quinta-feira, 22 de março de 2018

O GOLPE PERMANENTE E A MISÉRIA SOCIAL COMO PROJETO

O golpe permanente e a miséria social como projeto

Fábio Sobral

Chegamos ao absurdo de ter que defender que as pesquisas de docentes possam ser expressas em uma disciplina na Universidade. A vigilância retrógrada vestiu-se de ameaças jurídicas contra quem tem posições distintas das dos que controlam o poder econômico, político, jurídico, militar e midiático. Os setores dominantes comportam-se como hienas famintas em busca de pensamentos divergentes. Por que tamanha agressividade e vigilância? Só há uma resposta plausível: medo.

O medo disfarçou-se de arrogância. Há um ataque simultâneo e coordenado. Faz muito que esse ataque foi planejado. Disciplinas partidárias nas universidades de todo o mundo martelaram dia e noite contra os direitos sociais, contra a distribuição de renda, contra a presença do Estado na educação, na saúde, na previdência social.

Ganiam os carniceiros clamando por expansão da miséria social, justificando-a com a sua fascista expressão teórica da “meritocracia”. Hoje sabemos que era a mais cínica defesa do privilégio de poucos diante da vida da maioria. Disfarçaram-na de ciência. A ciência já foi usada para as mais inomináveis atrocidades. Querem usá-la somente para a manutenção do poder em pouquíssimas mãos. Seguidores desta famigerada doutrina associam-se aos ataques a todos e todas que buscam libertar-se do jugo do poder financeiro e político de corporações gigantescas que nos esmagam e destroem esse belo planeta.

Disciplinas na Universidade Federal do Ceará e muitas outras universidades país afora passaram a demonstrar a expressão desse estado caótico quando discutem o golpe de 2016. Docentes de diversas áreas apresentam suas pesquisas e demonstram a conexão desse novo ataque à frágil democracia no Brasil com os interesses de manter o povo brasileiro manietado e açoitado pelo sofrimento social.

Não é só discutir o golpe de 2016, mas de mostrar que se implantou um regime de golpe permanente contra a educação, a aposentadoria, a saúde, a liberdade de expressão, as políticas de gênero e superação prática dos abismos raciais.