segunda-feira, 16 de novembro de 2015

ATAQUES EM PARIS

Tudo que a OTAN precisava para invadir a Síria
Defender os imigrantes da repressão imperialista!
Defender a Síria da OTAN!

Marcos Silva, Frente Comunista dos Trabalhadores

Os ataques terroristas do Estado Islâmico em Paris, capital da França, um país imperialista membro da OTAN, alarmaram todos os países ocidentais. Nas principais mídias ocidentais, CNN, BBC, e no Brasil a Globo, o que se viu foi um intenso alarmismo e uma campanha direcionando a população a exigir uma reposta mais dura dos países ocidentais e a incursão de mais uma "guerra ao terrorismo 2.0" supostamente contra o Estado Islâmico.

Desde atentados de 2001, os governos da França têm apoiado as intervenções dos EUA constantemente no Oriente Médio e no Norte da África, além de intervenções nas suas ex-colônias em toda África. Mais recentemente a França, desde 2011, sob os governos  de Sarkozi e depois François Hollande, apoiou com bombardeios aos mercenários que derrubaram Kadaffi na Líbia, e desde o princípio também apoiou  mercenários que lutam para derrubara Bashar Al Assad na Síria.

O próprio imperialismo foi então o responsável pelo surgimento do E.I. Desde 2011 os mercenários, financiados e armados pela própria OTAN (EUA e UE), vinham se organizando com apoio financeiro e militar dos países imperialista, em 2013 tomaram uma vasta região da Síria e do Iraque, onde fundaram o Estado Islâmico. Isso só foi possível porque a tantos os EUA quanto a UE, incluindo aí a França, e também Israel, deram recursos e apoiaram a organização desses mercenários para que pudessem derrubar o governo da Síria.

Mas mais uma vez a "resposta" que a burguesia imperialista apela supostamente contra o E.I. é na verdade um apelo pelo cerceamento e perseguição das liberdades civis dos trabalhadores imigrantes ou filhos de imigrantes de origem árabe e islâmica dentro da União Europeia (ainda estagnada ou com crescimento pífio), e externamente é a preparação da invasão da OTAN na Síria, justamente um mês depois da entrada firme da Rússia no Oriente Médio para defender o atual governo Sírio em coalizão com os governos xiitas do Iraque e do Irã contra os ataques do Estado Islâmico e os "rebeldes" da OTAN, ação tática genial de Putin e que deixou os EUA e a UE temporariamente perplexos por verem seus planos de dominação do Oriente Média parcialmente paralisados.

MAIS UMA VEZ A INTELIGÊNCIA SABIA,
MAS PREFERIU FORTALECER A DIREITA...

Não no passado, em sua origem, mas hoje o E.I. é um monstro mantido financeiramente pelo imperialismo e que serve aos propósitos da política externa do EUA e UE em uma contínua parceria teatral entre as cúpulas do EI e os serviços de inteligência imperialistas (CIA-NSA, Mossad, MI5-MI6, DPSD- DGSE), diferente do que foi Osama Bin Laden, o Taliban e Al Qaeda nos anos 80 e depois nos anos 90 e 2000, que depois de usados contra a URSS se voltaram contra o seu criador. Hoje, o E.I. faz o trabalho sujo para justificar a intervenção imperialista supostamente contra o próprio E.I.

Assim como os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, os atentados na França serviram, e não por coincidência, para a burguesia difundir o ódio anti-islâmico entre a população e justificar uma ação de resposta dentro e fora país, com estado de exceção legalizando a perseguição a comunidade muçulmana dentro da França e fortalecendo a política externa expansionista, como sinalizado pela resposta do Presidente François Hollande, afirmando que o país está em "guerra contra o terrorismo". Além disso, com essa reação política à direita aos ataques do E.I. em París, o governo Hollande está calçando o caminho para a ascensão da extrema-direita fascista de Marine Le Pen.

No entanto no 11 de setembro, a CIA, a agencia de inteligência do EUA, sabia dos ataques e não fez nada para impedir, pois o governo Bush precisava apelar para o sentimento de ódio nacionalista após os ataques para conseguir aprovar as invasões no Iraque e no Afeganistão, que chamou de "guerra ao terror".

A inteligência da França, desde o ataque à redação do Charlie Hebdo, vem monitorando eletronicamente pela internet e pelas redes de telefonia cidadão muçulmanos "supostamente terroristas". Como reconheceu, a inteligência francesa já esperava os ataques. O próprio governo xiita do Iraque mandou um aviso para a inteligência francesa avisando de possíveis ataques globais do E.I. E porque a inteligência não impediu? Pelos mesmos motivos que os EUA não impediu os ataques de 11 de setembro: ter um motivo para justificar diante da população ocidental uma ação militar de invasão terrestre no Oriente Médio.

A PRÓXIMA JOGADA DA OTAN:
A DISPUTA DO ORIENTE MÉDIO COM A RÚSSIA

Desde que Putin começou a apoiar a colisão dos governos da Síria, Iraque, Curdistão Iraquiano e Irã com bombardeios e armas, o E.I. perdeu 25% do território que ele já teve desde a sua fundação. Isso não pode passar em branco para o Imperialismo.

Além disso, em Rojava, região curda da Síria cercada pelo E.I. e pela Turquia, está havendo uma Revolução Curda que resiste tanto ao E.I. quanto ao governo proto-fascitas de Erdogan na Turquia. Essa Revolução está inspirando os Curdos da Turquia à saírem em defesa da sua independência e autodeterminação. Essa situação enfraquece o governo Turco, Estado membro da OTAN, e consequentemente mina as táticas da própria OTAN para o Oriente Médio.

Nesse contexto pós atentados de Paris, podemos esperar que a UE e os EUA façam uma ação militar mais ampla e intervenham na Síria com tropas vindas da Turquia e do Mar Mediterrâneo, com o objetivo não de acabar com o Estado Islâmico, mas com o objetivo de derrubar o governo de Bashar Al-Assad na Síria e dos xiitas no Iraque, e finalmente impedir que a Revolução dos Curdos em Kobane-Rojava se espalhe para o território curdo dentro da Turquia.

PRÓXIMO LANCE DE PUTIN:
APOIO DA CHINA CONTRA A INTERVENÇÃO DA OTAN
EM PREPARAÇÃO À ESCALADA RUMO A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL

A Rússia de Putin, desde 2013, está sob forte ataque dos EUA e da UE, não por vias diretas, mas pelos golpes e guerra civil em países tradicionalmente na influência política e econômica russa, ucraniana, a própria Síria e mesmo a Líbia. Ainda existe um movimento de sabotagem e golpes contra os países membros do BRICS e associados periféricos com o objetivo de retardar da execução das atividades do novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o início de operações de comércio sem o uso do dólar. Além desses golpes, também há um conjunto de sanções econômicas que restringiram o comércio com a EU e EUA, e que forçou a Rússia a se aliar ainda mais com a China em busca de uma alternativa econômica e mesmo militar ao ocidente.

Mas como dissemos acima, Putin conseguiu anular parcialmente os planos da OTAN na Síria quando iniciou operações em coalizão com o governo Sírio, xiita do Iraque e Irã além dos curdos autônomos no Iraque, e deu á Rússia uma vantagem tática. Certamente a Rússia, com o apoia da China, não deixará passar no Conselho de Segurança da ONU uma intervenção da OTAN na Síria, supostamente contra o E.I., porque sabe que na verdade a intervenção do imperialismo será para derrubar o governo de seu aliado Bashar Al-Assad. Mas mesmo assim, ela deverá ocorrer, e o que acontecerá após isso?

Podemos esperar uma escalada da guerra que poderá levar a uma III Guerra Mundial, guerra esta que hoje ocorre de forma indireta, para uma guerra direta entre as potências da OTAN, lideradas por EUA e França, contra a coalizão asiática que será liderada por Rússia e Irã inicialmente apoiados economicamente e politicamente pela China, até o momento em que algum incidente criado no Mar da China pelo EUA faça com que o Xi Jianping entra militarmente no conflito. Em Resumo, está em aberto uma nova possibilidade real de Guerra Mundial.