quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ENCHENTES E CORRUPÇÃO

População trabalhadora é mais uma vez afogada pela lama da política do governo Dilma e seus ministérios de quase 40 ladrões
Vários Estados do país vêm sendo duramente castigados pelas fortes chuvas que atingem principalmente a região sudeste do país, Rio de Janeiro e Minas Gerais, desde outubro do ano passado. As mortes já contam as dezenas e tendem a ser como nos anos anteriores onde se contavam as centenas. Os desabrigados já atingiram as dezenas de milhares. Há décadas é assim.
As pessoas atingidas são quase sempre trabalhadores e pobres que não tem outro lugar para se estabelecer do que as chamadas “regiões de risco”. Desde que o homem passou a compreender as leis que regem a natureza e interagir com a própria a seu favor, este deixou de ser um problema natural, uma catástrofe cuja “culpada” é a natureza. Não é, nunca foi nem pode ser a “natureza” quem determina que são os pobres as vítimas preferenciais dos “desastres naturais”. O responsável por estas mortes é o capitalismo que define “a sorte” dos homens e, particularmente, seus representantes políticos, em primeira instância no Brasil o Governo Dilma, assessorado neste crime pelo Congresso Nacional e os governos estaduais e municipais.



Ao contrário do que apregoam os políticos burgueses e seus meios de comunicação, estas desgraças que atingem a vida de milhares de pessoas, que muitas vezes perdem tudo do pouco que conseguem ter ou até a própria vida, não são causadas pelo “excesso”de chuvas, e sim pelo consciente desvio de verbas que deveriam ser destinadas ao saneamento urbano, à saúde e a infra-estrutura elementar das cidades, morros e encostas para evitar que todos os anos as chuvas que caem em grande quantidade nesta época do ano não deteriorassem ainda mais as condições de vida das massas laboriosas. Seja de forma legal ou ilegal, pela via da corrupção um montante de dinheiro é desviado para o grande capital.

Só que desta vez, o governo Dilma, que tenta passar a alta rotatividade de ministros corruptos por outros como uma política consciente da governanta para sanear a máquina pública e substituir os indicados por Lula por tecnocratas padrão Dilma, insultuosamente desviou dinheiro que deveria ser destinado para a prevenção contra as chuvas e rasgando as próprias leis que eles, os burgueses fazem, meteu o dinheiro estatal no bolso descaradamente.

CORRUPÇÃO POR TODOS OS POROS DA POLÍTICA
BURGUESA E DESVIO DE VERBAS PARA A GLOBO

Um dos ministro de Dilma responsável por isto, Fernando Bezerra (PSB), da pasta da Integração Nacional, destinou 90% das verbas que seriam utilizadas em saneamento e combate às enchentes “para seu Estado”, com o intuito de favorecer seu filho, que é deputado federal pelo estado de Pernambuco e candidato a prefeito de Petrolina nas eleições municipais de 2012.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, “O ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) privilegiou seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), com o maior volume de liberação de emendas parlamentares de sua pasta em 2011... Coelho foi o único congressista que teve todo o dinheiro pedido empenhado (reservado no Orçamento para pagamento) pelo ministério (R$ 9,1 milhões), superando 219 colegas que também solicitaram recursos para obras da Integração. “Pai coruja” hein? Liberado em dezembro, o dinheiro solicitado pelo deputado irá para ações tocadas pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba), uma empresa pública presidida pelo seu tio, Clementino Coelho, irmão do ministro da Integração”. (Folha.com, 07/01/2012). São as “coincidências desta vida” diria o ministro e seus familiares.

Além de favorecer seu filho, Bezerra também é acusado de usar o ministério para fortalecer a base eleitoral de sua família em Petrolina (PE), seu reduto eleitoral. Segundo matéria publicada pelo jornal Correio Brasiliense: “O município de Petrolina (PE), base eleitoral e cidade natal do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, foi escolhido para receber a maior quantidade de cisternas de plástico compradas pelo ministério, dentre as regiões do Nordeste que serão contempladas com os equipamentos. O edital do pregão que resultou na contratação da empresa que vai fabricar as 60 mil cisternas, a um custo de R$ 210,6 milhões, é assinado pelo presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, Clementino de Souza Coelho, irmão do ministro. A CODEVASF é uma estatal vinculada ao Ministério da Integração Nacional.

Até o momento, Bezerra vem sendo, excepcionalmente, blindado por Dilma contra as pressões do “guloso” PMDB, interessado no Ministério ocupado pelo PSB, mas corre o risco de acompanhar os seis ex-comparsas de ministério que já foram obrigados a pular fora ano passado acusados de corrupção quase sempre a partir de fogo-amigo. A corrupção é um mal endêmico de todos os governos burgueses, embora, justiça seja feita, por suas particularidades, o governo Dilma é hors concours no quesito corrupção. E por que isto? Simplesmente porque foram criados quase 40 ministérios, 38 na verdade, para acomodar os partidos da maior coligação burguesa da história do país. Se a corrupção é endêmica à política burguesa, quanto mais políticos burgueses agrupados mais corrupção terá o governo. No entanto, a queda de muitos ministros se deve ao fato de que as disputas interburguesas, em uma coalizão em que quase todos os partidos estão dentro do governo, se tornam também intra-governistas.

Mas, como no momento em que os corruptos estão sendo fritados em denúncias de corrupção é exatamente quando costumam fazer as declarações mais “honestas” de suas vidas públicas sobre a vida pública seus parceiros (lembrem-se do espetáculo de Roberto Jefferson durante o mensalão), em entrevista coletiva o Fernando Bezerra foi logo dizendo que Dilma sabia de todas as maracutaias e que comparado às verbas do Ministério das Cidades, de seu “comparsa” Mário Negromonte (PP), o orçamento da Integração Nacional para combate as enchentes lida com quantias irrisórias, pois “o Ministério das Cidades tem um orçamento de R$ 11 bilhões para as obras de contenção e prevenção a enchentes. Nossos recursos são muito pequenos”, completou.

“DESCASO”? “NEGLIGÊNCIA DOS GOVERNOS”? DE FORMA ALGUMA! OS GOVERNANTES BURGUESES ESTÃO MUITO ATENTOS EM COMO AUMENTAR SEUS LUCROS COM A DESGRAÇA DOS TRABALHADORES!

Obviamente, não é só na instância federal que são desviadas verbas estatais que seriam destinadas para o combate às enchentes. O fascistóide governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral Filho (PMDB), vem sendo acusado de desviar R$ 24 milhões do Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente (FECAM) em 2010, para doar de “bandeja” ao “clã” Marinho: “Não dá pra esconder, que em outubro do ano passado, o governador Sérgio Cabral desviou R$ 24 milhões do FECAM (Fundo Estadual de Conservação do Meio Ambiente)", para a contenção de encostas e obras de drenagem e deu para a Fundação Roberto Marinho. Vemos então que os mesmos “veículos de comunicação” das Organizações Globo que estão “cobrando” hipocritamente “mais investimentos públicos contra as enchentes” são os que abocanham os tais investimentos que deveriam ir para a prevençãode enchentes e contenção de encostas.

A propósito, o governo Dilma, através do próprio Fernando Bezerra anunciou mais R$ 25 milhões para o governo Sérgio Cabral "para o combate aos municípios atingidos pelas enchentes".

Junto com Dilma e seus quase 40 ladrões e Cabral, como não poderia deixar de ser, está também o governador de Minas, o tucano Antonio Anastasia (PSDB): “O governo de Minas Gerais, Estado que já registradez mortes pelas chuvas neste ano, não cumpriu promessas de 2011 para combaterenchentes. (...) Em janeiro do ano passado, o governador Antonio Anastasia(PSDB) viajou para áreas alagadas em Pouso Alegre, Itajubá e Santa Rita doSapucaí e prometeu barragens para os rios da região. Um ano depois, elas aindanão existem. [mas já existem novas mortes para o mesmo problema] A promessa debarragens já fora feita em 2007 pelo antecessor de Anastasia, Aécio Neves(PSDB), hoje senador” (Folha.com, 07-01-2012).

CORTES NAS VERBAS PARA O "SOCIAL” PARA
ATENDER AO CAPITAL FINANCEIRO INTERNACIONAL

Além da quantidade enorme de dinheiro subtraído dos trabalhadores através da corrupção, é importante ressaltar que o governo Dilma vem impondo sérios cortes no orçamento, que também afetam diretamente as obras de infra estrutura no combate às enchentes.

Basta lembrarmos que no início de seu governo, Dilma tratou de mostrar confiança aos seus chefes imperialistas, anunciando logo de cara o corte de R$ 50 bilhões do orçamento, o maior corte da história e aumentou a meta do superávit primário (economia que o governo faz para pagar juros da divida pública) de R$ 117 bilhões para R$ 127 bilhões. De janeiro a novembro de 2011 o governo doou para os banqueiros, R$ 216 bilhões através do pagamento dos juros da divida pública, 23% a mais que no mesmo período de 2010, e garantiu aos capitalistas no fim do ano passado isenções do IPI e IOF, às custas dos trabalhadores que pagam cada vez mais impostos e morre à míngua, enquanto os capitalistas nunca concentraram tanto capital em tão poucas mãos como agora.

Em meio a crise econômica e a tragédias como esta, cada vez mais o Estado capitalista mostra para as amplas massas sua verdadeira cara de comitê gestor dos negócios da burguesia.

A NOSSA DESGRAÇA FAZ A ALEGRIA DOS ABUTRES CAPITALISTAS

Longe de acreditar que o problema das enchentes se resume à “imensa” quantidade de chuvas que caem nesta época do ano, vemos que os maiores responsáveis pelos desastres que vitimam diretamente as massas proletárias nos bairros periféricos, é a política promovida criminosamente pela burguesia e seus governos, que aumentam seus lucros desviando ainda mais recursos estatais para seus bolsos em nome das ajudas emergenciais às vítimas das enchentes.

Como fica evidente, a catástrofe causada pelas enchentes não é um “descaso que se transforma em tragédia” (site do PSTU, 02/01/2012) ou uma “negligência dos governos com enchentes” (site do PSTU, 09/01/2012) como enganosamente apregoa os partidos reformistas como o PSTU. Ao contrário, vemos que os governantes fazem bastante caso pela tragédia, estão muito atentos a elas a ponto de não deixarem passar uma sem que reivindiquem mais verbas para tratar da própria. Chega de mentiras! Trata-se de uma política consciente e criminosa dos patrões e seus governos. É nestas horas que os políticos burgueses aproveitam-se para fazer mais promessas, proselitismo e emergencialmente levantarem mais verbas para desviá-las. Também é na hora das enchentes que o aparato repressivo estatal (exército, polícia e bombeiros) aproveitar-se do desespero popular para se converter-se em salvadores dos que eles matam e reprimem no restante das estações do ano. Também é a hora da mídia patronal fazer demagogia em prol das vítimas das enchentes, aumentar sua audiência com a desgraça alheia e ganhar tripla ou quadruplamente como fez no Rio de Janeiro embolsando o dinheiro do combate as enchentes.

É preciso que todo trabalhador tenha claro que a nossa desgraça faz a alegria do patrão. Quando nós trabalhadores perdemos tudo ou até a vida de nossos parentes se não as nossas nas enchentes é porque em nome do combate as enchentes os patrões e seus governos enricam mais ainda. Por isto camaradas, chega de alimentar a estes carniceiros e abutres com nosso sangue! Para todos os problemas dos trabalhadores, como para as catástrofes agravadas pelas enchentes, como está escrito no hino internacional dos trabalhadores: “Se nos faltarem os abutres. Não deixa o sol de fulgurar”.

Mais do que nunca a Liga Comunista te convida a construir uma oposição operária e revolucionária internacionalista ao governo Dilma e seus sócios estaduais e municipais. Esta desgraça reincidente mostra pela enésima vez a decadência do modo de produção capitalista que encontra-se numa fase de completo parasitismo, gerando em proporção cada vez maior, um padrão de vida completamente desumano para os produtores de toda riqueza social, enquanto uma minoria ociosa desfruta do trabalho alheio. Mais do que nunca, as alternativas históricas “socialismo ou barbárie” se mostram atuais como agora, e nunca na história da humanidade esteve tão urgente a revolução socialista para pôr fim a esta verdadeira barbárie social capitalista!