existentes é o RQ-4 Global Hawk, da Northroup Gruman, que custa US$ 39 milhões e possui autonomia de vôo de 36h, podendo decolar de uma base afegã e ser pilotado de bases terrestres nos EUA. “Só em 2010, estima-se que aviões não tripulados dos EUA tenham atacado 120 vezes o Paquistão, suposto aliado dos EUA contra a Al Qaeda. Entre 600 e 1000 pessoas teriam morrido” (idem). Os drones são uma força aérea robô que reduzem o número de baixas militares e os custos políticos internos da guerra para o imperialismo invasor4. No entanto, diante desta imensa superioridade militar do IV Reich, alguns filisteus buscam impor limites morais para as ações de resistência dos povos oprimidos.

SÓ A RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL PODE DETER O IV REICH
Apesar de ações ousadas como o 11 de setembro e até de excepcionalmente poderem derrotar os invasores de forma episódica e defensiva como ocorreu no Líbano em 2006, as direções burguesas como o Hezbollah, Taliban, Al Qaeda, Saddan Hussein, Gadafi, Assad ou o governo teocrático iraniano, traem a luta pela libertação nacional e tendem a capitular ante a ofensiva imperialista. Seu programa não serve para emancipação das massas mas para aliená-las de seus interesses históricos. Isto coloca inteiramente a responsabilidade por realizar uma luta de libertação nacional conseqüente nas mãos da direção do proletariado.

Somente o proletariado organizado como partido revolucionário pode conduzir a luta pela plena independência política e econômica do país em direção ao estabelecimento de um Estado operário. Somente a unidade classista e internacionalista entre as massas oprimidas e o poderoso mais estupidificado e adormecido proletariado estadunidense pode derrotar o imperialismo ianque, assentando o golpe de misericórdia no coração do monstro imperialista. Com esta perspectiva estamos inteiramente solidários as suas lutas imediatas e econômicas deste momento contra os bilionários cortes efetuados por Obama que castigarão ainda mais os já castigados setores mais precarizados da classe operária estadunidense. O grande vilão responsável por qualquer legítima reação furiosa dos povos oprimidos contra os EUA é a nazista classe dominante ianque, a ela deve ser cobrada a conta pelas mortes do 11 de setembro. Estamos confiantes que o dia o proletariado mundial fará estes senhores pagarem tudo o que devem, para isto, deve ficar claro que apesar de defenderem o legítimo direito da resistência recorrer às armas que souberem e puderem manejar nesta guerra global, nenhuma ação, por mais espetacular que seja, poderá por si só realizar a tarefa titânica que só pode ser realizada por obra da revolução proletária. Somente um autêntico e destemido partido antiimperialista mundial poderá cumprir esta tarefa, este partido, dos marxistas revolucionários de nosso tempo, é a IV Internacional comunista reconstruída.


Notas de rodapé:

1. Com as derrotas históricas das greves a) dos controladores de vôo dos EUA em 1981, quando 12 mil foram demitidos sumariamente após 48h de iniciada a paralisação furada pela burocracia da AFL-CIO e b) dos mineiros britânicos em 1984-85, através de uma verdadeira operação de guerra interna, chamada na época de “Falklands-Malvinas sindical”, a maior operação anti-greve desde a greve geral de 1926 onde uniram-se a sabotagem da aristocracia sindical do TUC e a selvagem repressão policial

2. A corrida armamentista, a aposta na economia destrutiva produziu efeito inverso nos EUA e na URSS, ou seja em um Estado capitalista e em um Estado operário. O armamentismo, ao destruir as forças produtivas dinamiza a economia imperialista, queimando capital constante e reduzindo os efeitos da crise de superprodução. Mas, na economia do Estado operário, isolado pela política de “socialismo em um só país” da burocracia stalinista, contribuiu fortemente para exaurir a economia da URSS e dos países do Pacto de Varsóvia, pavimentando o caminho da restauração capitalista.

3. É errôneo afirmar que foi o primeiro ataque em seu território continental. Pancho Villa foi o primeiro a “invadir” os EUA em represália a ingerência dos EUA sobre o México em apoio ao governo inimigo de Villa e do campesinato pobre, Carranza. Villa tomou de assalto a pequena cidade de Columbus no Novo México que abrigava, nas suas proximidades, um forte de cavalaria em Camp Furlong, com uns 350 milicianos. Na madrugada do dia 9 de março de 1916, as tropas de Villa, uns 500 homens atacaram o forte, saquearam e atearam fogo na cidade. No dia seguinte, as manchetes dos jornais norte-americanos estamparam com estardalhaço o acontecimento. Villa havia sido o primeiro guerrilheiro em toda a história a invadir os Estados Unidos. Foi um pandemônio e o presidente ianque, Woodrow Wilson, ordenou uma expedição punitiva para caçar Villa. Pancho Villa tornou-se o primeiro inimigo dos Estados Unidos a ser caçado implacavelmente no exterior. Tratou-se da maior operação militar que os norte-americanos fizeram desde o fim da guerra contra Espanha em 1898 com aviões, caminhões e veículos de combate, além de uma força expedicionária de 4.800 homens. Em 21 de junho de 1916, um destacamento norte-americano desentendeu-se com a população do lugarejo que resistiu à passagem de soldados estrangeiros por dentro da sua cidade, havendo troca de tiros e mortes das duas partes. Este incidente quase levou os EUA a declarar a guerra contra o México. Mas, reconhecendo a inutilidade da expedição punitiva e o desgaste que a presença das tropas norte-americanas trazia tanto para o governo dos EUA quanto para o colaboracionista governo mexicano de Carranza, Wilson decidiu retirar seus soldados que já chegavam a 10.690 homens do solo mexicano.

4. Segundo o historiador Moniz Bandeira em Carta Maior, 06/09/2011, os drones já mataram, desde 2001, mais de 2.000 supostos militantes e civis. O presidente Obama incrementou essas operações, sem arriscar a vida de soldados, bem como o emprego de uma outra organização militar, que matou e interrogou mais supostos terroristas e Talibans do que a CIA, desde 2001. Trata-se do Joint Special Operations Command (JSOC), à qual está subordinada a U.S. Navy SEAL’s (Sea, Air and Land Teams), integrante do Comando de Operações Especiais (USSOCOM), unidade encarregada de operações terrestres e marítimas, guerra não-convencional, resgate, terrorismo e contra-terrorismo etc. Foi um comando do SEAL’s que assassinou Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2 de maio de 2011. O tenente-coronel John Nagl, assessor de contra-insurgência do general David Patraeus no Afeganistão, considerou o JSOC uma maquina de matar contra o terrorismo em uma escala quase industrial ("an almost industrial-scale counterterrorism killing machine"). Trata-se, na realidade, de um comando de esquadrões da morte do Pentágono. Comandos do SEAL’s atuaram na Líbia, assim como da Direction générale de la sécurité extérieure (DGSE), da Brigade des forces spéciales terre (BFST), subordinada ao Commandement des opérations spéciales (COS), M16 (Inteligence Service) e Special Air Service SAS (Special Air Service) como se fossem árabes, os chamados “rebeldes” não teriam avançado muito além de Bengasi. No dia 20 de agosto, dia em que acabou o jejum do Ramandan, um navio da OTAN desembarcou no litoral da Líbia com armamentos pesados, antigos jihadistas e tropas especiais do JSOC, dos Estados Unidos, BFST, da França, e SAS, do Reino Unido, sob o comando de oficiais da OTAN, que procederam à conquista de Trípoli.
Esse foi o resultado da Resolução 1.973, do Conselho de Segurança Nacional, autorizando a Santa Aliança (Estados Unidos, Inglaterra e França) a proteger os civis na Líbia e que ela aproveitou para legitimar o direito de intervenção humanitária, para defender seus próprios interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos no Mediterrâneo. Os objetivos de Obama são os mesmos de Bush, atendendo aos interesses do complexo industrial-militar. Sem agir unilateralmente, ele deseja realizá-los, transformando por meio da OTAN, de forma a repartir os custos com seus membros, principalmente Inglaterra, França e Alemanha, a fim de evitar que a guerra seja percebida como entre os Estados Unidos e a Líbia ou outro qualquer país.

Em breve serão publicados os outros textos do ESPECIAL 11/09/2001-2011:

2ª E 3ª PARTE DO ESPECIAL 11/09/2001-2011:
PARTE 2/3 - A MATEMÁTICA DOS CARNICEIROS TERRORISTAS IMPERIALISTAS
PARTE 3/3 - UM NOVO ETAPISMO DE UMA FRENTE ÚNICA PRÓ-IMPERIALISTA COM OS MERCENÁRIOS DA CIA NA LÍBIA - EM ÉPOCAS DE REAÇÃO TRIUNFANTE COMO A ATUAL, A “OPINIÃO SOCIALISTA” DA PEQUENA BURGUESIA SEGUE A REBOQUE DA “OPINIÃO PÚBLICA” IMPERIALISTA.