quinta-feira, 18 de setembro de 2014

METALURGICOS CAMPINAS E REGIÃO

Sobre o controle operário da produção e
em defesa da luta dos operários da Flaskô


Antonio Junior, é operário metalúrgico da CAF-Brasil e candidato a Dep. Federal pela Liga Comunista e com seção democrática da legenda do PCO, nº 2919
Muitos operários ficam sem saber o que fazer quando uma fábrica ameaça deixar sua cidade ou até mesmo fechar as portas. Isso já aconteceu com Borgwarner e Mabe, respectivamente. Para a direção de qualquer sindicato, a maior preocupação é o pagamento das verbas rescisórias. Para o trabalhador, esse pagamento é fundamental, mas, a preocupação desse operário, é com o futuro, como ficará sua vida como desempregado.

Nós, marxistas revolucionários, não pensamos em pagamentos de verbas rescisórias e que o trabalhador se vire depois, afinal, tem mais de 5 mil empresas em nossa região, é o que eles sempre dizem. Nós pensamos sempre, como primeira opção, ocupar a fábrica para garantir os empregos, ou seja, o controle operário da produção. Mas, os trabalhadores perguntam, isso dá certo?

Se pegarmos como exemplo a empresa na qual o autor desse artigo trabalha, a CAF-Brasil, seria perfeitamente possível os operários tomarem o poder da fábrica em suas mãos e executarem a democracia operária na prática, ou seja, todas as decisões serem tomadas em assembléias operária. O que será produzido, quando será produzido, como será produzido e quais as pessoas inseridas no processo de elaboração, execução e comercialização do produto final. Tudo isso é possível, pois todas essas tarefas são executadas por trabalhadores e não pelo dono da fábrica.

O maior exemplo disso, é a Flaskô de Sumaré-SP. Lá, os patrões faliram a fábrica, por conta da má gestão e da anarquia na produção, após isso, os trabalhadores tomaram conta da fábrica e a 11 anos continuam produzindo e vendendo os produtos. Nos solidarizamos com os operários da Flaskô, estamos contra qualquer ameaça de seu fechamento, pela decretação de interesse social da empresa (como reivindicam seus trabalhadores através do Projeto de Lei do Senado Federal número 257) e lutamos por sua estatização com plena garantia de estabilidade para seus operários, bem como pela continuidade de seu controle pelos seus próprios trabalhadores. 

Na CAF, poderíamos fazer a mesma coisa. A relação com fornecedores e compradores, seria uma relação difícil, afinal de contas, os patrões são solidários uns com os outros, tentariam estrangular economicamente a fábrica, boicotar seus produtos, etc. Mas, como o capitalismo gera contradições e lutas interburguesas, não seria pela ausência de um ou outro burguês que as demandas seriam finalizadas, os operários continuariam a produzir os trens e metrôs e comprador com certeza apareceria.

Por isso, o controle operário da produção é possível e nós acreditamos como melhor saída para fábricas que como muitas que querem sair de nossa região, usando a chantagem da falência para rebaixar salários e direitos. Mas o controle operário dentro do capitalismo corre sérios riscos, como vemos permanentemente na Flaskô, boicote de insumos e da compra do produto final, sabotagem de toda ordem do Estado, da justiça burguesa, provocações patronais, pressão de agiotas, etc. Por isso, lutamos por um governo operário e dos trabalhadores, onde todas as empresas sejam estatizadas e controladas pelos trabalhadores, postas a serviço da construção do socialismo.

Pense nisso.