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quarta-feira, 26 de junho de 2019

POR UMA NOVA GREVE GERAL EM 12 DE JULHO

Por uma nova Greve Geral contra Bolsonaro e a Reforma da previdência!

O 12 de julho, dia de mobilização marcado pelas centrais sindicais, está sendo construído para pressionar a direita parlamentar que sustenta Bolsonaro contra os trabalhadores e os lutadores de esquerda. Esse jogo tende a nos levar a derrota. Precisamos seguir nossa jornadas de lutas e construir uma nova Greve Geral!

Bolsonaro havia prometido ao latifúndio o controle absoluto do processo de demarcação das terras indígenas, passando a Funai, historicamente vinculada ao Ministério da Justiça, para o Ministério da Agricultura. A essa altura do mandato, essa promessa contra os povos originários, bem como as ameaças aos quilombolas, ao MST e o incentivo ao armamento da jagunçada soam como compensações diante das perspectivas de ruína que até o agronegócio vem encarando diante da política de subordinação do governo aos interesses dos EUA e Israel.

Assim como a Moro interessava controlar o Coaf, o agronegócio salivava por realizar uma grilagem federal nas terras indígenas. Nos dois casos, por razões diversas, o governo sofreu duas derrotas consecutivas. O ministério do ex-superministro Moro, desmascarado e desmoralizado ficou sem o Coaf e com a Funai.

Ainda que essas derrotas possam ser revertidas no futuro em favor de um novo acordo das distintas alas do golpismo, essas derrotas pontuais demonstram o tamanho da crise do governo, por um lado, e o drama da luta de classes no Brasil, por outro.


Na questão da FUNAI, o presidente do senado bolsonarista foi quem facilitou a derrota do governo. Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi apoiado com todas as forças do governo recém eleito para a presidência do Senado porque Renan Calheiros (MDB-AL) era suspeito, não confiável aos olhos do bolsonarismo.

Vários elementos da conjuntura conspiram contra o governo. Primeiramente, a pressão popular, desde o carnaval, o 8 de março, dia das trabalhadoras, as jornadas de lutas de maio, começando pelo 1o, dia internacional da classe trabalhadora, continuado pelas imensas manifestações nacionais pela educação em 15 e 30, e a Greve Geral de 14 de junho. Sobre a necessidade urgente da continuidade dessa luta trataremos mais adiante.

A esse crescente de lutas combinadas se soma a crise econômica criada pelo processo golpista de entrega do país, estancamento de investimentos públicos, recessão e empobrecimento geral da população. Inclusive, já amplas parcelas da pequena burguesia, uma base social importante do bolsonarismo, se encontram mais enforcados do que nunca com os bancos. 5,38 milhões de pequenas e micro empresas entraram na inadimplência (Número de micro e pequenas empresas inadimplentes bate recorde histórico). 

Por fim, as trombadas entre a direita e extrema direita golpistas dão nisso: Uma derrota importante de Bolsonaro atenuando o sofrimento de nossos irmãos originários dessa terra, que junto com os trabalhadores rurais são as maiores vítimas fatais desse governo e do latifúndio que o governo defende e incentiva a armar-se para matar (Cresce número de ataques violentos a indígenas no governo neofascista). Por isso é importante estudar a dialética, uma força invisível, mas poderosíssima.

Essa é apenas uma das inumeráveis crises internas entre as diversas frações da burguesia. As acumuladas derrotas nas votações parlamentares, como a da promessa principal de campanha, o decreto de armas no senado, nas duas casas do Congresso são um reflexo da profunda crise bolsonarista. Outro reflexo é o racha do Partido da Imprensa Golpista diante do desmascaramento de Moro e da operação Lava jato pela site Intercept. A Globo e outras redes de TVs estão cada vez mais isoladas.

Sem falar que a fritura de Moro e a liquidação de seu futuro político, apesar das aparências de unidade no governo após as denúncias de Glenn Greenwald, interessa profundamente aos seus aliados de governo, Bolsonaro e Mourão.





Essa crise que se acentua quando o prêmio prometido com a eleição do neonazista, altos lucros resultantes das contrarreformas e uma inédita opressão da classe trabalhadora, não foi entregue até agora. Nem mesmo os banqueiros se mostram satisfeitos, após os recuos na privatização da previdência que o governo teve que fazer para desmobilizar a greve geral e ao negociar com os governadores às vésperas do dia 14 de junho. O apoio ao energúmeno não está rendendo os lucros que a burguesia esperava, ainda que as privatizações estejam caminhando de vento em popa.

Cada vez mais acuado, mais pela crise econômica que provocou na liquidação da economia nacional que por inaptidão política, o olavismo sonha no fechamento ditatorial do Congresso e do STF. Ainda terá força social e política para tanto?

O fato do governo ser alvo de vários episódios de "fogo amigo" não torna gente como Alcolumbre ou Rodrigo Maia, nossos aliados, ainda que devamos nos aproveitar de suas traições. O problema é que PT, PCdoB e PSOL e as centrais sindicais parecem ter outra estratégia que a da aposta na mobilização de rua, da greve geral, ocupações de terras, edifícios e repartições para derrotar o bolsonarismo em crise. O movimento sindical e popular resolveu dar uma trégua perigosíssima aos nossos inimigos em meio a crise deles e após nossa maravilhosa jornadas de lutas antibolsonaro de maio e junho.

Nós já vimos esse filme em 2017, após a greve geral de 28 abril que barrou naquele momento a reforma da previdência de Temer. As centrais sindicais puxaram o freio de mão. Na época até chegaram a marcar uma greve geral no dia 30 de junho, mas a suspenderam em seguida (Centrais sindicais divergem e desistem da greve geral do dia 30 de junho). Meses depois veio o resultado desse aborto da resistência sindical e popular, a aprovação da reforma trabalhista, o maior ataque aos direitos dos trabalhadores em toda a história da luta de classes do país.

Orientar as manifestações de rua para a pressionar a ala parlamentar do bolsonarismo cria expectativas no terreno deles e pode nos conduzir a uma derrota

Agora, o que as centrais sindicais marcaram não foi nem greve geral para dar continuidade o movimento de 14 de junho. O freio à continuidade da luta foi agora maior que em 2017. As direções conciliadoras do movimento opõem-se a acentuar a crise do regime bolsonarista, opõem-se a pôr em risco a estabilidade política e o calendário eleitoral, contentam-se com um dia nacional de mobilização.


No dia 25 de junho as direções das centrais sindicais se reuniram para definir a realização em 12 de julho de um Dia Nacional de Mobilização, combinando com uma manifestação chamada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em Brasília, quando a entidade estudantil estará realizando seu Congresso Nacional.


Em nota as "Centrais sindicais reforçam pressão a parlamentares como principal instrumento de luta para barrar a votação da reforma." (leia aqui nota das centrais divulgada pela CUT).

Para deixar claro qual o caráter da mobilização a partir de agora, o texto indica que o objetivo dos atos no dia 12 de julho não são para mobilizar a população trabalhadora a sair às ruas contra o governo e suas medidas, mas que “as bases sindicais e os trabalhadores a intensificar e a empregar o máximo esforço para atuar junto às bases dos deputados e senadores, nos aeroportos, com material de propaganda, e marcar presença também nas mídias sociais, exercendo pressão contrária à reforma em debate no Congresso Nacional”

A ajuda das contradições internas, a força da dialética, não é suficiente para virarmos a mesa. As trombadas intra-governistas no parlamento tem sido grandes, mas é um profundo equívoco apostar em uma política de pressão sobre o mais reacionário conjunto de parlamentares da história, no desvio da rua para a Casa dos canalhas que catapultaram o bolsonarismo ao governo, quando nossa mobilização está cada vez mais forte justamente porque a força das ruas, aliada a profunda crise econômica, vem causando uma desconforto aos canalhas.


A rigor, os trabalhadores não podem confiar nem nos governadores e parlamentares do PT e PCdoB na luta contra a reforma da previdência. Tais governadores e prefeitos são aliados do inimigo e em alguns momentos mais realistas que o rei. Retiradas algumas medidas bizarras, como a redução do BPC e restrições a aposentadoria rural, que prejudicam a arrecadação dos estados e municípios porque levam a mais de 90% dos municípios a falência e levariam seguramente a perda de votos nas eleições de 2020, esses governadores estão negociando o voto de suas bancadas estaduais para a reforma da previdência, desde que o governo federal estenda a maldade que está fazendo contra os trabalhadores da união também ao funcionalismo estadual e municipal. Fazer com que os grandes oligarcas e empresários sonegadores regionais da previdência paguem pela crise, nem pensar. Os governadores petistas e "comunistas" tentam atenuar os danos aos eleitores e os custos políticos derivadas da reforma descarregando todo o custo nos trabalhadores estatais.

Wellignton Dias, governador petista do Piauí, por exemplo, chega a defender um aumento maior do que o do projeto de Bolsonaro da alíquota a ser paga pelo funcionalismo, depois de ter elevado de 11% para 14% a taxa no Estado: "Para Dias, taxas mais altas se justificam enquanto houver desequilíbrio no regime de aposentadorias. "Defendemos que é possível uma alíquota complementar, enquanto houver déficit, no limite de 8 pontos pocentuais acima da alíquota normal. Se a alíquota normal é 14%, pode ir até 22%."

Nesse terreno, Camillo Santana, marionete petista da oligarquia dos Ferreira Gomes do Ceará, chega a ir mais longe que Dias, se antecipou em todas as políticas antisociais dos governos golpistas, na reforma da previdência estadual, na criminosa política de repressão aos encarcerados, tortura policial, na famigerada e falsa "guerra as drogas", na opressão da juventude, no ajuste fiscal contra o funcionalismo.

Sem descartar compromissos práticos e pontuais que nos permitam isolar e vencer nossos inimigos, a única frente que podemos confiar é a frente da nossa classe contra os governos, os patrões e o imperialismo. É preciso uma força material de nossa classe para impor nossos interesses históricos. Por isso, não devemos dar nenhuma trégua ao governo, aproveitar da crise interna para seguir adiante e derrotá-lo. É hora de construir uma nova greve geral, dessa vez, por tempo indeterminado para por fora Bolsonaro e todos os golpistas, libertar Lula para que ele possa ser candidato e para realizar novas eleições gerais já!