domingo, 22 de setembro de 2019

O PLANO B DO IMPERIALISMO

O Imperialismo também tem um Plano B para Bolsonaro
Dória, o neotucanato fascistóide que alia-se a Moro a espreita da sua vez e Bolsonaro, que tem como estratégia uma ditadura miliciana
Muitos brasileiros suspeitam que as operações que provocaram a derrubada de Dilma e a eleição de Bolsonaro possuem o dedo dos EUA. Muitos acreditam que isso se deve a truculência de Trump, um empresário grosseirão que comanda a Casa Branca. Se os democratas estivessem no comando, o Brasil estaria sofrendo esse processo golpista. Lula estaria preso? Afinal, Obama admirava Lula, o chamou de “o cara” em uma reunião do G-20 em 2009 e o Brasil era mais respeitado no governo democrata.

Certamente, com os democratas no comando o curso tenderia diferente. Mas, em que medida diferente? Vamos verificar.

Após a crise de 2008, os EUA perderam parte da hegemonia que exercem sobre o processo de globalização da economia mundial. Em 2009, aproveitando-se da retração econômica nos EUA e União Europeia, a China projeta-se no mercado mundial e passa a ser a maior compradora e vendedora de mercadorias do globo. Grande parte da produção industrial dos próprios EUA havia sido transferida para a China no início desse século. Incapaz de enfrentar os EUA sozinha, a China se associa a uma série de outros estados oprimidos pelos EUA, como Rússia, Coréia do Norte, Irã, Venezuela, Cuba, ... conformando um bloco que tem como eixo central China e Rússia.

Sem conseguir recuperar o espaço perdido por vias pacíficas e democráticas, os EUA desencadeiam um contra-ataque apelando para golpes de estados e intervenções militares como só vistos nas décadas de 1960 a 1980. Começam por pequeno países de seu quintal latino-americano, Honduras e Paraguai, e seguem por grandes países da África, como a Líbia e da Europa, como a Ucrânia. Por fim, o processo melhor sucedido foi o do Brasil em 2016. Todos esses golpes ocorreram contra governos que haviam se aproximado desse eixo do mal centrado em torno da China e Rússia. Foram derrubados um a um e substituídos por títeres mais alinhados com os interesses de Washington que os anteriores. Muitas manobras dessa chamada guerra híbrida fracassam: como as tentativas de impeachment na África do Sul, de intervenção militar e o uso do Estado islâmico na Síria, de golpe militar na Turquia, as várias e multifacetadas tentativas na Venezuela. Todas acabam fortalecendo os laços desses países com o bloco eurásico.

O golpe de Estado no Brasil foi armado pelo imperialismo dos EUA, durante o governo Obama. Nem os mais ingênuos podem seguir acreditando que o presidente dos EUA não estaria sabendo nem teria que dar seu aval a um golpe de estado contra um país das dimensões do Brasil, no quintal dos EUA, ainda que fundamentalmente armado pelo Estado profundo (Deep State) e patrocinado pelos irmãos Koch. A reunião entre Kerry, Secretário de Estado dos EUA na época do golpe, e o tucano José Serra, então ministro interino das relações exteriores de Temer, responsável por afastar o Brasil dos BRICS e tirar da Petrobrás a preferência da exploração de petróleo dos blocos do Pré-Sal não deixa dúvidas sobre o apoio da Casa Branca ao impeachment. Na data da reunião, em três de agosto, o golpe havia sido aprovado na Câmara mais ainda não no Senado brasileiro. Kerry não encontrou-se com Temer e Obama evitou identificar sua imagem com a do impeachment, mas nada falou contra e tudo autorizou a favor. Isso era evidente para uma grande parte dos lutadores sociais no país, mas uma minoria até contribuiu com a desfaçatez da Casa Branca e do imperialismo. A mais pitoresca expressão desse tipo de política nociva a consciência da classe trabalhadora sem dúvida esteve com o PSTU e seu intelectual a época, Valério Arcary, que assegurou categoricamente que "os EUA não são a favor de um golpe" e até que "nenhum setor da classe dominante é a favor de um golpe de estado no Brasil". Como não poderia deixar de ser, a história foi impiedosa com essa organização política, estilhaçando-a sindical e partidariamente desde então.

Como revelou o Wikileaks desde 2013, Dilma e outros 29 membros de seu governo e a Petrobrás foram espionados pela agênciade inteligência NSA dos EUA. De posse de informações fundamentais, o Departamento de Justiça estadunidense recrutou e treinou Sérgio Moro para realizar a operação de lawfare (guerra jurídica) contra o Brasil e o governo do PT, através da Lava Jato. As denúncias da “Vaza Jato” do grupo Intercept desmascararam o trabalho sujo do juiz Moro orientador de procuradores corruptos como Dallagnol. Todavia, o Intercept, comandado por Glenn Greenwald e de propriedade de Pierre Omidyar, também dono da Ebay, a maior empresa de comercio eletrônico do mundo, nada quis revelar até agora sobre as relações entre Moro e os EUA, em oposição ao que fizera o Wikileaks ao expor as origens da Lava Jato.

O processo golpista não poderia ser bem sucedido sem o apoio da maioria dos três poderes do governo Dilma, o Congresso, o STF as Forças Armadas (sempre a postos para ameaçar o STF de intervenção militar cada vez que cogitava conceder habeas corpus para Lula), o vice presidente, representando amplas frações do capital nacional e dos setores mais reacionários da população brasileira.

Trump assumiu a Casa Branca em janeiro de 2017 e escolheu a ala golpista que mais se identificava com sua política. Nasceu então o candidato Bolsonaro, uma frente golpista que começou a se depurar após o início do mandato, podendo resultar no fortalecimento de uma ditadura empresarial miliciana ou no enfraquecimento e impeachment do Capitão.

Então, o golpe e o primeiro governo golpista foram orquestrados ainda na gestão democrata Obama-Hillary e teve como principais patrocinadores individuais os magnatas irmãos Koch, interessados em dilapidar a Petrobrás. Já o segundo governo golpista foi articulado pela extrema direita republicana que conseguiu modelar o mais lambe-botas dos EUA dentre todos os governos brasileiros.

Ao assumir a presidência, o empresário Trump era um outsider da política estadunidense, enquanto Bolsonaro fazia parte por três décadas dos esquemas do baixo clero da política brasileira. Nesse processo, o ex-capitão converteu-se de defensor dos interesses dos militares da reserva para defensor das milícias.

Bolsonaro possui como missão afastar-se dos BRICS, entregar as empresas nacionais através das privatizações de empresas como Embraer, BR Distribuidora, a base de Alcântara, liberar a exploração da Amazônia pelos EUA. A Lava Jato não apenas prendeu Lula, também quebrou todo o ramo das construtoras de grande porte, com Oderbrecht e OAS, que realizavam obras não só no país como no restante da América Latina, África e Ásia, deixando o terreno livre para companhias estadunidenses como a Halliburton.

Nem Macri nem Bolsonaro conseguiram realizar o desejo da Casa Branca de que os EUA voltassem a ser o principal parceiro comercial de seus respectivos países, como antes da crise de 2008. Desde 2009 a China é o principal importador de produtos brasileiros, 22% contra 11% dos EUA. E o principal país exportador, 19% contra 15% dos EUA. O próprio Trump depois de vários movimentos da guerra comercial contra a China parece agora estar buscando uma linha de conciliação para que esta guerra não provoque a antecipação de uma nova crise econômica mundial o que comprometeria severamente a reeleição do republicano.

Se os democratas tivessem se mantido na Casa Branca, é possível que a fascticização do Brasil teria sido concluída por um neotucanato comandado por um cacique do partido ou por Sérgio Moro.

Vale lembrar que a Lava Jato, montada ainda no mandato democrata, sempre teve o tucanato como seu protegé (assim como aos banqueiros, e alguns poucos como Guedes,Onyx Lorenzoni e Álvaro Dias). Apesar de toneladas de denúncias contra FHC, Sérra, Alckmin, Aécio e cia, de super enriquecimento ilícito a trafico de drogas, os tucanos de alta plumagem são protegidos de Moro. Diante de tantas evidencias e quando foi cogitado investigar alguns tucanos de alta plumagem Moro intercedeu se opondo anunciando que esse tipo de operação melindrava apoio de alguém cujo apoio é importante”.

Na condição de candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, Aécio foi o primeiro a dar início a campanha golpista questionando a legitimidade de Dilma. Alckmin, candidato tucano a presidência em 2018, foi um dos primeiros a justificar os tiros a caravana de campanha de Lula no sul do país com “o PT colhe o que planta”. Ana Amélia (ex senadora pelo PP), candidata a vice na chapa tucana, animou as turbas fascistas gaúchas para atacarem a caravana.

Dória, que sabotou a candidatura de Alckmin em favor de Bolsonaro e defendeu a manufatura de lixo como ração para os pobres, controla hoje o PSDB. O governador de São Paulo trata de associar-se a Moro. O ex-superministro da justiça é ainda o principal rival segue no governo sendo dessendo desidratado no governo, perdeu o mas cada vez com menos poderes , membro do governo que ainda possui maior popularidade entre o eleitorado golpista e por isso é alvo de “fogo amigo constante pelo presidente, para apresentar-se como plano B do golpismo em caso da oposição de direita conseguir abreviar o mandato de Bolsonaro.

Do imperialismo e suas distintas alas, a classe trabalhadora só deve esperar o pior. Frações distintas, modos diferentes, o mesmo objetivo, saquear e escravizar. Em 2018, Bolsonaro foi o plano B, apoiado por Trump, diante do desgaste de todas as candidaturas golpistas tradicionais, principalmente a tucana de Alckmin. Agora, o neotucanato com Dória é um plano B do imperialismo diante de uma possível queda de Bolsonaro. Há outros postulantes iguais ou piores, como Luciano Hulk ou Witzel. Os trabalhadores precisam de uma alternativa estratégica contra o imperialismo e o conjunto do capital nacional.