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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O PRIMEIRO GRANDE CRIME

Bolsonaro: MENOS médicos e saúde para milhões de brasileiros

Sem nem ter tomado posse ainda, o novo governo vai precarizar a já debilitada saúde da população brasileira, principalmente nas periferias e cidades do interior do país. Bolsonaro provocou o fim do programa “Mais Médicos”, fazendo referencias depreciativas, ameaçadoras e estabelecendo condições unilaterais para Cuba que dignamente respondeu: “nossos médicos não foram pedir trabalho no Brasil, foram cumprir uma missão. Não foram pedir emprego, foram prestar solidariedade”, e convocou os médicos de volta. Cuba tratou de resguardar seus profissionais de Saúde ante um governo que evidentemente significa um risco para os mesmos e que poderia resultar em uma provocação que pusesse em risco as relações diplomáticas e militares entre os dois países.

Sem o Mais Médicos, nesse momento, 2.800 municípios brasileiros, de um total de 5.500, serão afetados. Ou seja, mais da metade. Desses, 1.500 ficarão completamente desassistidos, pois só possuem médicos graças à missão cubana. Além de 75% do atendimento médico nas aldeias indígenas, que deixará de existir. Sairão de uma vez 8.500 médicos de áreas carentes. Mas não pensem que serão afetados apenas estados pobres e populações esquecidas. São Paulo e Bahia serão os mais atingidos. Esse é o primeiro grande crime de Bolsonaro contra os brasileiros. Muitos adoecerão e morrerão devido a essa medida. Pelo menos 24 milhões de brasileiros ficarão sem médicos com a saída dos cubanos.

Segundo os dados do Ministério da Saúde Pública cubano os dados são bem mais expressivos quando avaliados os cinco anos do programa:
Nestes cinco anos de trabalho, perto de 20 mil colaboradores cubanos ofereceram atenção médica a 113 milhões 359 mil pacientes, em mais de 3 mil 600 municípios, conseguindo atender eles um universo de até 60 milhões de brasileiros na altura em que constituíam 88 % de todos os médicos participantes no programa. Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história.
O trabalho dos médicos cubanos em lugares de pobreza extrema, em favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, nos 34 Distritos Especiais Indígenas, sobretudo na Amazônia, foi amplamente reconhecida pelos governos federal, estaduais e municipais desse país e por sua população, que lhe outorgou 95% de aceitação, segundo o estudo encarregado pelo Ministério da Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais. (Declaração do Ministério da Saúde Pública de Cuba, 14/11/2018)
Através do Mais Médicos, Cuba desempenha um papel fundamental no planeta hoje, ajudando países como o nosso, onde a saúde, sendo privada, priva a maioria da população trabalhadora de acessá-la. Apesar de todo o avanço tecnológico das potencias capitalistas no campo da medicina, a ajuda de Cuba contra o Ebola na África é a mais robusta do mundo, segundo reconhece o jornal New York Times. A ajuda dos médicos cubanos no Haiti é a que atenua as desgraças como golpes de Estado e furacões, agravadas pela intervenção militar imperialista da qual o Brasil faz parte.

Por que um país com uma população tão grande como o Brasil, que possui mais de 450 mil médicos formados, precisa da ajuda de um país pequeno como Cuba, que ao total, formou 130 mil médicos desde 1961, para cuidar da saúde de metade de seus municípios e de 2/3 de sua população indígena? Porque vivemos em um país capitalista, onde a medicina é privada, controlada por grandes planos de saúde, laboratórios farmacêuticos multinacionais, onde o serviço de saúde é um luxo para quem pode pagar e boa parte dos médicos faz parte de uma casta mercenária. Uma minoria brava resiste e foi graças a luta dela que se criou um imenso e progressivo Sistema Único de Saúde, o SUS constantemente atacado pelos CRM´s e por medidas como a Emenda Constitucional 95, adotada pelo golpista Temer para congelar os investimentos públicos de saúde por 20 anos! Agora, Bolsonaro que votou pela EC95, completa o serviço sujo de Temer. 

Regimes como o que pretende estabelecer Bolsonaro, que já ameaçou executar a 30 mil pessoas, podem matar também de fome e doenças, começando por essa medida.

Mas essa medida não ficará impune. Poderá custar caro a Bolsonaro. A maioria das pessoas só aprende com a própria experiência. No município parananese de Ponta Grossa 74% dos eleitores votaram no candidato do PSL. Agora, com a saída dos médicos cubanos, os moradores da cidade perderam 75% dos médicos das unidades de saúde. Dos 80 médicos do município, 60 fazem parte do programa e vão deixar de atender. Segundo o prefeito da cidade, Marcelo Rangel, que é tucano e apoiador de Bolsonaro
Charge irônica contra a vilania
da direita pseudo patriota brasileira
A situação vai ficar muito complicada. Haverá muitas filas. Faremos um remanejamento na medida do possível, mas não há profissionais suficientes para substituir.
Muitos dos eleitores de Bolsonaro precisarão de atendimento público de saúde e não terão. E aí? O pensamento dessa gente ficará o mesmo? Como gostava de dizer Lenin "A vida ensina". A luta de resistência e pela derrota de Bolsonaro contará com muitos de seus eleitores.

Bolsonaro tem vários motivos para fazer isso: Primeiramente por servir mais aos EUA que ao povo brasileiro. Os EUA querem isolar a ilha rebelde que realizou uma revolução social em 1959 e desde 1961 foi submetida a um bloqueio ao qual Bolsonaro se soma. Em seguida, porque Bolsonaro serve a parte dominante e parasitária do “povo brasileiro”, aos grandes planos de saúde, ao grande capital abutre que lucra com a droga farmacêutica (indústria e redes de farmácias) e aos CRMs hegemonizados pela máfia do jaleco, vendedores de caros serviços médicos de qualidade duvidosa, dos coxinhas que jamais pisarão o pé em comunidades aonde mais há carência de serviços de saúde.

Demagogicamente o presidente disse que se opunha ao programa porque Cuba ficaria com maior parte dos salários dos médicos cubanos e que restringiria sua liberdade. Logo ele que não passa de um agente dos bancos e especuladores que ficam com mais da metade da renda nacional e escravizam por dívida grande parte dos brasileiros.

Lembramos que quando foram contratados os médicos cubanos e Cuba sofreram muitos ataques xenófobos. Os médicos negros cubanos foram recebidos já nos aeroportos por uma turba de “médicos” e estudantes coxinhas brasileiros sob gritos raivosos de “escravos” e “voltem para a senzala”. Outros reacionários, revelando seu racismo e apreço a cultura escravocrata, diziam que as médicas cubanas mais se pareciam “empregadas”. Por fim acusavam de ser uma missão militar camuflada para invadir e disseminar o comunismo pelo Brasil, que eram guerrilheiros disfarçados. Na verdade, o programa teve início em agosto de 2013 para atender uma reivindicação de um número substancial de prefeitos e foi, na época, uma conquista dos municípios brasileiros, em resposta à campanha “Cadê o Médico?” liderada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

É falaciosa a assertiva de que o “Mais Médicos” era um programa de cunho político ideológico, pois ele surgiu de uma necessidade concreta do programa Saúde da Família que sofria descrédito em todas as regiões do Brasil pela falta do profissional médico para compor suas equipes, mesmo após o lançamento de outro programa intitulado Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica – PROVAB, que estimulava a interiorização de médicos brasileiros com bônus nas provas de residência médica.
O início do Programa foi muito difícil e a incompreensão era grande. Com o passar do tempo, o “Mais Médicos” se mostrou eficaz e eficiente, e hoje os resultados são palpáveis com melhoria de muitos indicadores. Além disso, é amplamente aprovado pelos usuários. Nos municípios, verifica-se maior permanência dos médicos nas equipes do programa Saúde da Família e na atenção básica de uma forma geral. (Depoimento sobre o “Mais Médicos” - De “Mais Médicos” a “Menos Médicos”, Por Arruda Bastos, Médico, Professor Universitário, Ex-Secretário da Saúde do Ceará e membro do movimento Médicos pela Democracia)
Após o anúncio de Cuba da retirada dos médicos e sob pressão dos prefeitos Bolsonaro tentou inverter os papéis e acusou Cuba de ser "irresponsável".

Muitas calúnias reacionárias foram lançadas contra o programa, diziam que na primeira oportunidade os escravos e explorados pediriam asilo. Não ocorreu. E se conseguirem um punhado de arrivistas que façam isso agora a preço de ouro para desviar a atenção desse crime contra a população brasileira não passará disso: distracionismo.

De nossa parte, temos pleno acordo com a conclusão da declaração do Ministério da Saúde Pública cubano:
O povo brasileiro, que fez com que o Programa Mais Médicos fosse uma conquista social, que desde o primeiro momento confiou nos médicos cubanos, aprecia suas virtudes e agradece o respeito, a sensibilidade e o profissionalismo com que foram atendidos, poderá compreender sobre quem cai a responsabilidade de que nossos médicos não possam continuar oferecendo sua ajuda solidária nesse país. (14/11/2018)
Reproduzimos abaixo o link para o artigo que publicamos na época da chegada dos valiosos médicos cubanos a quem só temos gratidão e com os quais seguiremos a luta por um mundo livre do imperialismo, do capitalismo e seus governos e para por a ciência a serviço da humanidade:
Bienvenidos camaradas médicos cubanos!