sábado, 23 de janeiro de 2016

METALURGICOS DA CAF - BRASIL

CAF-Brasil: limites e possibilidades - balanço da greve.
A.J., metalúrgico da CAF, ex-vice presidente da CIPA

No dia 21 de janeiro, os trabalhadores da CAF-Brasil iniciaram sua 16ª greve em pouco mais de 5 anos de existência da empresa na cidade de Hortolândia (SP). A greve era em defesa dos empregos e contra a demissão de 109 trabalhadores.

No dia 22 de janeiro, em assembleia, a empresa ofereceu para os demitidos: dois (2) salários nominais, quatro (4) meses de vale alimentação e (5) cinco meses de assistência médica-odontológica, além das verbas rescisórias. Essa proposta foi aceita e a greve teve fim já no seu segundo dia. Os 109 demitidos despediram-se dos que ficam e com os olhos cheios de lágrimas, todos se abraçaram e mais uma vez, finalizou-se uma greve na CAF com retorno dos trabalhadores a fábrica programado para o dia 25 próximo. Os dias parados serão pagos pela empresa.


POR QUE NÃO HOUVE LUTA?

Todos que acompanham o movimento operário sabem que não é qualquer fábrica que faz 16 greves em menos de 6 anos. É quase 3 greves por ano, então, porque não teve luta?

O setor ferroviário no Brasil foi aquecido com o acontecimento dos mega-eventos (Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas do Rio 2016). Toda uma infraestrutura de mobilidade urbana foi construída, ela está aquém do que realmente se necessita no Brasil, mas, a carteira de clientes da CAF foi gorda nesses últimos 5 anos. Foram feitos CPTM, Metrô SP, Metrô Recife, Metrô de BH e suas respectivas extensões. Foram 5 anos de alta produção. A CAF-Brasil teve no seu pico de produção com 1300 funcionários (hoje tem exatos 341).

Com o fim das obras, o setor de construção de trens e metrôs foi decaindo no Brasil, a Bombardie, fábrica que compete com a CAF, demitiu 60 trabalhadores na primeira semana de janeiro e hoje, existem apenas 40 pessoas em toda a fábrica. A Alston não está fabricando nenhum vagão nesse último período. Com isso, a CAF é a única que ainda possui um contrato de produção de trens para a CPTM que vai até setembro desse ano (no ritmo de um vagão por semana – no início, fazíamos dois vagões por dia).

DA CPTM ATÉ O AEROPORTO DE GUARULHOS

A esperança de muitos trabalhadores era a obra de construção dos trens que ligariam o aeroporto de Guarulhos até a estação do Tietê, coisa que foi adiada pelo governo do PSDB, Geraldo Alckmin, o fechador de escolas públicas, o que manda a PM bater na juventude. Alckmin adiou esse projeto para 2018, para poder usar isso nas campanhas do PSDB em SP.

O grande problema é que até lá, não existem projetos a serem executados pela CAF e com isso, os trabalhadores têm que sofrer com demissões.

ESTATIZAÇÃO DA FÁBRICA E
CONTROLE OPERÁRIO DA PRODUÇÃO

A saída imediata seria a ocupação da fábrica pelos trabalhadores, tal qual fizeram os operários da ocupada fábrica da Flaskô (na vizinha cidade de Sumaré-SP). Esse seria um primeiro passo da luta pela estatização da fábrica e pelo controle operário da produção, que os operários da Flaskô ainda não conquistaram.

O grande problema é que o movimento operário metalúrgico em nossa região, ainda não foi preparado para esse tipo de ação, e nem tem essa consciência política de que: se somos nós que produzimos a riqueza, somos nós que devemos administrá-la.

Com isso, as demissões continuarão, e minha tarefa como militante, é continuar fazendo o possível dentro da empresa como operário metalúrgico e militante da causa comunista. Explicar o marxismo-leninismo pacientemente as massas, mesmo que lhes custe entender, mas, fazer com que elas relacionem os ensinamentos da teoria revolucionária frente aos ataques do sistema capitalista falido. Essa é minha tarefa dentro da empresa, foi por isso que me transformei em operário metalúrgico.