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sábado, 4 de agosto de 2018

ALERTA AOS TRABALHADORES

Vem aí um novo golpe

Editorial do Jornal Foha do Trabalhador # 29


Enquanto os trabalhadores não ocuparem as ruas e não realizarem greves fortes e cada vez mais amplas, os golpistas aprofundarão sua contrarrevolução permanente. Impuseram um Golpe de Estado, congelaram os investimentos em saúde e educação por vinte anos, eliminaram os direitos históricos dos trabalhadores, aumentaram o desemprego,...

Setores essenciais ao funcionamento de um Estado nacional são liquidados: petróleo, energia, serviços básicos. Grandes empresas como a Embraer são entregues às concorrentes multinacionais, enquanto o Estado é fagocitado ao gosto de corporações com matrizes brasileiras, mas que se tornaram as maiores do planeta em seus ramos, como a AB Inbev (bebidas), que se apropriará da Eletrobrás, e a Kroton (educação), grande beneficiária da contrarreforma do ensino médio. O Itaú Unibanco, o maior banco da América Latina, um importante membro da conspiração que patrocinou o golpe de 2016, teve lucro líquido de R$ 6,2 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 10,7% sobre o mesmo período de 2017.


Esse esquema é operado e orientado por corporações e pelo governo dos EUA. Ele tem como suas principais agências no Brasil, a Rede Globo e a operação Lava Jato. Esta última e o judiciário se converteram em tribunais de exceção contra o PT e os trabalhadores, como visto na truculência policial contra a greve dos caminhoneiros e a dos petroleiros, proibida sob a ameaça de multas diárias de cinco milhões de reais.


“DITADURA DEMOCRÁTICA” DO
IMPERIALISMO E SEUS AGENTES



Na primeira fase do Golpe, assaltaram ao Estado e aprovaram uma legislação para expropriar os direitos do povo. Na segunda fase, quando legitimarem a continuidade do golpe pelas eleições fraudadas de 2018, tentarão executar o que aprovaram e ainda não puseram em prática de forma corrente, como obrigar as grávidas a trabalhar em locais insalubres, pagar cerca de R$ 4,00 por hora trabalhada, terceirizar todas as funções, impor o trabalho intermitente. Para isso é preciso derrotar toda resistência. Os golpistas acreditam que o aumento da repressão e coerção social lhes garantirá uma superexploração, uma nova escravidão que captará Investimentos Estrangeiros Diretos (apesar de ter caído nos últimos anos, o Brasil atrai metade dos IEDs destinados à América Latina), ainda mais, diante da elevação dos salários chineses.

Para isso, os níveis de repressão e coerção atuais não são suficientes. Sim, para impor o grau de exploração que os golpistas desejam não é suficiente o pavor da população frente a uma polícia que mata uma pessoa a cada três horas, que prende tanto que temos uma das quatro maiores populações carcerárias do planeta (760 mil). Também ainda não é suficiente as dezenas de milhões de desempregados e subempregados que servem para chantagear o conjunto da classe a trabalhar mais, por menos. Para executar essas metas é preciso mudar o regime político por outro, mais repressivo. É é aí que entram a extrema direita fascista e a intervenção militar, como instrumentos do grande capital. Por isso, um novo golpe está em curso.

O regime de exceção se imporá igualmente sobre as eleições, abrindo alas a uma “ditadura democrática” do imperialismo e seus agentes nacionais. A atual democracia semicolonial mesquinha sofre um rito de passagem para um novo regime mais militarizado. Uma ditadura preventiva para sufocar a resistência da população, que está tendo sua válvula de escape eleitoral estraçalhada pela cassação da candidatura Lula e do direito democrático de escolha dos candidatos. Trata-se de guerra civil silenciosa das classes dominantes, em vista do aumento da exploração nascido da revogação da legislação trabalhista e da futuras expropriações como a reforma da Previdência, que o mandato tampão de Temer não teve força para realizar. A mais importante medida a ser executada, após outubro, nos primeiros meses do próximo governo golpista.

Ainda está indefinida a forma que assumirá o golpe dentro do golpe. Se necessário, pode haver intervenção militar. Ou talvez, um parlamentarismo de fachada necessariamente tutelado pelas forças armadas, já que o regime golpista envelheceu precocemente nos últimos dois anos. As instituições golpistas se encontram desgastadas. O Congresso que aprovou o impeachment em nome da moral e dos bons costumes se encontra desmoralizado. Temer é o presidente mais impopular da nossa história. O Judiciário assumiu a condição de autoridade máxima diante do desgaste dos dois outros poderes. Agora, a Justiça é rei nu de tropas divididas. Seus privilégios foram expostos como nunca antes. 

UNIFICAR A LUTA POLÍTICA
E SINDICAL CONTRA O GOLPE

O PT fortaleceu-se e se agrupou em torno do potencial eleitoral de Lula. O núcleo político do golpe, PSDB, MDB, DEM, apresentou uma candidatura comum para outubro mas até agora seu candidato tem menos popularidade que a extrema direita de Bolsonaro, por isso, para vice do tucano na chapa, invocaram Ana Amélia, do PP, a senadora da extrema direita que insuflou os ataques fascistas a caravana de Lula pelo sul do país.

Precisam aproveitar da indecisão temporária do inimigo e partir para o ataque. Superar o imobilismo e a acomodação do ano eleitoral para realizar as campanhas salariais do segundo semestre (previdenciários, servidores federais, correios, bancários, metalúrgicos) unificando-as contra o golpe. É uma tarefa urgente impulsionar uma frente única antigolpista nas ruas e nas eleições, unindo a luta política com a luta sindical, pela revogação das contrarreformas, pela liberdade de Lula e em defesa de sua candidatura. 


O AI-5 DO GOLPE DE 2016


Aprendemos com o grande revolucionário russo Leon Trotsky que não se pode escapar de circunstâncias históricas trágicas através de estratagemas, frases ocas e pequenas mentiras. Devemos dizer a verdade, toda a verdade e apenas a verdade aos trabalhadores. Não estamos em uma “situação pré-revolucionária” nem “em rebelião”. Estamos às vésperas de um novo golpe. Poderíamos definir a situação atual como pré-contrarrevolucionária.

Grande parte da esquerda encontra-se embriagada com as ilusões eleitoralistas, reconhecendo o golpe e o regime de exceção apenas formalmente, mas segue repetindo os mesmos vícios oportunistas e burocráticos. Uma outra parte, segue o desvio sectário, ignorando a adoção por parte da população trabalhadora da candidatura Lula, proibida pelos golpistas, como um instrumento de resistência pacífica e popular ao golpe, os sectários recaem mais uma vez na política comoda e "pura" do cretinismo antiparlamentar e do antieleitoralismo. Ambos, oportunistas e sectários desprezam o curso perigoso da escalada golpista que está prestes a dar um salto de qualidade. A FCT alerta aos trabalhadores, que estamos às vésperas de um novo golpe.

Em 1968, três anos após o golpe militar de 1964, para esmagar a resistência da população, a ditadura realizou o que ficou conhecido como “golpe dentro do golpe”, baixou um decreto chamado Ato Institucional número 5 (AI-5) que instituiu a censura, deu poderes irrestritos aos governantes, proibiu várias liberdades e direitos democráticos que existiam até então e deu início aos chamados “anos de chumbo”, interviu nos sindicatos, proibiu o direito de greve, prendeu e torturou.

Agora, disfarçado com essas fraudulentas eleições de 2018, que o regime militar não realizou (as primeiras eleições diretas do país após 1964 foram as de 1989), os golpistas de hoje buscam dar uma aparência “democrática” ao atual regime de exceção, um novo “AI-5” pode ser instituído de forma mais silenciosa e sorrateira para realizar em essência uma exploração muito maior e retirar muito mais direitos que o regime militar nem sequer ousou fazer.

O golpe dentro do golpe pode ocorrer antes, durante ou imediatamente após as eleições. Ou quando tentarem impor novamente a reforma da previdência. Só pode preparar-se para derrotar um perigo quem reconhece sua existência.