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domingo, 22 de novembro de 2015

FOLHA DO TRABALHADOR 25 - EDITORIAL

Dilma, trai sua base e se apóia nas contradições e medos da direita

“Nunca na história deste país” houve um governo tão desestabilizado em tão pouco tempo de mandato. Dilma só não foi derrubada ainda pelos desentendimentos táticos no interior da frente golpista, entre os dois principais partidos conspiradores, PMDB e PSDB, pelo temor dos golpistas de assumir a gestão de uma crise econômica que eles próprios turbinaram e, sobretudo, por temor a uma reação popular pós-golpe.
Dilma não caiu ainda graças as contradições internas e temores de seus adversários. Afinal, 99% das medidas neoliberais deste governo, tomadas sob a pressão da direita golpista e do imperialismo, torpedeiam a própria base de sustentação popular de Dilma.
O PSDB, principal partido da oposição burguesa, governante do Estado mais rico do país, está dividido em pelo menos três táticas distintas para o enfrentamento ao PT. Alckmin, governador de São Paulo, cujo mandato se encerra em 2017, é contra o impeachment, contando será ele o candidato favorito do partido em 2018. Aécio, sabe que suas chances de chegar a presidência só se abrem se tiver um terceiro turno, ou seja, novas eleições presidenciais antes de 2018, quando Alckmin exigir uma nova tentativa de derrotar o PT. Portanto, Aécio defende qualquer saída de interrupção do mandato de Dilma que convoque um novo pleito presidencial. O Senador José Serra, isolado dentro do ninho tucano, por sua vez, defende o parlamentarismo, acreditando que tal sistema de governo abriria a possibilidade dele ser o primeiro ministro. O senador Aloísio Nunes, em uma declaração em favor da tática de Alckmin, disse que o objetivo da política de desestabilização é “fazer sangrar” Dilma até 2018. Nenhuma das táticas tucanas admite entregar os frutos da conspiração de presente para o PMDB e para que existam novas eleições é preciso derrubar igualmente o vice-presidente na primeira metade do mandato de Dilma, até o final de 2016.

O PMDB é o partido que nunca saiu do governo federal desde a ditadura militar. Se o PSDB, filhote remasterizado do PMDB, chegou à conclusão que só através de um Golpe de Estado ou da cassação dos direitos políticos de Lula, consegue voltar a presidência, menos chances tem ainda o desmoralizado e mafioso PMDB. Sendo assim, a única forma do PMDB chegar à presidência seria golpeando o partido hospedeiro que tem lhe levado nas costas desde 2002, através de um impeachment ou da renúncia de Dilma. Mas, o vice-presidente da nação, Michel Temer, e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha só podem assumir a vaga de Dilma se derrotarem as pretensões dos outros dois correligionários. Cunha e Calheiros precisam derrubar Temer junto com Dilma para terem chances. Calheiros precisa puxar o tapete de Cunha, o segundo na linha da sucessão presidencial, para assumir.
Seja como for, a “Agenda Brasil”, defendida por Calheiros, ou o “Uma ponte para o futuro”, defendida por Temer e pelo conjunto do PMDB, bem como os governos policialescos do partido no Rio de Janeiro dão uma pista de como seria o salto de qualidade nos atuais ataques contra a população trabalhadora em um governo golpista do PMDB.
Não fossem as forças que governam a história humana – a dialética e o materialismo, que aqui se apresentam principalmente através das contradições paralisantes da frente ampla golpista, e o medo que os golpistas têm da resistência do proletariado – a direita, tão cruel quanto covarde, já teria sido mais ousada. Dilma e o PT, já venderam suas almas ao diabo e se acham no lucro pelos mais de 3 mandatos, podem ficar reféns desta situação, nós trabalhadores, não.
Um Golpe vitorioso tentará nos impor o que PT nunca ousou em arrocho salarial e liquidação de nossos direitos, condições de trabalho e vida para superar a crise capitalista às custas do aumento de nossa miséria e exploração. Precisamos edificar uma poderosa frente antigolpista, anti-imperialista contra a reação e o capital.
Precisamos ficar alertas, superando o mito de que no Brasil não há luta de classes entre o natal e o carnaval e preparar uma Greve Geral para o início de 2016, quando os ataques contra o proletariado tendem a acentuar a nossa miséria e recrudescerá a escalada golpista, uma greve geral pela anulação de todas as medidas reacionárias tomadas por Cunha e pelo ajuste fiscal do governo Dilma-Levy, ou deixarmos que os patrões sigam nos "ajustando" ou nós "ajustamos" os patrões.