quinta-feira, 30 de abril de 2020

GOVERNO BOLSONARO: O QUE É E COMO AINDA SE SUSTENTA

Cachorro louco dos banqueiros, blindado pelos militares



O governo de Bolsonaro conduz a população brasileira para a morte. O coronavírus tornou-se um aliado incidental na guerra de classes. O fenômeno do bolsonarismo ascendeu ao poder após um golpe de Estado parlamentar (2016) e uma fraude eleitoral (2018).

É um tipo de nazismo colonial contemporâneo. Nacionalista de palavras, entreguista ao extremo na prática, por ser colonial. Sob orquestração dos EUA, no governo Trump, foi implantado no país com a mais profunda tradição escravocrata da era burguesa. O Brasil foi onde a escravidão teve maior tempo de duração e a maior quantidade de pessoas foram escravizadas.

Bancos e Balas

O governo Bolsonaro é apoiado politicamente pelos generais e socialmente pelos banqueiros, os beneficiou com cargos e capital como nenhum outro na história.

No quesito retorno sobre o patrimônio (ROE, Returno n Equity em inglês), os bancos brasileiros apresentam o melhor resultado dentro de uma amostra de 45 instituições com mais de US$ 100 bilhões em ativos totais, compilada pela Economatica. Santander, Itaú, Bradesco e BB. Tiveram entre 17 e 19% de ROE.



Para a fração mais precarizada da classe trabalhadora, o governo (in) disponibilizou o miserável auxílio de 600 reais. E mesmo assim, com restrições imensas para liberar. Supostamente, se vier a pagar mesmo para os trabalhadores informais essa quantia, a equipe econômica disponibilizaria 98 bilhões de reais ao governo. Também, supostamente e segundo a equipe econômica, isso beneficiaria 54 milhões de brasileiros.

Para os banqueiros, a fração mais rica da burguesia, logo no dia 23 de março, o governo baixou um pacote para liberar R$ 1,216 trilhão. O que corresponde a 16,7% do PIB. Esse volume de dinheiro é quase 10 vezes maior do que o movimentado na crise de 2008. Na época, o BC proveu liquidez de R$ 117 bilhões, o equivalente a 3,5% do PIB.

Por sua vez, essa ajuda aos pobres banqueiros ameaçados pela crise dada pelo governo do PT em 2008 foi quatro vezes maior do que o escandaloso PROER, o pacote de ajuda aos bancos do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que somou R$ 28 bilhões.

O atual governo é o mais militarizado de toda a história do país. Pelo menos 2.500 militares ocupam cargo de chefia ou assessoramento em ministérios e repartições. Em relação ao ano de 2018, o crescimento foi de 13%. No governo Bolsonaro ampliou a presença militar em pelo menos 30 orgãos federais.

Por isso, suspeitamos que podem cair ministros da Casa Civil, da Educação, da Saúde, da Justiça,... Bolsonaro só cairá se uma das duas poderosas forças política (generais) e sociais (banqueiros) que o sustentam baixar o polegar. O governo também está estreitamente vinculado ao Pentágono. A cúpula militar brasileira integra, através de um general brasileiro, organicamente o Comando Sul do Exército dos EUA.

Também se apoia nas forças policiais e para policiais (milícias), que são mais numerosas que as forças armadas no Brasil. O Brasil possui uma longa tradição de esquadrões da morte que atuaram inclusive durante os governos do PT contra sem terras, sem tetos e indígenas.

O bolsonarismo não existe como força nacional, centralizada e partidária, mas o Capitão dirige um movimento nazista sem partido nazista, assessorado pelo governo Trump e estrategistas globais da extrema direita como Steve Bannon. Um governo pós-bolsonaro eliminaria esse componente lumpem, policial e miliciano que caracteriza organicamente o núcleo duro bolsonarista.

A base das massas do bolsonarismo, que articula o seu consenso social, são os setores vinculados à economia informal e com tendências pequeno burguesas, inclusive com níveis de consumo inferior ao proletariado, são potenciadas pela individualização e pelo empreendedorismo. Aí se desenvolvem, desde a instância ideológica, a teologia da prosperidade com o neopentecostalismo, a Igreja Universal e outras seitas que se associam a seita bolsonarista governante.

O governo sim, mas o Estado
ainda não se tornou neonazista

Governo e Estado não são a mesma coisa. É bem verdade que o governo se apoia nas tradições escravistas coloniais da formação do Estado brasileiro. Mas as aspirações ofensivas do governo ainda não converteram o Estado brasileiro num Estado fascista. As organizações dos trabalhadores não foram aniquiladas, o proletariado não foi reprimido fisicamente em larga escala, não estão ocorrendo prisões, torturas e deportações como em épocas de fascismo clássico. Não se impôs ainda um sistema de administração profundamente dominador das massas que impedisse a ação e organização independente do proletariado.

A força social capaz de derrubar o presidente miliciano seria a numerosa classe trabalhadora brasileira, mas essa possui direções politicas profundamente conciliadoras e aburguesadas por 15 anos de governo de colaboração de classes. As direções do PT, PCdoB, PSOL, CUT, MST, MTST apoiam sua política de conciliação no fato da classe trabalhadora estar na defensiva, pela recessão econômica (desemprego) e agora pela pandemia.

Os oportunistas propõem uma frente até com os militares, com alas do bolsonarismo contra Bolsonaro. Os sectários se opõem a frente com os oportunistas que dirigem o movimento de massas. Uma frente única com todas as organizações de massas da classe trabalhadora é necessária para exigir que essas direções lutem contra todo o regime golpista, para revisão de todas as medidas antioperárias e antipopulares. Uma frente única dos trabalhadores permite aos comunistas ampliar sua influência política junto as bases a partir da negativa dos oportunistas a realizar uma luta consequente pelo Fora Bolsonaro e Fora Mourão.

Nesses elementos residem a força do governo Bolsonaro. Sem resistência popular a altura da ofensiva do capital, o governo brasileiro é um laboratório da reação mundial contra a população. Não por acaso, foi no Brasil e não no México ou na Indonésia, semicolônias igualmente populosas, onde o coronavírus explodiu com maior profundidade dentre os países capitalistas atrasados e dependentes.

Tudo isso leva a crer que no Brasil o governo não está equivocado, mas já teria assumido conscientemente o massacre da população. Por isso, sua resposta diante do elevado número de mortos é: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”.

Frente única e Programa para a Pandemia 
Contra esse governo defendemos uma política de frente única antifascista dos trabalhadores, que reúna suas organizações de massa para a luta. O combate imediato é em defesa de amplos direitos trabalhistas, pela garantia de empregos e salários na quarentena assegurada economicamente pelo Estado e pelos patrões. Pela anistia completa das dívidas com o Estado e instituições financeiras, pela suspensão das tarifas de água, luz, telefone, internet, gás e aluguéis.

Que os capitalistas e seu Estado paguem pela crise de superacumulação capitalista. Pelo pagamento de um salário mínimo necessário do Dieese de R$ 4.483,20 (aproximadamente 780 dólares) como menor pagamento para toda a classe trabalhadora. Para os trabalhadores que não fazem parte dos serviços essenciais, como os operários da construção civil, mas que sendo obrigados a trabalhar, defendemos piquetes e greves que conquistem o direito a quarentena. Para os que desejam trabalhar ou fazem parte dos setores verdadeiramente essenciais (saúde, limpeza, abastecimento de comida), que lhes sejam garantidas as máximas condições de salubridade em equipamentos e adicionais salariais. Ao mesmo tempo, a quarentena deve assegurar a plena liberdade política de organização, reunião, para a classe trabalhadora.