quinta-feira, 26 de março de 2015

DISPUTA COMERCIAL E GOLPISMO

Burguesias paulista e fluminense, agentes econômicos e políticos dos EUA, salivam por Golpe de Estado para se livrar do PT e dos BRICS

Em 2009, a China suplantou os EUA no comercio com o Brasil, aproveitando-se da vaga recessiva aberta pela crise econômica imperialista desatada na crise anterior. Pela primeira vez desde a chegada dos portugueses o Brasil não teve como principal parceiro comercial um país capitalista hegemônico ocidental. Esta nova situação alavancou enormemente e para “ciúme” imperialista, a influência dos BRICS e do Bloco Eurásico sobre a América Latina. Isto permitiu que a economia do Brasil atravessasse o período mais crítico da recessão mundial sem maiores sobressaltos e dispondo de capital suficiente para criar medidas anticíclicas baseadas no crédito fácil.

A RECUPERAÇÃO DOS EUA,
A DESACELERAÇÃO DA CHINA
E A DESVALORIZAÇÃO DO REAL

Todavia, para não perder o controle sobre a economia capitalista de Estado chinesa, o Estado controlado pelo PCCh realiza medidas anticíclicas e desacelera deliberadamente seu crescimento:

O PIB chinês cresceu 7,4% em 2014, menor percentual em 24 anos... A segunda economia do mundo – e que neste ano ultrapassou os Estados Unidos como a maior economia por paridade de poder de compra, segundo cálculos do Fundo Monetário Empresarial (FMI) – não crescia a um ritmo tão lento desde 1990... O Governo chinês assegurou que um índice menor de crescimento será “a nova normalidade” nos próximos anos, à medida que o antigo modelo de desenvolvimento é substituído por outro, com maior ênfase no consumo interno e na sustentabilidade.” 

http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/20/economia/1421727104_207841.html

A desaceleração chinesa fez com que as exportações do Brasil para a China recuassem 35% em janeiro e os EUA voltassem a ser o primeiro importador do Brasil.

Com a recuperação da economia americana e a queda do real, esse movimento deve se acelerar em 2015... Enquanto as vendas para a China são dominadas por produtos básicos, os embarques para os Estados têm maior participação de bens manufaturados e semimanufaturados. Além de representarem maior valor agregado no mercado doméstico, as exportações industriais estão menos sujeitas às oscilação de preços internacionais que afetam as commodities. Soja, minério de ferro e petróleo representaram 80% das vendas brasileiras à China no ano passado. Os produtos manufaturados responderam por 54% dos embarques para os EUA no mesmo período... Nos anos seguintes, o espetacular crescimento do país asiático gerou o boom nas commodities, que elevou o preço de produtos como minério de ferro, o principal item da pauta brasileira na maior parte da década passada. A China ultrapassou os EUA em 2009 e, em 2014, foi o destino de 18% dos embarques nacionais. O mercado americano veio em seguida, com 12%.


A recuperação econômica imperialista, baseada em um novo super-endividamento de sua economia, fabricando dólares e exportando a crise sobretudo para Europa, animou nos anos recentes aos EUA a retomar seu antigo domínio comercial brasileiro. E para isso é preciso enquadrar ou livrar-se do governo do PT que conduziu a colônia por mares nunca dantes navegados, nem permitidos.

A MAFIOSA BURGUESIA FLUMINENSE
ASSOCIA-SE AO IMPERIALISMO PARA
DESVALORIZAR E PRIVATIZAR A PETROBRÁS

"'Os Estados Unidos são o único mercado do mundo que cresce continuamente', disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Para ele, os EUA devem ser a prioridade do governo e dos exportadores brasileiros. O ritmo de alta das vendas para a maior economia do mundo este ano deve ser limitado pela queda do preço do petróleo e a expansão da produção de petróleo e gás nos EUA, avaliou Diane.

Desde 2006, o produto é o maior item na pauta de exportações para os EUA. No ano passado, essas vendas somaram US$ 3,4 bilhões e representaram 12,6% dos embarques ao país. Em seguida vieram produtos manufaturados de ferro e aço (US$ 2,2 bilhões), aviões (US$ 1,93 bilhão), motores e turbinas para aviões (US$ 1,57 bilhão) e café em grão (US$ 1,2 bilhão).

Depois de torpedear politicamente Dilma e a Petrobrás provocando a queda de suas ações em um movimento típico de um pirata que bombardeia o navio adversário para enfraquece-lo e dele se apossar, o movimento seguinte do imperialismo foi comprar as ações da Petrobrás, cujos preços derrubou, turbinando os escândalos de corrupção. Em um investimento inédito:

"onze fundos americanos ampliam a compra de papeis da Petrobras no último trimestre. Dados apontam para uma expansão dez vezes maior que a registrada no ano passado, mesmo após uma queda de 70% no valor das ações da estatal no período.

http://cbn.globoradio.globo.com/grandescoberturas/crise-da-petrobras/2015/03/16/ONZE-FUNDOS-AMERICANOS-AMPLIAM-A-COMPRA-DE-PAPEIS-DA-PETROBRAS-NO-ULTIMO-TRIMESTRE.htm#ixzz3VSdEGHbf

Correção. A razão é inversa. Não é “mesmo após uma queda de 70% no valor das ações da estatal no período” que os generosos abutres do capital financeiro resolveram "mesmo assim" investir na Petrobrás. Por inúmeros artifícios da guerra comercial, o imperialismo promoveu a derrubada das ações da Petrobrás. Através de denúncias de escândalos de corrupção em sua mídia planetária (denunciando o Brasil até por ter vendido com valor superfaturado uma refinaria sua), processos judiciais movidos dos próprios EUA e do pró-imperialista Judiciário brasileiro; do rebaixamento da classificação do valor das ações por Agências de classificação e risco de investimento, tudo para desvalorizar a maior e mais valiosa estatal brasileira em favor dos apetites dos abutres especuladores que compraram em massa suas ações 70% mais baratas.

Os sócios fluminenses destas transações, provedora de insumos acessórias para a indústria petroleira, passam a ser os principais defensores da privatização da Petrobrás pelos abutres imperialistas.

A DESVALORIZAÇÃO DO REAL BENEFICIA AOS INTERESSES
DA BURGUESIA INDUSTRIAL PAULISTA EXPORTADORA PARA OS DOS EUA

A desvalorização do Real em relação ao dólar beneficia duplamente aos interesses da burguesia industrial paulista (apoiada pela Força Sindical), tanto por encarecer as importações manufaturadas chinesas que lhe fazem concorrência mercantil quanto por baratear as manufaturas brasileiras, aviões, turbinas para aviões e café.

Fica evidente que por trás dos atos golpistas maiores em São Paulo e Rio de Janeiro estão os mafiosos interesses econômicos da burguesia industrial paulista e da burguesia associada aos lucros da exportação do petróleo fluminense. Fica evidente que por trás do suposto nacionalismo verde e amarelo anti-comunista estão a entrega das riquezas nacionais, o petróleo e a riqueza produzida pela força de trabalho proletária ao imperialismo dos EUA.

OS TRABALHADORES DEVEM COMBATER O GOLPE CONTRA DILMA,
NÃO PARA DEFENDER O GOVERNO ANTIOPERÁRIO DO PT,
MAS PARA DEFENDER A SI MESMOS

Na organização da resistência ao Golpe de Estado, o proletariado não o fará porque defende o governo capitalista e covarde do PT, que é indefensável e a cada acosso sofrido pela direita, desconta na classe trabalhadora e em seus direitos com mais políticas antioperárias. É hora de construir uma ampla frente única antigolpista e antifascista com o PT, PCdoB, MST, MTST, CUT, CTB, UNE. Em um segundo momento, os trabalhadores acertarão suas contas com o PT e cia. e sua capitulação cretina aos apetites da direita e dos banqueiros contra nós. Neste momento é preciso exigir do PT e da CUT que deem todo apoio a organização da resistência contra o golpe e denunciar estes gatos gordos da burocracia sindical, popular, estudantil e partidária temem tanto a reorganização do proletariado quanto ao golpe da direita que os derrube dos governos.

O proletariado será a principal vítima destas transações patronais, imperialistas e maquinações golpistas. A desvalorização provocaria a redução dos salários em dólares do Brasil, o quê reduziria os custos de produção das mercadorias que concorreriam em melhores condições no mercado mundial. Mas os patrões não se contentam com isso. Querem ir para a desforra! Os golpistas alegam que os salários brasileiros estão muito altos, tem preconceito de classe contra o acesso a alguns bens e serviços adquiridos pelo proletariado nos últimos anos, querem reduzir a maioridade penal para acentuar o massacre, prisões em massa e o terror estatal contra os filhos da classe trabalhadora. Para executar esse plano é preciso tornar a guerra do Estado, difusa e de baixa intensidade, contra a população trabalhadora em incrivelmente pior, com o terror fascista de subúrbio, os grupos de extermínio, milícias, etc.