terça-feira, 24 de outubro de 2017

REAGRUPAMENTO SINDICAL E POPULAR PARA LUTAR CONTRA O GOLPE

Todos a reunião nacional de entidades classistas, mov. sociais e estudantis no dia 11/11 no Rio de Janeiro!

Os explorados e oprimidos do país precisam com urgência de um novo Congresso da Classe Trabalhadora para reagrupar suas forças e enfrentarem de forma organizada e sem vacilações a catástrofe que os ameaça.

Após o Golpe de Estado parlamentar de 2016 a burguesia e o imperialismo promovem um arrastão contra nossos direitos, condições de vida, ameaçando-nos abertamente de desencadear uma guerra civil preventiva com o uso das forças armadas para nos subjugar a uma nova e pior escravidão. Não é por acaso que o governo tenta revogar a tipificação do trabalho escravo no mesmo momento em que prepara-se para executar a reforma trabalhista. Estamos diante de uma classe dominante que viveu por quatro dos cinco séculos de fundação do país como proprietária de escravos.

Todavia, os explorados não estabeleceram ainda uma resistência organizada a altura da ameaça. As direções sindicais estão pulverizadas em uma dezenas de centrais, cada uma administrada cartorialmente por um partido patronal. As que se encontram dirigidas por partidos de esquerda hegemônicos estão amplamente atreladas ao Estado e viciadas sob a política de colaboração de classes. A maior demonstração disso foi a sabotagem da greve geral do dia 30 de junho e da luta contra a própria reforma trabalhista por parte das centrais majoritárias, sob a passividade das minoritárias. CUT e CTB apostam suas fichas nas ilusões do PT e do PCdoB que as dirigem e acreditam na vingança das urnas através das eleições de 2018 que, se existirem, serão para legitimar o regime golpista.

À esquerda da CUT e CTB estão uma constelação de movimentos atomizados como o MTST, duas Intersindicais, Pastoral Operária e uma série de colaterais sindicais como a do PCB e PCR, oposições sindicais classistas, movimentos contra as opressões reagindo aos ataques desorganizada e dispersamente. A CSP Conlutas se encontram nesse último bloco mais a sua direção majoritária sofre pelas deformações sectárias do partido que a hegemoniza, o PSTU/LIT. O sectarismo do PSTU é funcional a escalada golpista, tanto pela defesa que esse partido fez do "Fora Dilma!" quanto por sua negativa em defender uma frente única de ação e o reagrupamento sindical e popular como fez até o Congresso da Classe Trabalhadora de 2010, em Santos. Alguns satélites abjetos do PSTU, como o MRS, vão mais além, chegaram inclusive a participar entusiasticamente das manifestações fascistóides da classe média coxinha. Essa política tem levado a CSP ao estrangulamento político-programático e ao retrocesso organizativo.

Menos entidades, menos oposições, menos solidariedade de classe, mais sectarismo autoproclamatório anti-frente única e política pró-imperialista

O III Congresso da CSP Conlutas, ocorrido entre os dias 12 e 15 de outubro de 2017 em Sumaré foi menor que o Congresso de 2015 em número de entidades participantes. No II Congresso, participaram com direito a voz e voto 373 entidades. Em 2017, participaram apenas 308 entidades, 65 a menos. Poderia ser o contrário: uma central sindical necessária aos trabalhadores nessa convulsiva conjuntura de desgaste das direções sindicais tradicionais e ascenso da direita tenderia a crescer. Mas não foi o caso da CSP Conlutas. Então, a direção majoritária tratou de camuflar o esvaziamento do III Congresso enxertando delegados do movimento popular e de opressões que apoiam a sua política conjuntural. Ficou evidente que o Luta Popular, movimento criado pelo PSTU a partir do fracionamento do MTST, possui uma concepção estranha a solidariedade de classe entre os trabalhadores. Por exemplo, todos sabem da ocupação de terreno urbano “Povo sem medo”, localizada em São Bernardo do Campo (SP), a maior do país, que agrupa quase oito mil pessoas, que está cercada por inimigos de direita e ameaçada de despejo pela tropa de choque de Alckmin, e cujo destino tende a influir como um fato de magnitude nacional maior do que foi o Pinheirinho em São José dos Campos (SP). Pois bem, defendendo a política do PSTU, o dirigente de Luta Popular chegou ao cúmulo de afirmar no plenário que a ocupação "Povo sem medo" não passa de um palanque eleitoral do PT. Uma declaração contra os mais elementares princípios da solidariedade de classe. Não contente, o orador do PSTU justificou a recusa à política de unidade da classe dizendo que o III Congresso alí reunido já era a frente única da qual a classe trabalhadora necessitava para enfrentar o governo Temer. Um profundo delírio
autoproclamatório.

Na questão internacional, o PSTU defende o "Fora Maduro!" (assim com o MES, CST/UIT, LS, MRS). Também defendem a derrubada de Maduro Donald Trump e o MUD, a oposição de direita golpista e criminosa na Venezuela. O presidente dos EUA ameaçou atacar e invadir a Venezuela para derrubar Maduro. O "Fora Maduro!" se assemelha ao "Fora Dilma!". O PSTU usou o tema da Venezuela para tentar dividir o Bloco de oposição e em meio ao Congresso realizou a atividade do cartaz ao lado. Todavia, diante do rechaço crescente a posição tão pró-imperialista, algumas delegações ameaçaram romper com a CSP se fosse aprovado o "Fora Maduro!", a direção majoritária recuou e retirou a formulação "Fora Maduro!" da resolução formal que aprovou no Congresso, substituindo-a  por uma outra aparentemente menos escandalosa.

Apesar dos malabarismos, o Congresso acabou mal entre o setor majoritário e os movimentos de mulheres, negros e LGBTTS. O mesmo PSTU que durante todo o Congresso sobrevalorizava os movimentos contra as opressões em busca de fazer uma maioria artificial a seu favor, tratou de estrangular a discussão das resoluções setoriais de luta contra as opressões pelos delegados na plenária final, impondo que fossem remetidas como um pacote para deliberação da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas. A alegação foi falta de tempo. A direção da CSP oprimiu os movimentos de luta contra as opressões que adulava. Com razão, a base desses movimentos se sentiu traída. Na plenária final do Congresso, esse sentimento criou uma rebelião de bases contra os dirigentes. A revolta se dirigiu contra as direções das organizações contra a opressão dos dois blocos principais do Congresso, tanto os vinculado ao PSTU como também aos dirigentes do Bloco de oposição. Também pudera, ao privilegiar uma metodologia burocrática de painéis, saudações ufanistas e teatralizações faltou tempo para os movimentos de luta contra as opressões. Desse modo, as questões de opressão não foram discutidas no plenário geral com o conjunto de delegados mas apenas nos guetos das reuniões setoriais específicas.

Os Grupos de Trabalho, onde a base dos delegados do Congresso podem se inscrever para falar e votar também ficaram restritos a um total de menos de 8 horas dentro dos quatro dias de Congresso.

Ao final, o ufanismo e a auto-proclamação esmagaram qualquer tentativa de reversão da estagnação, qualquer aposta em um verdadeiro trabalho de base e formação política continuada, de nucleação nos locais de trabalho, estudo e moradia, de disputa de cipas, de construção e desenvolvimento das oposições sindicais, de compartilhar experiência de lutas, ocupações e greves recentes de modo sistemático, para o aprendizado coletivo, nada disso. Assim como supostamente não houve Golpe de Estado, como a situação da classe trabalhadora é politicamente favorável, como o governo Temer é fraco, como a possibilidade de um novo golpe militar é remota, também não há estagnação na CSP. Nesse sentido, o Congresso não contribuiu para armar e organizar a classe a altura das tarefas que a CSP potencialmente poderia cumprir na atual conjuntura. Duvidamos inclusive que consiga ir muito longe em tarefas como a que o Plano de Lutas se encarregou de unificar as lutas e parar o Brasil no 10 de novembro contra Temer e suas reformas.

O Bloco de Oposição, limites e contradições que o impedem de ser uma alternativa de direção na CSP e pólo da reorganização sindical

Antes e durante o Congresso se conformou um Bloco de Oposição (MAIS, MES, LSR, Construção Socialista, Conspiração Socialista, NOS, LRP, APS/Resistência e Luta) que possuía um terço dos delegados e aliou-se ao Andes-SN, a entidade com maior número de delegados, 87. Pela primeira vez, a oposição a direção hegemonizada pelo PSTU ganhou essa dimensão em toda existência da Conlutas, expressão do processo de liquidação política a que se conduziu o PSTU. Não por acaso, o PSTU sofreu mais um racha no interior do Congresso, depois da NOS, do MAIS, agora surge o Grupo Operário Internacionalista.

A conformação do bloco de oposição, reconhecendo em sua tese a ofensiva desatada pelo imperialismo com a restauração capitalista sobre os Estados operários e o Golpe parlamentar que derrubou Dilma, foi progressiva frente a direção majoritária da CSP. Todavia, as contradições do bloco, ultra-heterogêneo e suas limitações políticas o impedem de se dar um salto de qualidade progressivo frente ao própria direção majoritária e menos ainda como pólo aglutinador de uma alternativa sindical pluripartidária e antigolpista.

O Andes, por exemplo, apesar de setores crescentes de sua direção denunciarem e combaterem acertadamente ao Golpe, demonstrou uma defasagem programática em sua tese ao III Congresso da CSP, da qual estava ausente a caracterização elementar de que o país sofreu um Golpe de Estado. Isso de certo modo, se deve a influência do PSTU sobre essa entidade no 36o Congresso da mesma em janeiro de 2017. Influência em decadência, como felizmente se pode notar pela aproximação de suas elaborações e repostas de resoluções com as do Bloco de Oposição.

O MES, é um entusiasta apoiador da luta contra a corrupção esgrimada pela direita e também defende o “Fora Maduro!”. O MAIS não superou o conjunto dos vícios de sua corrente morenista e já tende a assimilar novos vícios do PSOL, assim como o PSTU/LIT e Trump, segue defendendo a política do "Fora Assad!" na Síria.

O bloco mais funcionam como grupo de pressão sobre a direção majoritária do que de combate a seu sectarismo golpista, limitando-se durante boa parte do Congresso a defender-se da crítica de "eleitoralistas" lançada pelo PSTU. Também pudera, apesar de ser uma iniciativa importante disposta a articular forças contra a direção majoritária, o Bloco tanto por seu caráter embrionário quanto por herança política e convivência com os desvios da direção majoritária, está longe de reconhecer e fazer uma crítica radical as causas da estagnação da central. Ao contrário de se construir, realizando plenárias amplas do conjunto de seus delegados durante os dias do Congresso, para acelerar a superação de seu estágio embrionário e se opor ao conjunto da orientação política e metodologia do evento, o bloco apostou tudo no ato "Por um polo alternativo da classe trabalhadora" na noite do dia 14 de outubro, cuja principal oradora foi a ex-candidata a presidente pelo PSOL, Luciana Genro, do MES. Se o Bloco queria ocultar desvios eleitoralistas, Luciana os ressaltou. Por sua vez, a oradora do MAIS afirmou, nesse ato político pré-eleitoral, que o objetivo da "terceira via" que alí se construía era destruir a direita e destruir o PT, copiando o sectarismo do PSTU que iguala o PT aos partidos de direita, sem ter a menor sensibilidade do porquê a popularidade de Lula está mais alta do que nunca entre a maioria da classe trabalhadora.

O conjunto desses elementos impedem o bloco de se colocar como alternativa de direção consequente dentro da CSP Conlutas e mais ainda de convocar agora uma alternativa de reagrupamento superior a CSP-Conlutas, em uma forma superior ao Conclat de 2010.

O combate da Folha do Trabalhador por um novo reagrupamento sindical e popular para derrotar o golpismo, seus ataques e a ameaça de ditadura militar

A distinção dos comentaristas, blogueiros e youtubers da luta de classes, "que se limitam a interpretar o mundo", como diria Marx, a militância pequena mas combativa do jornal Folha do Trabalhador e aliados sindicais participou direta e ativamente do Congresso que reuniu centenas de trabalhadores de todo o país e de distintas categorias para disputar a consciência dos delegados.

Travamos o bom combate, propagandeamos, agitamos e projetamos nossas posições programáticas nas assembleias das oposições sindicais para tirada de delegados, nas reuniões de base das categorias para a elaboração coletiva da tese e outras 6 propostas de resolução, através de nossos oradores dentro do plenário do Congresso, nos Grupos de Trabalho. Fizemos aprovar nossas resoluções e propostas à plenária final. Vendemos dezenas de jornais FT, na banca de materiais políticos partidários. Fizemos contatos em âmbito nacional e, no limite de nossas forças defendemos a superação do atual quadro programático míope e miserável do movimento sindical brasileiro e em particular na CSP Conlutas.

Os delegados da tese "Por um Congresso da Classe Trabalhadora para derrotar os ataques dos Golpistas" se opuseram a linha majoritária e demonstraram que houve um Golpe de Estado parlamentar no país, que a correlação de forças é desfavorável a classe trabalhadora e que o regime atual só pode ser derrotado pela superação da política hegemônica na CSP em favor da construção de uma frente única contra a ascensão do fascismo e contra a implantação de uma nova ditadura militar no país. Para tanto, é necessário superar a dispersão e a divisão no interior do movimento sindical e popular.

Se o Congresso da Classe Trabalhadora de 1983 foi progressivo, por ter fundado a CUT na luta contra a ditadura e os pelegos; se a implosão do Conclat de 2010 foi prejudicial à construção de uma alternativa ao peleguismo da CUT e sua integração ao regime burguês; um Conclat a ser construído a partir de agora não só é necessário como vital para a nossa resistência e reversão da defensiva. Por isso, nossa delegação defendeu em plenário e votou a proposta apresentada pelo Andes-SN de reunião nacional para reorganização do movimento e participará da mesma em novembro.