quarta-feira, 7 de maio de 2014

POLÊMICA CONTRA OS APOIADORES DO EUROFASCISMO

Antifascistas do Borotba são os
verdadeiros heróis da revolução
Por Gerald Joseph Downing, do Socialist Fight - Grã Bretanha

English version - Socialist Fight

A Liga Comunista reproduz artigo do camarada Gerry Downing em defesa do Bortba, dirigentes da resistência antifascista ucraniana, em polêmica contra anarquistas e outros defensores do fascista e pró-imperilalista movimento Euromaidan.

Nazistas incendeiam Casa dos Sindicatos
com dezenas de ativistas sindicais e antifascistas dentro
Em 3 março de 2014, uma "Declaração da organizações de esquerda e anarquistas sobre o Borotba” na Ucrânia circulou entre a esquerda da Grã-Bretanha e internacionalmente por muitos esquerdistas, incluindo alguns líderes do “Labour Representation Committee” (Comitê de Representação Trabalhista) e outros, condenando o Borotba nos seguintes termos:

"Nós, coletivos e membros de organizações de esquerda e anarquistas ucranianos, anunciamos que o Borotba não faz parte de nosso movimento. Durante todo o tempo da existência deste projeto político, seus membros estão comprometidos com os mais desacreditados, conservadores e autoritários regimes e ideologias ‘esquerdistas’, que não representam os interesses das classe trabalhadora.

"Foto da Ucrânia: símbolo
White Power – Pode Branco
– ao lado do símbolo anarquista
durante os distúrbios do Maidan.
Até o golpe de fevereiro muitos anarquistas
lutaram sob a direção neonazista e aqueles
que tentaram se organizar de forma
independente foram impedidos
pelos fascistas" – Steven Argue
O Borotba provou ser uma organização com um mecanismo de financiamento não transparente e com princípios inescrupulosos de cooperação. Ele utilizam trabalhadores contratados, que nem mesmo são membros da organização. As células locais do ‘Borotba’ participaram das ações de protesto junto com PSPU (Partido Socialista Progressista da Ucrânia, que é um partido racista, antissemita, clerical e que não tem nenhuma relação com o movimento socialista mundial) e com o antissemita, pró-governo e homofóbico grupo de Carcóvia ‘Oplot’; e são conhecidos por sua ligação com o infame jornalista O. Chalenko, que não passa de um chauvinista russo”.

Entre os signatários dessa declaração estavam as Organizações Autonomas de Trabalhadores, a União Independente Estudantil “Ação Direta”, o conselho editorial da Tovaryshka, a Cruz Negra Anarquista – o coletivo ucraniano anarco-feminista “Good Night Macho Pride”, a Ação Antifascista Ucraniana e a Oposição de Esquerda. Eles afirmaram orgulhosamente que "tomaram posições antifascistas" e que não "apoiaram nenhuma das ideias do Maidan".

Porém:

“Os representantes do ‘Borotba’ tomaram uma posição extremamente tendenciosa sobre a composição do movimento de protesto, tanto em seu site como nos comentários na mídia. Segundo eles, os protestos do Maidan são exclusivamente representados por nacionalistas e a direita radical, que objetivavam apenas a um golpe de estado (‘golpe fascista’)”.

Nunca uma declaração provou ser tão errada de modo tão rápido; os signatários desse documento foram condenados pela história, eles sim são os grandes reacionários pró-imperialistas e o Borotba são os verdadeiros heróis da revolução. Em 3 de Maio, o Borotba revelou toda a extensão do progresso de “algumas ideias do Maidan” que esses idiotas pusilânimes aparentemente duvidou:

“Em 2 de maio, sob o pretexto da chamada marcha ‘pela unidade da Ucrânia’ (cuja data cairia no mesmo dia da partida de futebol entre ‘Chernomorets’ e ‘Metallist’) – os esquadrões paramilitares de nacionalistas ucranianos foram organizados em todo o país para dirigir-se a Odessa. Eles chegaram de ônibus e trens. Logo no início quando eles começaram a se reunir na praça ‘Sobornaya’ entre os torcedores comuns de ultra-direita também podia-se ver vários paramilitares muito bem equipados. Eles estavam munidos com escudos, capacetes, bastões de beisebol e armas traumáticas. Principalmente homens com cerca de 30-40 anos de idade que não eram, evidentemente, torcedores de futebol. Alguns deles seguravam escudos com os dizeres: ‘14ª Centúria de Autodefesa do Maidan’. E esses paramilitares nacionalistas tornaram-se a principal força que marcou o sangrento massacre dos moradores de Odessa no Campo Kulikovo.

Neonazistas começaram a apedrejar e jogar coquetéis molotov no acampamento, incendiando-o. Os ativistas do acampamento de protesto foram obrigados a se refugiarem na ‘Casa dos Sindicatos’. Ao tentar assassinar os moradores de Odessa, os ultradireitistas incendiaram o piso do andar térreo do prédio. E o fogo se alastrou rapidamente ao longo do edifício.

As pessoas começaram a pular das janelas dos andares superiores – tentando escapar do fogo. Mas foram executados ainda no chão por paramilitares nacionalistas. Foi assim que o nosso camarada – Andrew Brazhevsky – foi morto. O representante do conselho regional Vyacheslav Markin (um companheiro do líder do ‘Borotba’ em Odessa, Alexey Albu) também foi brutalmente assassinado da mesma forma quando pulou da janela. Mais de 40 ativistas foram queimados vivos, intoxicados pela fumaça ou foram assassinados pelos nazistas quando tentaram escapar do prédio em chamas. Felizmente, a maioria de nossos companheiros conseguiu escapar com vida. Alguns de nossos camaradas, incluindo o líder do Borotba em Odessa e o representante do conselho regional Alexey Albu, foram severamente espancados por chutes e bastões de beisebol. Eles sofreram inúmeras contusões, ossos quebrados e ferimentos na cabeça.

O massacre em Odessa foi organizada pela junta de Kiev para intimidar a população que está descontente com o novo regime, e para eliminar os combatentes ativos. A prova disso é o fato de que os militantes de extrema-direita estavam organizados e muito bem equipados. Além disso, a falta de ação da polícia e o fato de que o ataque dos ultradireitistas em Odessa estava em sincronia com a ‘operação antiterrorista’ em Slavyansk, são também provas contundentes de tudo isso. O massacre em Odessa revela que o regime de nacionalistas e oligarcas de Kiev aumenta rapidamente a ditadura terrorista pura e simplesmente no estilo fascista”.

A esquerda está dividida na Grã-Bretanha e internacionalmente diante desses eventos. Os líderes da Resistência Socialista Duncan Capela e Liam Mac Uaid (que afirmam que os russos são os agressores) e sua falsa “Quarta Internacional” têm suas mãos sujas de sangue na defesa desse regime golpista ilegal (apenas “algumas idéias do Maidan”, é claro) assim como todos aqueles que defenderam o Maidan como uma espécie de movimento “contraditório” e tentaram nos dizer que a classe trabalhadora do leste da Ucrânia era constituída por “pessoas más”. Quando não se toma uma posição clara e correta contra os fascistas que são – nas famosas palavras de Trotsky – “as tropas de assalto do capital financeiro” acaba-se ultrapassando todas as linhas vermelhas de classe.

Agora a tarefa da genuína esquerda revolucionária é organizar uma campanha internacional de solidariedade com a revolução no leste da Ucrânia e defendê-la contra esses ataques fascistas pelo regime instalado pela CIA. É necessário coletar alimentos, remédios, dinheiro e qualquer outro tipo de assistência. Exigir o apoio dos líderes sindicais e trabalhistas, começando com os candidatos de esquerda para a Secretária-Geral do RMT (Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Ferrovias e Transportes Marítimos); Steve Hedley, Alex Gordon, John Leach, etc. E Ken Loach certamente dará uma força nessa questão em mais um teste para a classe trabalhadora global desde a Revolução Espanhola.

Abaixo segue a resposta do Borotba à declaração difundida pelos anarco-imperialistas da Organização Autônoma de Trabalhadores da Ucrânia, uma seita que vem levando adiante um campanha de calúnia e difamação contra as organizações antifascistas que estão se levantado contra a junta de Kiev.

DECLARAÇÃO DO “BOROTBA” SOBRE A RECENTE CAMPANHA DE DIFAMAÇÃO CONTRA OS ANTIFASCISTAS NA UCRÂNIA

Então, aqui estamos nós de novo. A velha e cansativa rixa na Ucrânia continua, apesar do colapso atual do país. Duas reconhecidas seitas marginais da "esquerda" ucraniana, em meio ao golpe fascista e terrorista da extrema-direita nas ruas, tentam incriminar as forças de esquerda e grupos que organizam a resistência antifascista.

http://avtonomia.net/2014/03/03/statement-left-anarchist-organizations-borotba-organization/

Não é a primeira vez que isso acontece, porém, os cães ladram mas a caravana segue adiante.

Apesar da irrelevância da declaração contra o "Borotba", precisamos esclarecer alguns fatos. A afirmação de que "a união Borotba não faz parte de nosso movimento" é em certo aspecto verdade. Nós não fazemos parte de um movimento que colaborou com as forças nazistas e de extrema-direita que predominaram nos protestos do ‘Euromaidan’. Não fazemos parte de um movimento que – como pequenas seitas que são – esconderam seu "esquerdismo" do Euromaidan enquanto ajudava desde o início a levar ao poder os nazistas e apenas outro clã de oligarcas que aceitam abertamente os empréstimos do FMI e as medidas de austeridade.

Não fazemos parte de um movimento que de fato reproduz sentimentos reacionários, conservadores e clericais. Os signatários da caluniosa declaração fingem ser anti-conservadores, ao mesmo tempo que apoiaram os protestos nacionalistas, clericais e antissemitas do Euromaidan. Alguns deles têm demonstrado inclusive intoxicações patrióticas – prontos a se alistarem no exército a fim de defender a junta nazista e seus oligarcas. Cem anos depois do início da Primeira Guerra Mundial e estamos novamente na mesma situação.

Não fazemos parte de um movimento que toma posições de acordo com as ordens dadas a partir de organizações não-governamentais (ONGs). Não fazemos parte de um movimento que renuncia slogans sociais e de esquerda na situação atual. Não fazemos parte de um movimento que compra a histeria patriótica e nacionalista que vem se espalhando por todo o país. Não fazemos parte de um movimento que defende o golpe em prol dos nazistas, oligarcas e do FMI. Não fazemos parte de um movimento que diminui o papel dos nazistas do Euromaidan ou mesmo joga uma pá de cal em sua imagem quando até mesmo os principais meios de comunicação mostram paramilitares de extrema-direita desfilando sobre as ruas.

http://www.bbc.com/news/world-europe-26394980
http://www.bbc.com/news/world-europe-26398112

Em suma, não fazemos parte de um movimento que não tem nada em comum com a posição antifascista e de esquerda. Deste modo, somos e sempre seremos uma organização de esquerda e antifascista. Condenamos o ex-regime de Yanukovich e também o novo governo de extrema-direita. Condenamos a interferência russa e ocidental nos assuntos ucranianos, bem como a intoxicação patriótica militarista induzida pelo novo poder.

Nós permanecemos firmes em nossas posições de esquerda, mesmo sendo alvo de boneheads, nacionalistas de extrema-direita e paramilitares do "Svoboda" e do Pravy Sektor (Setor Direita). Nossa sede em Kiev foi recentemente atacada e saqueada. Nossos membros são vítimas de violência da extrema-direita. Alguns ativistas do ‘Borotba’ tiveram que passar à clandestinidade para continuar na luta antifascista. E, em tal situação, a declaração caluniosa parece ser uma denúncia dirigida a militantes de extrema-direita.

Em relação aos recentes acontecimentos em Carcóvia (1 de março de 2014), devemos ressaltar alguns fatos. Houve uma manifestação de diferentes forças opostas ao Euromaidan. O povo decidiu libertar o prédio da Administração Estatal Regional de Carcóvia, que havia sido tomada por partidários do Euromaidan. Após negociações, a maioria dos apoiadores do Euromaidan concordou em deixar o prédio. Alguns militantes (a maioria do Setor Direita, mas também alguns liberais) recusaram-se a obedecer à decisão da maioria do Euromaidan e decidiram permanecer no prédio. Os ativistas do "Borotba" participaram da manifestação próximo ao edifício conduzindo a agitação através de uma postura internacionalista e antifascista (tendo sido criticados inclusive por alguns cidadãos pró-russos). Os manifestantes correram para invadir o prédio logo após alguém ter jogado uma granada de flash no meio da multidão, que por sua vez irrompeu o prédio e capturou alguns militantes do Setor Direita e um grupo de liberais que estavam com eles (incluindo o poeta Serhiy Zhadan). Em seguida, a multidão em fúria tentou linchá-los. Ativistas do "Borotba" tentaram deter por todos os meios possíveis o linchamento de apoiadores do Euromaidan capturados. Portanto, a acusação contra o ‘Borotba’ não é apenas irrelevante, mas parece uma completa hipocrisia daqueles que ignoram a prática de linchamento de dissidentes realizadas regularmente pelos fascistas do Euromaidan em Kiev e outras cidades. Todas as acusações contra o "Borotba" não passam de calúnia e difamação por parte de alguns indivíduos ou grupos pró-nacionalistas.

Continuaremos com nossas posições firmemente antifascista, internacionalista e classista. Somos contra os nacionalismos russos e ucranianos que estão sendo utilizados nesse momento apenas para dividir a classe trabalhadora e pilhar ainda mais o país. Não apoiamos organizações nacionalistas russas, nem ucranianas. Toda a campanha de calúnias contra nossa organização dirigida por grupos de extrema-direita e absorvidas por alguns grupos que se dizem de "esquerda" não nos impedirá de organizar a resistência antifascista.

No Pasarán!
Sem deuses, amos, nações e fronteiras!
Proletários de todos os países – uni-vos!