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sábado, 5 de março de 2016

GOLPE AVANÇA PARA O XEQUE-MATE

Golpe judicial, midiático e policialesco,
avança para o xeque-mate
por Marcos Silva

O juíz do Golpe de Estado (Sérgio Moro)
e o dono da Globo (João Roberto Marinho)
Retrospecto do Golpe:

A mudança da política e da economia global após a crise de 2008 permitiu o fortalecimento político dos BRICS. Abriu-se uma Nova Guerra Fria, desta vez inter-capitalista, entre o Imperialismo e o Bloco Russo-Chinês.

O Brasil é o membro dos BRICS no continente americano, historicamente quintal dos EUA. A América Latina foi vítima de golpes de Estado em cadeia, durante a primeira guerra fria, quando os EUA acreditaram que o Brasil poderia se tornar uma nova China, logo após a revolução cubana, podendo arrastar os demais países vizinhos.

Essa conjuntura internacional propicia uma fase marcadas pela disputa encarniçada entre os dois blocos enfrentados pelo alinhamento dos governos de várias nações do globo. Esta luta política amadureceu e deu lugar a golpes de Estado, governos fascistas ou guerras civis sangrentas em Honduras, Paraguai, Egito, Líbia, Tailândia, Síria e Ucrânia.

Sob a pressão e o patrocínio explicito do imperialismo, sua sabotagem financeira e seu aparato midiático, as alas direitas das burguesias na Argentina, Venezuela e Bolívia impuseram derrotas eleitorais aos governos nacionalistas nos últimos três meses.

Essa é a situação internacional na qual se insere a atual crise política e econômica brasileira. Uma das principais causas para uma animação inédita da atividade conspirativa da direita no país e da crise política que vem potenciando a crise econômica deve ser buscada fora do Brasil, na nova guerra fria. A partir das eleições de 2014, quando um estranho acidente aéreo assassinou Eduardo Campos e aumentou as chances da direita ganhar as eleições, já indicávamos que um golpe estava em curso.

Durante todo o ano de 2015, o que vimos foram manifestações da classe média mobilizada pela Rede Globo, PSDB e grupos de extrema-direita, para pintar o golpe como popular ou “exigência das ruas”.

Em todas estas ocasiões houve reação dos movimentos sociais populares e proletários contra todas as manobras golpistas.

Como não conseguiram derrubar o governo recém-eleito, em 2015, a direita golpista passou a atacar não só o governo Dilma, promoveu também uma campanha de linchamento do ex-presidente Lula. As investigações da PF e do Juiz Sérgio Mouro miraram em Lula como o troféu final da “Lava-Jato”.

Fins de Dezembro de 2015: as manifestações golpistas haviam minguado em tamanho. Ao mesmo tempo, os atos chamados contra a perseguição macarthista e o golpe judicial-midiático inflaram em tamanho. Pela primeira vez superaram as manifestações da direita, conseguindo até no STF barrar manobras jurídicas de Cunha em favor do Impeachment na Câmara dos Deputados.

Naquele momento, muitos militantes do PT erroneamente e estupidamente já agitavam que não haveria mais golpe, e se desarmaram.

Nós da FCT em dezembro já alertamos que depois do carnaval, no mês do de Março, mês da convocação da próxima manifestação golpistas, a direita apostaria todas as fichas com uma nova operação midiática para caçar Lala e derrubar Dilma, possivelmente apoiada por alguma delação do Delcídio do Amaral, ex-líder do governo no Senado, , um dos parlamentares mais importante do partido.

Só a mobilização popular pode derrotar o Golpe

A Polícia Federal, em conluio com o Juiz Sérgio Mouro, com a cobertura midiática da Rede Globo, sequestrou o ex-presidente Lula, na nova e mais espetaculosa fase da operação “Lava Jato” precedida por uma ofensiva de peso:

1) a prisão do “ministro da propaganda” dos governos do PT, o marqueteiro João Santana;

2) o vazamento midiático do conteúdo claramente encomendado da delação premiada do Delcídio Amaral. Este ato do espetáculo foi comemorado efusivamente pelo imperialismo e especuladores internacionais. A bolsa disparou 5,12%, realizando a maior alta diária desde 2009;

Foi então que a frente golpista avaliou que a situação estava madura para uma medida mais ousada. Desde o último sábado, o blog “ocafezinho.com” havia cogitado que essa nova fase da operação poderia ocorrer, que já havia sido autorizada em fevereiro por Sergio Moro e, antes da operação ser de fato executada a mesma foi vazada à Rede Globo com bastante antecedência, e assim armar o circo.

3) A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, no início dessa fatídica semana, provavelmente foi por pura covardia em impedir a operação de acontecer e para não se queimar com o próprio PT quando a operação viesse a ser executada.

Então, no dia seguinte ocorre a “intimação coercitiva” para dar um salto de qualidade no linchamento midiático do principal dirigente do PT e ensaiar a prisão futura do mesmo. Em alguns lugares ocorrem enfrentamentos da direita com a esquerda. Manifestações em germe da futura guerra civil. Nesse dia 04, a esquerda se impôs nas ruas e o sequestro político não consuma a prisão de Lula.

A perseguição a Lula não é pelo que ele tem de comum com os governantes anteriores e com a burguesia, mas exatamente pelo que ele não tem de comum e no quê o proletariado se identifica ainda que erroneamente com ele.

Se podem fazer tamanha arbitrariedade política contra um ex-presidente, imagine quantos “Amarildos” mais vão aparecer após um golpe de Estado. O ódio de classe e a guerra civil que vem sendo patrocinados pela direita golpistas precisam encontrar um firme "NÃO PASSARÃO!" das massas exploradas no Brasil.

Apesar de todas as divergências com Lula, o PT, Dilma e sua famigerada política de colaboração de classes e traição aos trabalhadores que neles confiaram, acreditamos que esse espetáculo deve merecer o amplo repúdio das massas. Já agora, antes que um golpe de estado se consuma, o proletariado já é a principal vítima do recrudescimento do regime político e da capitulação de Dilma as pressões da direita golpista, através da redução da maioridade penal, da aprovação da lei antiterrorista, da entrega do pré-sal, da ampliação da terceirização, da reforma da previdência, ... Tudo isso precisa ser varrido pelas massas mobilizadas e com seus métodos de luta, assim como a direita das ruas.

A experiência de dezembro passado demonstra que é necessário aproveitar-se das divergências no interior da frente golpista antes que a maioria de seus componentes acordem uma tática comum para o desfecho do golpe, mas sobretudo apostar na mobilização popular contra a ofensiva golpista, como feito no dia 16/12.

Está claro que a situação exige uma mobilização das massas para derrotar o golpe. Mas, as organizações de massas controladas pelo PT e PCdoB se contentam em apontar uma manifestação nacional em Brasília mais de 15 dias depois do 13 de março, dia nacional de manifestação marcado pela direta, o que é um erro crasso.

Por isso é preciso convocar os trabalhadores de todas as categorias para um contra-ato do dia 13 contra a classe média fascista e macartista e a burguesia que as manipula em favor do imperialismo. Devemos tomar as ruas e enxotar a direita deste espaço político que é dos movimentos sociais.  Devemos nos preparar para o momento final da empreitada golpista, onde finalmente haverá a ruptura da ordem democrática burguesa.