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terça-feira, 30 de abril de 2019

1o DE MAIO

Saudações do Comitê de Ligação da Quarta Internacional à Classe Trabalhadora Internacional

O Comitê de Ligação para a Quarta Internacional (CLQI) envia suas mais calorosas saudações revolucionárias aos trabalhadores, aos pobres e oprimidos do mundo. Não se pode defender a própria nação contra o imperialismo e apoiá-lo quando ele realiza guerras contra outras nações em conflitos internacionais diretamente lideradas pelos EUA ou por seus aliados. Podemos dizer que o CLQI foi a única organização trotskista internacional que consistentemente defendeu a Líbia e todas as outras semi-colônias contra o ataque do imperialismo desde a guerra da CIA / OTAN para derrubar Muammar Gaddafi em 2011.

A crise global do imperialismo

Nos orgulhamos de não ter o que modificar em nossas declarações internacionais sobre a Líbia, elaboradas a partir de abril de 2011. As várias declarações do CLQI de 2011-12 destacaram a importância da Frente Única Antiimperialista (FUA). A FUA corresponde a uma política de unidade contra o imperialismo sem, no entanto, dar qualquer apoio político aos nacionalistas burgueses. As direções burguesas dessas lutas nacionais seguem sendo inimigas de classe de seu próprio proletariado e de todos os seus partidos e sindicatos, mesmo quando se encontram em confronto direto com o imperialismo, como explicou Trotsky em defesa da Abissínia em 1935, contra a Itália; em defesa da China em 1936, contra o Japão e; hipoteticamente, em defesa do Brasil “semi-fascista”, contra um ataque do imperialismo britânico.

Reconhecemos que as economias russa e chinesa são claramente capitalistas, mas são semi-colônias avançadas e não imperialistas no sentido marxista clássico. Na China, a fonte dos privilégios da burocracia stalinista e suas estreitas relações familiares são as zonas costeiras empresariais capitalistas, que definem o caráter de classe desse estado como capitalista. A economia da China é infinitamente superior à russa.

A China concentra muito mais capital do que a Rússia e exporta para todo o mundo. Evidentemente a China aspira ao status de potência imperialista. É um país centralizado que já antecipa certas características novas de uma potência hegemônica centralizada.

No entanto, mantém muitas características de uma semicolônia em seu interior rural. A África e a América Latina estão fortemente influenciadas pela China na esfera mercantil e também financeiro. Apesar de todos os esforços, golpes, guerras e blefes do imperialismo, a China e a Rússia estão cada vez mais contestando o controle imperialista do mundo. Atualmente, eles estão exercendo o verdadeiro “Soft Power” (poder suave). Eles são nossos aliados na luta antiimperialista internacional, na Ucrânia, na Síria, na Venezuela. Mas eles são nossos adversários na luta das classes trabalhadoras e das nacionalidades oprimidas dentro da China e da Rússia.

Podemos ver que nos EUA, Grã-Bretanha e França as classes dominantes estão amargamente divididas. Os democratas tentam derrubar Trump em um dramático conflito, mas seus índices de popularidade ainda oscilam em 50%. Há três frações se degladiando no partido conservador britânico (os tories). O Brexit britânico e o presidente francês, Macron, não possuem mais que 30% de apoio popular. Os EUA, embora tenha ingressado em seu declínio histórico e tente conter essa tendência com mais desespero belicista, continuam a ser a superpotência hegemônica global, sempre a principal inimiga da classe trabalhadora, pobre e oprimida do mundo.

Especialmente desde a eleição de Donald Trump em 2016, os EUA começaram a intensificar as guerras comerciais e começaram a estimular as rivalidades inter-imperialistas contra a UE (um “inimigo” como Trump a definiu). O presidente dos EUA apoiou ao bárbaro criminoso de guerra Netanyahu e as FDI (forças armadas sionistas) em seu ataque à nação palestina, transferindo a embaixada dos EUA para Jerusalém Oriental e reconhecendo as Colinas de Golã, o território sírio capturado na guerra de 1967, como parte do Estado israelense, levantando a questão da expropriação da Cisjordânia. Putin apoiou a reeleição de Netanyahu em Israel. Trump também retomou o ataque do imperialismo norte-americano contra os remanescentes deformados estados operários de Cuba e Coréia do Norte, parcialmente relaxados por Obama e contra o mundo semicolonial em geral, como Venezuela, Bolívia (reafirmando a Doutrina Monroe), contra Irã, Síria e com muito alvos importantes são aquelas semicolônias avançadas nos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Na Líbia, o Khalifa Haftar, sediado em Benghazi, apoiado pela França, Egito e Rússia, está montando um ataque contra o governo de Trípoli, que é nominalmente apoiado pela "comunidade internacional", ou seja, EUA e seus aliados mais próximos. Mas, para debilitar a oposição democrata cujo governo realizou a intervenção militar na Líbia, Trump declarou apoio a ofensiva de Haftar, uma derrota para as tropas dos EUA na Líbia, mas vitória para Trump na luta intraimperialista. Além desse conflito entre duas frações do imperialismo dos EUA, outro conflito se realiza entre duas outras nações imperialistas. O ataque de Haftar é também um conflito para o controle dos recursos petrolíferos da Líbia entre a França e a Itália. E assim, lemos que as relações entre os dois estão no seu pior desde a Segunda Guerra Mundial.

Como reflexo do declínio dos EUA, Theresa May anunciou que o Reino Unido utilizará a gigante de telecomunicações chinesa Huawei para construir certos componentes “não essenciais” da rede de dados 5G do Reino Unido. Essa decisão foi tomada no Conselho de Segurança Nacional, supostamente um órgão secreto, cuja decisão foi imediatamente vazada para o Daily Telegraph. Mas, supostamente em defesa da segurança dos EUA, o Secretário de Estado Mike Pompeo deixa claro:

"Se um país adotar essa [tecnologia da Huawei] e colocar em alguns de seus sistemas críticos de informação, não poderemos compartilhar informações com ele, não poderemos trabalhar com ele", disse ele. "Em alguns casos, há risco de nem sequer podermos alocar recursos americanos nesse país, uma embaixada americana, um posto militar americano."

Após a ofensiva das guerras comerciais dos EUA contra a China e o projeto de mudança de regime dos EUA / Israel no Irã, estas são, de fato, palavras assustadoras. Na América do Sul, os EUA realizaram uma mudança de regime no Brasil por meio de seus agentes internos e de sua ofensiva "legal". Sob um tribunal de exceção e apoiados pelos militares, agentes da CIA realizaram um golpe de Estado (2016), prenderam o ex-presidente Lula, do PT, fraudaram as eleições de 2018 e impuseram o governo de extrema direita de Bolsonaro. Agora, o Brasil volta a ser colônia econômica e política dos EUA e os trabalhadores perdem seus direitos trabalhistas, previdenciários e sociais e são neo-escravizados pelo capital financeiro.

A mudança de regime na Venezuela está se mostrando mais difícil, já que tanto a China quanto a Rússia têm interesses materiais para defender em Caracas. Mas os agentes regionais do imperialismo estadunidense no Brasil, Colômbia, Peru, Chile, Bolívia e Argentina estão ajudando os EUA contra a Venezuela e Cuba. A mudança de regime foi efetivada tanto no Zimbábue quanto na África do Sul, novamente via agentes internos e direitos (embora no Zimbábue o golpe militar tenha sido mal disfarçado).


A prisão de Julian Assange, fundador do Wikileaks, na embaixada equatoriana em Londres, em 11 de abril, é outro crime imperialista. Expõe, mais uma vez, o papel internacional da classe dominante imperialista britânica que, nas palavras da amiga de Assange, Pamela Anderson, age como "a vadia da América".

O CLQI rejeita todas as tentativas do estado britânico de esmagar a resistência dos republicanos "dissidentes" no norte da Irlanda pela morte acidental da jornalista Lyra McKee em 18 de março. Apoiamos a declaração do Grupo de Apoio aos Prisioneiros Republicanos Irlandeses:

“O IRPSG expressa nossa total solidariedade às lutas antiimperialistas na Irlanda e faz uma diferenciação acentuada entre os combatentes republicanos contra a ocupação britânica dos seis condados do nordeste da Irlanda, o Exército Britânico, o Serviço de Polícia da Irlanda do Norte (PSNI) e Defensores leais dessa ocupação. Apoiamos as lutas antiimperialistas republicanas travadas por todos os grupos "dissidentes", enquanto discordamos de alguns de seus métodos e lutamos por uma direção socialista para essas lutas da classe trabalhadora. O apoio incondicional, mas crítico, dos socialistas é o grande princípio para aqueles que empreendem lutas antiimperialistas."

As lutas da classes no terreno doméstico

Na primeira linha do Programa de Transição, Trotsky escreve: “A situação política mundial como um todo é principalmente caracterizada por uma crise histórica da direção do proletariado”. Essa afirmação é tão verdadeira hoje quanto quando escrita em 1938.

Esta crise de direção, se demonstra acentuada na posição reacionária e pró-imperialista da maioria da esquerda para a “rebelião de Benghazi” na Líbia, em 2011. Isso produziu agora dois movimentos de importância global: os coletes amarelos da França e o movimento global de estudantes e jovens contra das Alterações Climáticas. Ambos surgiram fora das direções tradicionais da classe trabalhadora, da socialdemocracia, da burocracia sindical, dos stalinistas, maoístas / marxistas-leninistas, dos reformistas (os “revisionistas”, na linguagem dos marxistas-leninistas), centristas da esquerda trotskista e outros.

Na Grã-Bretanha, o número de trabalhadores em greve foi o menor desde 1893. Nos EUA, o número de greves em 2017 atingiu sua menor marca histórica desde quando esses dados começaram a ser contabilizados. No entanto, na Grã-Bretanha há um movimento de pequenos sindicatos não reconhecidos e militantes como o IWW para organizar garis, motoristas de correio e outros trabalhadores de baixa renda. Nos EUA, houve uma onda de greves de professores que indica uma crescente onda de atividade militante.

Na Argentina, já ocorreram cinco greves gerais contra o Presidente Macri que levou a economia do país ao colapso, um terço da população e quase 2/3 das crianças está vivendo abaixo da linha oficial da pobreza, e a inflação chegou a 40% no final do ano.

No Brasil, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza extrema superou os 10 milhões, sendo que 7 milhões a mais foram produto da sabotagem da economia realizada pelo processo golpista. A escravocrata “reforma trabalhista”, ao contrário de reduzir o desemprego, como o governo golpista propagara, ampliou o número de desempregados. A soma de pessoas sem emprego, que desistiram de procurar ou que trabalham apenas poucas horas na classe trabalhadora chegou a 28 milhões, de acordo com os próprios dados oficiais. O PT e o PCdoB no governo por quatro mandatos presidenciais foram paulatinamente desarmando politicamente os trabalhadores com uma política de colaboração de classes, realizando concessões crescentes ao imperialismo e a ofensiva neoliberal. Assim, ao contrário de organizar os trabalhadores para resistir a ofensiva da direita, como por exemplo orquestrou até agora o governo venezuelano, a esquerda brasileira entregou o poder pacificamente, sem a necessidade do golpe disparar um único tiro. Com sua traição no governo e sua covardia em defendê-lo, a esquerda empurrou uma parte do proletariado e das classes médias para os braços da extrema direita, que se apresenta demagogicamente como anti-regime.

Mesmo assim, apesar da classe trabalhadora brasileira ter protagonizado a maior paralisação nacional da história do país em 2017 contra a reforma previdenciária, que mobilizou 40 milhões de pessoas e conseguiu conter a extinção da aposentadoria, agora, a esquerda sindical e partidária volta a acomodação com ilusões parlamentares, judiciais e eleitorais, perigosamente aquém do aprofundamento do golpe pró-imperialistas e das ameaças neonazistas que rondam os trabalhadores e suas organizações. Nós defendemos a organização de uma greve geral para derrotar o governo de Bolsonaro e os militares, a reforma previdenciária, anule todas as medidas golpistas, liberte Lula, e realize novas eleições gerais.

Na França, a revolta das camadas mais pobres de trabalhadores (incluindo todo trabalhador nativo ou imigrante) teve como estopim a questão dos impostos sobre o combustível e, ao mesmo tempo, dos salários e pensões. Estas são a demanda mais importante e gerais. Os coletes amarelos (gilets jaunes) voltam as ruas frequentemente. Seus postos são inequivocamente proletários e estão lutando para se organizar nacional e internacionalmente à medida que sua consciência de classe se desenvolve. Desde que começou em 17 de novembro de 2018, esse movimento se mostrou impossível de reprimir com a violência policial ou de ser enganado com vagas promessas políticas. Ele provocou uma resposta na vizinha Bélgica e Holanda e na África francófona; Argélia, Marrocos e Sudão.

A luta de classes em torno da questão climática

O movimento de mudanças climáticas começou como movimentos de classe média, mas os gilets jaunes são proletários desde o início e agora estão claramente radicalizando para a esquerda. Seus líderes não podem vendê-los porque não têm líderes! Essa é a força e a fraqueza ao mesmo tempo. Mas, dada a precipitada retirada da extrema esquerda internacionalmente da política revolucionária e, consequentemente, de todas as tentativas de mobilizar as massas para aquele ataque às cidadelas do poder, ela não poderia surgir de nenhuma outra forma. Seus "líderes" que organizam as mobilizações agora são semi-anarquistas e militantes esquerdistas mais velhos que não se curvaram diante do pessimismo prevalecente à esquerda e são revigorados por este poderoso ascenso vindo de baixo. O governo é capaz de entregar um braço e uma perna para ter "líderes" capazes de enganá-los e compra-los.

O movimento por mudanças climáticas começo como um movimento de classe média, quando Greta Thunberg, então com 15 anos, decidiu não ir à escola, mas começou a sentar-se do lado de fora do parlamento sueco em 20 de agosto de 2018 com a placa “Skolstrejk för klimatet” (“greve escolar pelo clima”). Ela não fazia ideia da reação que sua vigília solitária provocaria até as eleições de 7 de setembro.

As razões que causaram a explosão social são múltiplas. O efetivo desprezo para com o Acordo de Paris pelos países ricos, as negações veementes do governo Trump e a frustração crescente de centenas de cientistas que lutam em vão há décadas contra um establishment capitalista que os estudantes entenderam corretamente como um sistema que só obedece ao deus da lucratividade.

O CO2 é um gás de efeito estufa muito perigoso para o aquecimento global, mas havia um ponto de inflexão e um grande temor de que, além de um aumento global de 2 graus centigrados, houvessem consequências incontroláveis. Terry Townsend observa:

“O preço da inação prolongada pode ser uma catástrofe climática. Se as camadas de gelo da Groenlândia e do oeste da Antártida entrarem em colapso, o nível do mar pode subir até 10 metros no espaço de algumas décadas. Um derretimento mais moderado poderia retardar ou interromper a circulação das correntes oceânicas no Atlântico Norte, responsáveis ​​pelas temperaturas relativamente amenas do norte da Europa.

Estudos mais recentes revelam que o aquecimento pode causar a liberação abrupta de grandes quantidades de metano - um gás que provoca um efeito estufa 21 vezes mais potente que o dióxido de carbono - armazenado em tundra congelada, mas rapidamente descongelante; e isso aceleraria muito o processo de aquecimento. Existem vários circuitos reativos ("feedback loops") que podem acelerar muito o aquecimento global, todos os quais são imprevisíveis "

Mas a militância e determinação dos jovens que se mobilizaram nas escolas às sextas-feiras na Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Holanda, Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Japão, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos, Colômbia, Nova Zelândia e Uganda dá aos antigos revolucionários uma nova esperança. 1,4 milhão atingiu a escola em março.

Youth Strike 4 Climate Change, Extinction Rebellion e Earth Strike entre outros são obviamente a esperança para o futuro. Agora as batalhas maiores estão à frente e certamente concluiremos com Terry Townsend que devemos "Mudar o sistema, não o clima". E esses movimentos estão arrastando a classe trabalhadora, que já não pode viver em seu modo de vida anterior.

A burocracia sindical, a “espinha dorsal do imperialismo britânico”

Cada renegado da luta pela construção do partido mundial da revolução socialista, todo renegado da luta de classes culpa a classe trabalhadora, sua falta de combatividade, sua incapacidade de liderar o processo e, com isso, defende a traição de classe da burocracia sindical e seus representantes políticos no parlamento, os trabalhistas e socialdemocratas em todo o mundo.

Como observamos em maio de 2012:

“Trotsky disse que os dirigentes britânicos das Trade Unions (sindicatos) eram a 'espinha dorsal do imperialismo britânico' e isso é verdade em todas as burocracias sindicais do planeta, desde a TUCentral britânica até a COSATU na África do Sul, passando pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Brasil e a CGT (Confederação Geral do Trabalho da República) na Argentina até a AFL / CIO nos EUA.

Sem por um único momento negligenciar nossos deveres internacionalistas, nossa tarefa principal hoje em nossa própria luta de classes é lutar e colocar alternativas a esses enganadores traiçoeiros. A construção de movimentos de base nos sindicatos, a apresentação de exigências a todos aqueles que reivindicam a direção da classe trabalhadora, a exposição incansável dos centristas que defendem o burocrata sindical de esquerda e os líderes indecorosos nacionalistas são nossas tarefas centrais na luta de classes. ”

Rejeitamos totalmente quaisquer sugestões de que os sindicatos se tornaram agentes simples do Estado capitalista, que o Programa de Transição de Trotsky não se aplica mais em 2019, que devemos procurar construir nossa própria seita isoladamente da luta de massas da classe trabalhadora.

Nós confiamos firmemente como sempre que com uma orientação correta em relação ao imperialismo internacionalmente e à luta de classes nacionalmente, baseada na oposição irreconciliável à burocracia sindical e àqueles que se recusam a combatê-la consistentemente, nossa pequena corrente internacional sem dúvida encontrará o ouvido da nova vanguarda internacional da classe trabalhadora.

● Derrotar o imperialismo mundial, o capital financeiro e seus agentes na Líbia Síria, Irã, Ucrânia, Venezuela e em todos os conflitos!
● Não confiar nos líderes nacionalistas burgueses, mesmo quando são de esquerda!
● Somente a classe operária internacional pode derrotar o imperialismo global!
● Liberdade para Lula, Assange e Manning, reféns do imperialismo dos EUA!
● Avante Comitê de Ligação para a Quarta Internacional!
● Pela refundação da Quarta Internacional