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quarta-feira, 16 de março de 2016

LULA NO GOVERNO DILMA

Pela organização da resistência
popular contra o golpe!
Combater a mais nova conciliação

do PT com os golpistas do PMDB!

Declaração da FCT, 16/03/2016

Lula, saindo do café da manhã com o PMDB, que
jantou com o PSDB e acordou votarem pelo impeachment de Dilma
Lula assume a Casa Civil do governo convencido de que vai conseguir comprar os votos do PMDB para que este não vote no impeachment de Dilma, durante o mês de “aviso prévio” que o PMDB deu ao PT. Essa tática está na contramão das expectativas daqueles que apostam nessa via como último recurso contra o golpe da direita e pela mudança na política econômica. Vale ressaltar que as duas coisas andam combinadas, pois o povão não vai à rua combater um golpe contra um governo que também lhe golpeia. Mas Lula pensa em ser mais “pragmático” e não esperar pelo apoio das ruas, que, em suas contas não deve passar de um acessório da tática de fazer sua aposta final na conciliação palaciana.

Para Lula, trata-se do aprofundamento desesperado da mesmíssima política que conduziu o PT a estar contra as cordas hoje: favorecer a setores mais pragmáticos da burguesia, no caso, do partido burguês mais tradicional e prostituído, que integrou a espinha dorsal do regime desde a ditadura militar. Contemplar a um guloso PMDB que está ciente da gravidade da situação do PT não será fácil e pouco explicável em um momento de “ajuste fiscal”, mas pior vai ser que depois de saciado o PMDB mesmo assim vai votar pelo impeachment. Além disto, o PMDB não vai se contentar apenas com presentinhos, vai querer impor seu ultraneoliberal programa “Uma ponte para o futuro” a Lula.

Então, para além de alguma firula demagógica, voltada a ludibriar efemeramente ao setor da população trabalhadora e da vanguarda sindical e popular cujas esperanças ainda não foram completamente perdidas, a política econômica vai mudar de rumo, ... para pior. Mas esse é um problema menor para Lula que logo nos primeiros meses de seu primeiro mandato quis impor a famigerada reforma da previdência. Em agosto de 2015, Lula elogiou a proposta "anti-crise" de Renan Calheiros, presidente do Senado, batizada de "Agenda Brasil", cujos eixos eram a retirada de direitos, retardar a idade mínima para a aposentadoria, criar uma cobrança aos pacientes por tratamentos no SUS, ampliar a terceirização, facilitar a liberação das licenças ambientais para o grande capital; Propunha também a revisão dos marcos jurídicos que regulamentavam as áreas indígenas, a zona costeira, as áreas naturais protegidas, as cidades históricas...

O problema maior será que depois desta manobra arriscada, o povo que não aderiu até agora a direita pode passar a odiar também Lula por tamanha traição. Então, a entrada de Lula no governo poderá sair pela culatra e acentuar a crise política terminal do governo Dilma.

Paralelamente a luta pela governabilidade, a busca de foro privilegiado para Lula, a fim de escapar do xerifinho da direita Sérgio Moro, não vai colar porque, evidentemente, tal medida de blindagem jurídica já antes de acontecer vem provocando o aumento da pressão da direita sobre o já reacionário STF para que o mesmo condene Lula. Toda essa tática burguesa e antipopular desastrosa só põe água no moinho da direita golpista e tende a custar politicamente muito caro para a reorganização futura da vanguarda operária e socialista.

Mesmo que tudo dê certo, os melhores resultados desta aposta furada de Lula e do PT serão retardar o impeachment por algumas semanas, fazer um acordo de rendição vergonhosa por uma saída parlamentarista sob a égide do PMDB e Serra (com a adoção de um programa de eixos similares ao “Uma fonte para o futuro"), que por sua vez não passará de uma transição para um governo populista de extrema direita apoiado no judiciário (Moro, Janot e o STF) e nos militares.

De qualquer forma, o imperialismo, que está por trás dessa escalada golpista no Brasil, não se contentará com nada menos do que a ruptura do país com os BRICS e o controle absoluto da Petrobrás pelas quatro irmãs multinacionais petrolíferas, pois deseja reconquistar completamente política e economicamente o país que se aproximou de seus inimigos China e Rússia na era petista. O conjunto da burguesia golpista se aproveitará do fantasma da crise e do desemprego para extinguir direitos e rebaixar salários, como vem acontecendo na Argentina com Macri, onde o poder aquisitivo dos 10% mais pobres já caiu 24% em quatro meses.

Sendo assim e por tudo isso, “#Lula [não] vale a pena”. Nos opomos a todas as medidas policiais e judiciais da direita contra Lula porque esta ofensiva reacionária se voltará em muito maior escala contra a população pobre e oprimida. Acreditamos que somos nós trabalhadores que devemos julgar Lula no futuro, por suas traições e através de nossos próprios meios. De imediato, é pelo nosso destino que vale a pena lutar, pois, se o golpe triunfar, o conjunto da nossa classe sofrerá muito mais do que Lula nas mãos desta direita anti-operária, racista, fascista, homofóbica, machista. Por isso, nos somamos a todas as atividades convocadas pela Frente Brasil Popular com nosso próprio programa, defendendo a frente única antigolpista e anti-imperialista sem abrir mão do combate a todas as medidas covardes que são tomadas contra a população trabalhadora.