quinta-feira, 16 de abril de 2015

GOLPISTAS DERRAPAM E LOGO ACELERAM

Greve geral pelos direitos e contra a direita!
Por primeiros de maios unificados em todo país!
Mais do que nunca precisamos avançar na luta contra o golpismo e todos os ataques aos nossos direitos

Liga Comunista - Frente Comunista dos Trabalhadores - seção do Comitê de Ligação pela IV Internacional

A direita golpista pretendia fazer um ato golpista de 12 abril maior e mais popular do que o 15 de março. A previsão não se confirmou, não porque eles não tentaram ampliar: a estrutura montada para a atividade golpista foi maior, maiores carros de som, faixas enormes, bandeiras, contratação terceirizada de manifestantes, inclusive a tropa de choque defensora da volta da ditadura militar foi mais animada, a mídia convocou muito mais agora inclusive.

PUSERAM O CARRO, A TERCEIRIZAÇÃO,
NA FRENTE DOS BOIS, O GOLPE DE ESTADO

Os golpistas são uma frente heterogênea, correia de transmissão que sai da Casa Branca e vai até os fascistas carecas de subúrbio, passando por socialites, empresários, banqueiros, militares, policiais, tucanos e pemedebistas e reaças em geral, ficaram muito animados (acreditaram na própria superestimação, na propaganda enganosa que fizeram de suas próprias forças) depois do sucesso do 15M, foi então, que por um erro de cálculo na escalada golpista pôs o carro na frente dos bois:

Aproveitando-se da capitulação permanente do PT e de Dilma, resolveram executar uma medida só possível de ser realizada após um golpe de Estado, no pré-golpe. A medida foi realizar, neste clima de ascenso inconcluso golpista, o maior de todos os ataques da história aos direitos trabalhistas e sindicais para ampliar ofensivamente a exploração da mais valia.

Isto foi o elemento material que mais criou uma crise interna nos coxinhas, afinal, apesar de defenderem a terceirização e a privatização de tudo, eles sabem que também podem ser vítimas da terceirização, pois boa parte da massa de manobra golpista nas classes médias, podem ter seus ganhos reduzidos, serem demitidos, não poderem mais realizar concursos públicos com a terceirização 100%. É como se a classe média que apoiou o golpe de 1964 soubesse que iria haver o AI-5 antes de Jango ser derrubado, ou mesmo se Lacerda descobrisse que ia ser assassinado depois do golpe.

LIÇÕES DA VENEZUELA 2002

Pedro Carmona, então presidente da Fedecamaras venezuelana, golpista chefe do movimento reacionário que derrubou Chavez em 2002, cometeu erro semelhante, mas ainda assim depois do golpe realizado e Chavez já preso, de anunciar a saída da Venezuela da OPEP, medida que se executada, levaria a um aviltamento tal do valor petróleo do país que quebraria o capitalismo venezuelano.

Esta contradição interna, produto da orientação imperialista que receberam os golpistas venezuelanos, juntamente com a imensa manifestação das massas contra o Golpe de Estado, criou uma fissura na frente golpista, e particularmente dentro do aparato repressivo militar, parasita da PDVSA, obrigando os golpistas a retrocederem. (Folha UOL)

A DIREITA ESTÁ “SE RELOCALIZANDO” ACERCA DA TERCEIRIZAÇÃO, 
MAS RECRUDESCE OFENSIVA PELO IMPEACHMENT DE DILMA,
CRIMINALIZAÇÃO E CASSAÇÃO DO PT

Depois de um 12 de abril frustrante (tentando evitar erros como o que o golpismo realizou na Venezuela), os operadores do golpe de Estado no Brasil, trataram de se relocalizar depois da crise aberta com a aprovação da terceirização total na Câmara dos Deputados e a resistência popular após a mesma, obrigando ao conjunto das burocracias sindicais de esquerda a se unirem contra o PL4330.

Em regra, a política burguesa no Brasil exige gradualismo, por isso também a reforma da previdência que o Lula tentou aprovar em 2003 não passou na época e teve que ser recolocada gradualmente e em etapas. Sendo assim, o PSDB volta atrás, pactua com o PT que nos setores públicos a terceirização não será liberada. Desse modo, a direita diminui a crise com setores da classe média reacionária ligada ao funcionalismo, aparato repressivo, concurseiros, etc.

Mas, se no campo econômico-trabalhista a direita recua parcialmente, no campo da luta antipetista a ofensiva golpista se acentua.

O líder da oposição na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), parecendo seguir o script estabelecido antes da murchada das manifestações golpistas, defende que o partido avance na formalização de um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff:

"'Chegamos ao limite de uma insatisfação clara e expressiva que deve ser construída, de forma legítima e dentro das regras constitucionais, em forma de um pedido de impeachment da presidente Dilma', disse o tucano" (Brasil 247)

Em seguida, em uma clara prisão sensacionalista-política, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto é preso pela PF na 12ª etapa da operação Lava Jato. Ato contínuo, Aécio Neves, o presidente do PSDB comentou 

"‘A prisão de Vaccari foi também a prisão preventiva do PT’. A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados defende majoritariamente que o partido já protocole o pedido de impeachment no Congresso.” (Notícia ao Minuto)

Na mesma linha de criminalização e cassação do PT seguem os Democratas:

“O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que o partido pretende pedir na Justiça a extinção do PT caso seja comprovado que o tesoureiro João Vaccari Neto usou recurso de caixa 2 na campanha presidencial petista de 2014.” (idem)

COMBATER DURAMENTE A PERIGOSA POLÍTICA
DO “NÃO VAI MAIS TER MAIS GOLPE”

Estamos preocupados que a partir de do 12A, a ala hegemônica do movimento de massas nacional baixe a guarda (que nem levantou) e saia para comemorar ou dissimule a continuidade da luta sem nela jogar qualquer peso na mobilização de massas como foi este 15 de abril, “o dia nacional de paralisação” sem construção prévia do mesmo.

É criminosa a política defensiva da direção do PT e da CUT frente a onda golpista. Sua tática frente ao avanço da direita é capitular e capitular de novo. Foi graças a essa tática, por um lado, e a geoestratégia do imperialismo na nova guerra fria, por outro, que a direita nacional multiplicou-se de uma desprezível meia dúzia de viúvas da ditadura nas ruas, para milhares de idiotas raivosos.

As burocracias partidárias e sindicais acomodadas em anos de vida mansa e parasitismo estatal, que já não viam um golpe em andamento apesar de toda movimentação os últimos meses apontar para o fato de que a atual escalada ascendente do golpismo no Brasil, agora, depois do dia 12A, passam a afirmar que está afastada toda possibilidade de golpe. Segundo esse pensamento, não haveria mais golpe só porque supostamente os coxinhas “se enfraqueceram”, como se fossem eles, os almofadinhas e fascistas das ruas, e não os grandes aparatos burgueses que os usam de massa de manobra imbecil e justificativa que o povo tá na rua pedindo a cabeça de Dilma, para seu plano golpista, os aparatos estatais repressivos, coercitivos e legislativos, judiciários, aliados da mídia, os que executam os Golpes de fato.

O impeachment expressa apenas a parlamentarização de nosso regime político. Quase nada tem de jurídico, o do Collor comprova isto. O impeachment corresponde a uma mudança na correlação de forças por dentro do Estado e entre as forças burgueses dominantes. É quando a força hegemônica perde o equilíbrio e dá lugar a uma nova maioira. O impeachment é um Golpe de Estado político e neste caso, "a algazarra anticomunista da coxinhada nas ruas" só servem para justificá-lo.

Todavia, voltamos a alertar, independente desta medida ser tomada no parlamento, e ainda também que venha a ser feita de forma relativamente pacífica, a sua viabilidade, com a execução das medidas antioperárias que são o objetivo econômico do Golpe de Estado, só podem ser garantida por uma derrota sem luta do proletariado ou pelo esmagamento de toda resistência popular através do recrudescimento da repressão policial e militar.

OS FURA GREVES DA LUTA ANTIGOLPISTA

Há grupos da esquerda pequeno burguesa sectários que objetivamente favorecem a ação golpista e há os que vão mais além e já marcham juntos com a mesma, ampliando as fileiras das manifestações da direita e cobrindo um flanco débil da escalada golpista com uma fraseologia esquerdista (Governo dos trabalhadores, Greve Geral).

Já vimos que uma parte desta esquerda já desceu de cima do muro para o lado do inimigo, abandonou o “nem governo, nem direita” e se bandeou de malas e bagagens para uma frente única com a direita em torno da política do “Fora Todos!” e do impeachment, como foi o caso do MRS, do MNN e dos maoístas da Liga Operária e MEPR.

Outra parte destes fura greves da luta antifascista, nega peremptoriamente até hoje que estejamos passando por uma ofensiva burguesa cuja finalidade é um Golpe de Estado contra o governo do PT, contra a esquerda em geral e o conjunto dos trabalhadores.

Alguns dizem que a onda golpista iniciada no refluxo das jornadas de junho de 2013 é um movimento saudável “"não há giro à direita entre as massas. O que existe é um saudável desejo de mudança." E seguem se opondo a necessidade de uma frente única antifascista, antigolpista de massas, como a Esquerda Marxista.

Outros, como o PSTU e a Conlutas, estão claramente em crise. Alguns setores se somaram a convocatória dos atos golpistas, como denunciamos no FdT 22. A política principal do partido é o “Chega de Dilma, PT, PSDB, PMDB!”. Negam irresponsavelmente o risco de Golpe de Estado: 

“Golpe da direita contra Dilma? Após o protesto do dia 15, militantes do PT e do PCdoB dizem que o governo Dilma enfrenta uma tentativa de golpe da direita. Mas isso não é verdade. Hoje, nem o PSDB, nem a Globo, nem os grandes empresários e banqueiros do país, que apoiaram o dia 15, defendem golpe. Sequer defendem o impeachment.” (Correio Internacional, LIT)


Exigem da CUT e do MST que rompam com o governo. Mas esse estéril ultimatismo sectário teve que também "se relocalizar" depois da aprovação da liberação da terceirização na Câmara, no 7 de abril, quando a Conlutas boicotou o ato convocado pela CUT/CTB/Intersindical, o mesmo fenômeno que esvaziou o 12A golpista, obrigou o PSTU, retardatário em relação ao PSOL, e seguido pelo PCB (que considera que o avanço da pauta conservadora não passa de um falso dilema), a um giro de 180 graus na questão da terceirização e a se somarem as manifestações convocadas pela CUT a partir do dia 15 de abril. Mesmo assim, estes setores seguem agora a reboque da CUT por puro tradeunismo (fazem uma frente única pela luta econômica, a terceirização, mas não contra a direita golpista que impulsiona politicamente este ataque econômico), por pressão de suas bases, negando-se a compreender a combinação golpe de Estado-terceirização e a unir toda a classe contra o conjunto da ofensiva unificada patronal.

CONCLUSÕES

Em resumo, a escalada golpista passou por uma crise interna devido a um erro tático por realizar um ataque desproporcional a suas forças nesta etapa do processo, o que se refletiu no esvaziamento do dia 12 de abril. Todavia, percebido o erro, a direita tratou de recuar acerca da terceirização para arruinar a escalada golpista, mas, ao mesmo tempo intensificou a ofensiva através da PF, da mídia e dos seus dois principais partidos na conspiração pelo impeachment, criminalização e cassação do PT.

Só tolos com suas análises superficiais podem somar o esvaziamento do 12 de abril com o recuo parcial no ataque da terceirização e deduzir que não corremos mais o risco de um Golpe de Estado.

Temos que unificar a luta contra a terceirização com a luta contra o golpe, construir a Frente Única Antifascista e Antiimperialista, construir primeiros de maio unificados, antigolpistas e contra o PL 4330 e exigir da CUT, MST e MTST que convoquem uma Greve Geral em defesa dos direitos e contra a direita.