domingo, 14 de abril de 2019

LIBERDADE PARA ASSANGE E CHELSEA MANNING!

Liberdade para Julian Assange e Chelsea Manning!
Derrotar os criminosos de guerra imperialistas!

Declaração do Comitê de Ligação Pela IV Internacional, CLQI

Kristinn Hrafnsson, editora do WikiLeaks, e a advogada Jennifer Robinson falam à mídia fora da corte de magistrados de Westminster, onde o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, estava em Londres, quinta-feira, 11 de abril de 2019.
A prisão de Julian Assange, fundador do Wikileaks, na embaixada equatoriana em Londres, em 11 de abril, é outro crime imperialista e expõe mais uma vez que um importante papel internacional da classe dominante imperialista britânica. Nas palavras da amiga de Assange, Pamela Anderson, a Grã Bretanha está agindo como "a vadia dos EUA".

Isso depois de sete anos de asilo político diante de um processo de estupro falso. Esse processo, fabricado na Suécia, sempre foi cobertura política para uma tentativa imperialista de prender Assange por "crimes" políticos contra o imperialismo. Assange contou com a colaboração do ex-soldado americano e denunciante Chelsea Manning que expôs os crimes imperialistas no Iraque e no Afeganistão.

As denúncias de Manning incluem o notório vídeo "Homicídio Colateral" [1], que mostra tropas norte-americanas assassinando jornalistas em Bagdá, sob o disfarce de "combate ao terrorismo", matando civis que por acaso estavam perto de um combatente da resistência.

Homicídio Colateral. 5 de abril de 2010 10:44 EST O WikiLeaks divulgou um vídeo militar dos EUA classificando o assassinato indiscriminado de mais de uma dúzia de pessoas no subúrbio iraquiano de Nova Bagdá - incluindo dois funcionários de notícias da Reuters. A Reuters tem tentado obter o vídeo através do Freedom of Information Act, sem sucesso desde o momento do ataque. O vídeo, tirado de um helicóptero Apache, mostra claramente o assassinato não-provocado de um funcionário ferido da Reuters e seus salvadores. Duas crianças pequenas envolvidas no resgate também foram seriamente feridas.

A prisão de Assange foi facilitada pelo suborno imperialista do regime equatoriano do Presidente Lénin Moreno, com cerca de US $ 4,2 bilhões em empréstimos / ajuda do FMI. Moreno foi denunciado por seu predecessor, o nacionalista radical Rafael Correa, que deu asilo a Assange em 2012, como “o pior traidor da história do Equador” por ter vendido Assange e ao próprio Equador ao imperialismo norte-americano.

A entrega de Assagen ao imperialismo pelo “traidor” Moreno, faz parte da caçada aos lutadores anti-imperialistas promovida pelos os governos de direita que hoje controlam a maioria dos países latino-americanos.  O governo neonazista brasileiro de Jair Bolsonaro revogou o direito ao asilo do ativista Cesare Batiisti, permitindo sua prisão e deportação para a Itália. Moreno e Bolsonaro agem sob as ordens diretas do imperialismo.

Em uma etapa do capitalismo em que a grande imprensa está toda comprada pelo grande capital financeiro e imperialista, o Wikileaks realizou uma missão histórica fundamental para o jornalismo investigativo mundial.

Assange e seus colaboradores anteciparam toda a conspiração do Golpe de Estado judicial-parlamentar e a escalada da extrema direita pró-EUA ao poder no Brasil. Em 2015, AssAnge revelou que os EUA espionaram 29 telefones do governo Dilma, do Partido dos Trabalhadores, e até do avião presidencial. As articulações para o Golpe se desenvolveram desde 2009 [2].

Conforme revelado pelo Wikileaks, a Conferência “Projeto Pontes: construindo pontes para a aplicação da lei no Brasil”, foi realizada, entre 4 e 9 de outubro de 2019, na cidade do Rio de Janeiro, por autoridades dos EUA para membros do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal do Brasil. Participou dessa Conferência o então juiz federal Sergio Moro, (hoje presenteado com o cargo de Ministro da Justiça do governo Bolsonaro). O “treinamento” foi continuado por várias visitas de Moro aos EUA. Essa frenética articulação serviu para iniciar a grande operação judicial-policial conhecida como “Lava Jato”.

O objetivo central da megaoperação foi, em nome do combate a corrupção, expropriar a petroleira brasileira Petrobrás e incriminar e prender a mais popular liderança política de esquerda do Brasil, o ex-presidente Lula, embora nada tinha sido provado contra ele. Tudo isso foi revelado previamente pelo Wikileaks.

A operação judicial montada pelo imperialismo foi inicialmente apoiada pelo PT. Com a ajuda do próprio PT, o imperialismo preparou o caminho da derrubada do PT e ascensão da extrema direita à presidência. Assange foi responsável por filtrar milhares de documentos que apontavam uma intensa operação de espionagem realizada pela National Security Agency (NSA) dos Estados Unidos contra o então governo brasileiro.

Figuras anômalas como a de Correa tendem a ser deixadas de lado por aquelas mais afinados com os objetivos de classe da "burguesia nacional" em países semi-coloniais oprimidos como o Equador. Mais uma vez, a "burguesia nacional" mostra-se uma agência do imperialismo dentro desses países. Para realmente combater o imperialismo, o próprio capitalismo tem que ser desenraizado pelo proletariado como parte de um movimento revolucionário internacional com a estratégia da revolução permanente.

As acusações de estupro contra Assange são uma fachada política para a burguesia liberal, para os reformistas traiçoeiros não tão esquerdistas e os quinta colunas neoliberais do movimento operário para dar seu apoio à perseguição de Assange.

A força motriz do caso foi uma figura neoconservadora, como o laborista-neoliberal Blair [3], na social-democracia sueca, Claes Borgstrom. A principal acusadora, Anna Ardin, é uma ativista cristã dentro da social democracia sueca que esteve em Cuba em contato com a oposição gusana. Como Craig Murray, o ex-embaixador britânico no Uzbequistão e agora um ativista anti-guerra, Ardin foi a força motriz do caso e coagiu a outra mulher envolvida a ingressaram com alegações que depois ela disse terem sido fabricadas pela polícia. Veja "Por que estou convencido de que Anna Ardin é uma mentirosa 1996[1]". Nenhuma força física ou não física (por exemplo, drogas ou chantagem) foi usada ou mesmo alegada.

Agora os EUA revelaram sua participação na trama. Ela expôs o que sempre foi verdadeiro o tempo todo –  que a configuração de "estupro" era uma cobertura política para a extradição para um campo de concentração estadunidense. É aí que Chelsea Manning já foi jogado, indefinidamente, mais uma vez, por se recusar a testemunhar um grande júri que está preparando novas acusações contra Assange.

Sofia Wilen tem um caso contra ele, em que ele teve relações sexuais desprotegidas com ela contra seus desejos, mas sua preocupação era com seu status de HIV, que ele tolamente recusou fazer o teste quando ela perguntou a ele, e não por estupro. Como Craig Murray registrou:

20 de agosto: Depois de Sofia Wilen contatá-lo para dizer que está preocupada com DSTs, incluindo HIV depois de sexo desprotegido com Julian, Anna a leva para ver a amiga de Anna, membro social-democrata, ex-colega na mesma eleição de conselho em campanha feminista a oficial de polícia, Irmeli Krans. Ardin diz a Wilen que a polícia pode obrigar Assange a fazer um teste de HIV. Ardin participa de todo o depoimento policial não-gravado de Wilen – um  procedimento ilegal. Krans prepara uma declaração acusando Assange de estupro. Wilen se recusa a assinar.

No dia seguinte, ela faz sua declaração à polícia, obviamente e com razão, ofendida por sua recusa em fazer o teste. Mas ela não fará parte da tentativa evidente de enquadrar Assange em vingança por suas atividades no WikiLeaks, ao contrário de tantos outros esquerdistas que ignoram o que está em jogo, por sua própria capitulação ao imperialismo em geral, e aos Estados Unidos em particular.

É claro que Ardin estava mentindo sobre seu próprio caso, como com o preservativo rasgado que apresentou como prova contra Assange não tinha DNA, nem de Ardin, nem de Assange. Ela rasgou um preservativo não utilizado para tentar prejudicar Assange, muito claramente, para tentar para explorar o mal-entendido entre Wilen e Assange. Foi uma tentativa clara de falsificar provas, expostas pela polícia forense. Esse é o comportamento de um agente da polícia, que evidentemente ela é (como agente da CIA).

21 de agosto: Tendo ouvido a entrevista de Wilen e a declaração de Krans, Ardin faz sua própria declaração policial alegando que Assange sub-repticiamente fez sexo desprotegido com ela oito dias antes. [4]

Estamos vendo a ressurreição da cantinela liberal de que Ardin, como suposta vítima de agressão sexual, não deveria ser exposta, citada, por mais ultrajante que seja a situação junto a Assange. No entanto, de acordo com a lei sueca, tanto a suposta vítima quanto o suspeito devem permanecer anônimos. Mas, Assange foi citado na mídia simultaneamente apenas com o início do caso. Ardin aproveitou isso para atacá-lo na mídia desde o início. Dada sua história envolvendo Cuba, e seu comportamento documentado em relação a Assange quando ele estava na Suécia em 2010, as chances dela não ser uma agente imperialista parecem insignificantes.

Para os defensores dos direitos democráticos e oponentes do imperialismo, o direito dos acusadores ao anonimato não está acima do dever de expor uma farsa judicial montada pelas  sinistras agências de espionagem imperialistas. A CIA é muito mais perigosa para os direitos das pessoas comuns do que qualquer suspeito individual em um caso criminal.

A acusação contra Assange, que faz parte da demanda de extradição, acusa Assange supostamente de "conspirar" com Manning para acessar materiais em computadores do governo, juntamente com tais atividades jornalísticas "normais", como buscar informações de domínio não público de fontes internas, buscando proteger a confidencialidade das fontes, etc. Assim, os paladinos da burguesia liberal como o Guardian, o New York Times e o Washington Post temem que possam ser os próximos acusados. Mas estes conglomerados midiáticos imperialistas participaram da campanha contra Assange no momento em que a CIA tentou demonizá-lo com acusações de estupro.

A traição deste tipo de pessoas é sintetizada pelo chamado Grupo Independente de parlamentares britânicos, uma CPI formada pelo grupo Ummuna-Soubry, que assinou uma carta ao governo do Reino Unido exigindo que Assange seja extraditado para a Suécia como prioridade, enquanto os EUA deveriam estar em segundo lugar na ordem de demandas judiciais e possíveis extradições. Na verdade, trata-se de uma tentativa de abertura de uma grande possibilidade com o caso sueco, usado como um meio para um fim de curta validade, que agora se esgotou, e os imperativos do imperialismo dos EUA terão prioridade. As ferramentas da CIA na Suécia não criarão obstáculos para os desejos do Tio Sam. Esses parlamentares Tory-Blairites [ligados ao Partido Conservador e a direita neoliberal do partido laborista] estão apenas buscando um álibi político para suas próprias ações em apoio a ataques tão descarados ao jornalismo e a direitos democráticos elementares por parte de seus aliados imperialistas.

É progressivo que os dirigentes laboristas, Jeremy Corbyn e Diane Abbot, tenham se pronunciado contra a extradição Assange para os EUA, mesmo que a declaração deles tenha sido um pouco débil acerca da campanha de calúnias montada em torno do suposto "estupro". Isso reflete como um espelho sua fraqueza crônica em face da falsa campanha de difamação de 'anti-semitismo' no Partido Trabalhista, seu fracasso em defender as flagrantes vítimas de abuso racista pelo aparato racista de seu próprio partido, como Jackie Walker e Marc Wadsworth. Mas pelo menos eles se manifestaram contra a extradição de Assange e isso deveria colocar alguns obstáculos políticos no caminho da extradição de Assange para os EUA. É preciso que haja uma campanha ampla internacional e particularmente no interior do movimento operário e trabalhista para impedir que Assange seja enterrado vivo pelo imperialismo dos EUA. Assange livre! Manning livre! Derrotar o imperialismo britânico e estadunidense.

Notas

1. "Homicídio Colateral" - https://collateralmurder.wikileaks.org/?fbclid=IwAR34XCyf3ge2lUf2-b3JK_g6sLhEqOSqGXFBhs9sWuxoBgEK91aizbhATYE

2. BRASIL: Conferência de finanças ilícitas usam a palavra "T", com sucesso. https://wikileaks.org/plusd/cables/09BRASILIA1282_a.html

3. Craig Murray, por que estou convencido de que Anna Ardin é uma mentirosa 11 de setembro de 2012 https://www.craigmurray.org.uk/archives/2012/09/why-i-am-convinced-that-anna- ardin-é-um-mentiroso / 
Funcionária da ala cristã do Partido Social Democrata da Suécia, Anna Ardin, de 30 anos, ajudou a organizar a visita de Assange a Estocolmo que culminaria na investigação por estupro em agosto. Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/suposta-vitima-sexual-de-assange-e-ativista-crista-e-feminista/n1237874814129.html

4. Ibid.