sexta-feira, 11 de outubro de 2013

BANCÁRIOS SÃO PAULO

Uma forte greve
Ismael Costa

Após três semanas de paralisação, podemos traçar um quadro geral do movimento. Trata-se de uma forte greve – a maior dos últimos 20 anos, segundo a burocracia – com grande número de agências e departamentos fechados.


Apesar desta adesão, observamos que cresceu em relação aos anos anteriores, a ausência dos trabalhadores de base nos piquetes. Ainda predomina a chamada “greve de pijama”, que neste ano, para um contingente significativo de bancários, tem se convertido em verdadeiras “férias”, um período de descanso para se recompor da exaustão provocada pelos ritmos alucinantes de trabalho. Nota-se também que há inúmeras agências fechadas, mas com importante número de trabalhadores em seu interior, furando a greve e cumprindo as metas estabelecidas pelos banqueiros.

Em contraposição a este panorama, temos alguns elementos novos na campanha atual, resultado das grandes mobilizações estudantis do 1º semestre, as chamadas “jornadas de junho. Para se precaver de surpresas e “mostrar serviço”, a burocracia da CUT/PT, que dirige a categoria bancária, tem promovido ações mais fortes nesta greve, em grandes concentrações, como ocorreu na Cidade de Deus, em Osasco, no segundo dia da paralisação. Na maioria das agências, são os funcionários do sindicato que “garantem” o fechamento.

Outro elemento importante é a organização por setores da oposição (“Avante, bancários!”), com total independência da burocracia do Sindicato de S.Paulo, de fortes piquetes em concentrações importantes, como os prédios da Sé, do Brás e da Rerop Osasco, além de se solidarizar em atos públicos, com os professores em luta no Rio de janeiro. A atuação deste setor da vanguarda fez com que o MNOB/CSP-Conlutas, grupo majoritário de oposição, também participasse dessas ações, ainda que não com todas as suas forças.

Até este momento podemos concluir que, mesmo sendo importantes nesta greve os “trancaços” promovidos por esta nova frente de oposição, esses piquetes foram organizados por um setor de vanguarda, se constituindo em ações em certa medida superestruturais. A base da categoria bancária, assim como de outras categorias importantes, algumas fechando acordos rebaixados sem ir à greve, parece não ter sido “contaminada” pelas “jornadas de junho”. Ao contrário do que acontece neste momento com os professores do Rio, os setores mais importantes da classe trabalhadora, principalmente o proletariado fabril, ainda estão na defensiva, contrariando as análises impressionistas que culminam em caracterizações equivocadas como as de que “em junho o Brasil mudou” ou que “abriu-se uma nova etapa na luta de classes”.