segunda-feira, 9 de maio de 2016

POR UMA CONCEPÇÃO MATERIALISTA DO PMDB

Por uma concepção materialista do papel do PMDB

Diante do golpe consumado e da imposição de um governo do PMDB, publicitamos a contribuição do camarada dirigente da TMB, Leon Carlos, feita visionariamente há alguns meses, reivindicando uma concepção materialista do PMDB. As observações abaixo explicam as características próprias do PMDB dentre o conjunto dos partidos burgueses brasileiros e como manteve-se encrostado no controle dos três poderes de todos os governos federais desde 1985 sem nunca ter ganho uma eleição presidencial.  

Carta da TMB a FCT,

Considero que devemos avançar nossa concepção materialista do papel do PMDB.

1) Os setores burgueses que compõem o PMDB estão muito ligados aos negócios com a maquinaria Estatal, provedores, empreiteiros, mutuários, concessionários do Estado, ou seja, devedores crônicos da banca estatal;

a) Nesse setor da classe dominante predomina uma “burguesia de Estado” [não confundir com estatista, que defende a estatização como política econômica, ou com capitalismo de Estado, que refere-se a outro conceito] ou melhor, como os ideólogos neoliberais chamam um “capitalismo de compadres” (capitalismo de compadrazgo, em castellano, crony capitalism, em inglês);

b) O que diferencia ao PMDB do que a seu momento foi o PFL é que o PMDB, se articula social e politicamente mais no espaço urbano que rural;

2) O PSDB, por sua vez, possui uma base social – em função dos interesses econômicos que representa – mais sólida com um núcleo nos próprios interesses financeiros e industriais do sudeste e sul do país [controlando os ricos Estados de São Paulo e Paraná, também chamado de “Tucanistão”];

3) Em função desta base social mais sólida possui no Estado mais rico do país que o PSDB é que após a queda de Collor, o interregno do PMDB com Itamar foi sucedido pelo tucanato comandado por FHC;

4) A atual geração de quadros do PMDB, formada após a queda de Collor, está interessada em que essa transição para o tucanato não se repita;

a) portanto, miram em direção a formação de uma coalizão com o PSDB que esteja dirigida pelo próprio PMDB, o que lhe dará garantias de que a queda do PT não desemboque em um neotucanato e que o PSDB seja obrigado a compartir espaços no maquinário estatal com o PMDB;

5) O retardo do PSDB em dar resposta a manobra do PMDB corresponde ao atraso a unificação da oposição burguesa à Dilma e, portanto, é o que dá uma sobrevida ao PT;

6) Nesse sentido, quando as distintas frações do PMDB e do PSDB cheguem a um consenso acerca do golpe, superando suas diferenças, o Golpe será desferido.

Leon Carlos
09/12/2015