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segunda-feira, 11 de abril de 2016

AS CORPORAÇÕES POR TRÁS DO GOLPE

O projeto econômico das corporações dirige o golpe
Contribuição do Prof. Dr. Fábio Sobral
Acompanhamos a tentativa de golpe político no Brasil. Porém, trata-se de um golpe unicamente político? Haveria outras razões a fundamentar a sanha agressiva dos golpistas? O que mais os motivaria a um ataque o governo?
Desde a derrubada da conversibilidade do dólar em ouro, quando a moeda americana se tornou mero papel pintado e instrumento de um superimperialismo segundo Michael Hudson (‘Super Imperialismm”, 2013), observamos a agressividade do capital em reverter a redistribuição de renda nos países ricos. Tal movimento se acelerou a partir de 1979, na Inglaterra, com a chegada de Margareth Thatcher ao poder. E com a presidência de Ronald Reagan nos Estados Unidos.
A destruição do chamado Estado de Bem-Estar Social contou com a direção das corporações, gigantescas estruturas financeiras que dominam a economia mundial. 147 delas dominam 40% desta economia, segundo estudo de Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, “The Network of Global Corporate Control”.
A velha sede capitalista por empobrecer a humanidade saiu à luz do dia novamente. Sem pudor lançou-se em uma caça tresloucada pela destruição de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais. Transferiu dívidas privadas para o setor público, como na crise de 2008, onde os Estados nacionais tiveram que arcar com os prejuízos provocados pelo setor financeiro.

No Brasil temos a mesma avidez do capital pelo esmagamento dos trabalhadores. Com o agravante de nunca termos tido um Estado de Bem-Estar. Desde os governos de Fernando Henrique Cardoso, e 1994 a 2002, direitos trabalhistas, previdenciários e sociais foram esmagados.
Os governos Lula e Dilma Rousseff adotaram atitudes contraditórias na gestão do Estado. Concederam ganhos sociais e econômicos aos trabalhadores, como a política de valorização do salário mínimo e do Bolsa Família, além de expansão das políticas compensatórias. Porém, mantiveram uma política de reversão das conquistas previdenciárias (aposentadoria), isenções de tributos para empresas, juros altos, expansão da dívida pública em proveito da especulação financeira, privatizações.
Mas, o capital é insaciável. Deseja tudo, não apenas parte. Quer reverter os poucos ganhos concedidos às camadas trabalhadoras. O programa apresentado por Michel Temer, através do PMDB, para ser aplicado em caso de derrubada do governo Dilma, chamado “Uma Ponte para o Futuro”, traz um ataque gigantesco do capital para transferir renda e riqueza dos setores de renda mais baixa para as camadas ligadas aos setores mais ricos, representantes dos interesses das corporações. Suas propostas incluem o desmonte dos programas assistenciais, das garantias previdenciárias, das garantias de verbas para educação e saúde.
Já o PSDB propõe privatização das áreas estratégicas de petróleo, redução de gastos sociais e a adoção de medidas de transferência de renda para beneficiar os setores ligados às corporações. Selvageria e barbárie acentuadas.
Podemos ainda ressaltar, o imenso interesse da oposição em abocanhar os recursos das reservas internacionais em moeda estrangeira, guardados no Banco Central. No dia 07/04/2016 estas reservas eram de US$ 375 bilhões (www.bcb.gv.br/?RP20160407, data de acesso em 09/04/2016).
Além disso, há a taxa Selic, taxa básica de juros do Banco Central, que serve para definir as outras taxas de juros do mercado, além das taxas da dívida pública. Hoje a Selic está em 14,25% ao ano. Armínio Fraga, quando era presidente do Banco Central em 1999, fez subir a taxa para 45% ao ano. Uma brutal concentração de capitais beneficiando os mais ricos. Tais setores salivam de ansiedade e expectativa para que tais percentuais voltem a ser aplicados.
Transparece a causa fundamental da tentativa de golpe no Brasil: acelerar a destruição de direitos dos trabalhadores, transferir riqueza para o capital, continuar a implementação do projeto das corporações econômico-financeiras de controle do Estado nacional e de barbárie lucrativa.