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domingo, 5 de abril de 2015

INDUSTRIALIZAÇÃO MOVIMENTO OPERÁRIO E LUTA ANTIGOLPISTA

Frente Única para derrotar a direita burguesa e pequeno burguesa anticomunistas, agentes da recolonização imperialista!
Leon Carlos e Humberto Rodrigues


O Golpe de 1964 inicia a segunda etapa da industrialização substitutiva de importações no Brasil, concluído com o II Plano Nacional de Desenvolvimento, do governo Geisel. Se apesar de todos nossos esforços em contrário, o Golpe de Estado de 2015 for bem sucedido, fechará definitivamente esta etapa no Brasil, voltando-se contra a sua inercia superestrutural civil: o PT.

A primeira industrialização substitutiva clássica de alguns dos principais países semicoloniais (Brasil, Argentina, México, Africa do Sul, ...) foi realizada a partir da década de 1930, após a crise de 1929, e acentuada no pós-guerra.

O controle nacional ou multinacional desta industrialização foi sempre motivo de disputa mais ou menos acirrada entre os governos burgueses nacionalistas e o imperialismo, sócios no negócio mundial burguês que disputam suas porcentagens na exploração da mais valia.


INDUSTRIALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES:
CONDICIONANTES ESTRUTURAIS DA ATUAL ONDA GOLPISTA DO BRASIL

A concentração do proletariado paulista deu origem ao PT, extensão superestrutural da segunda fase, cujas características foram: desenvolvimento da indústria combinada ao crescimento do peso do capital multinacional, desenvolvimento de um mercado consumidor interno (do qual trataremos mais adiante), recepção de ciclos tecnológicos em desuso nas metrópoles, relativo protecionismo em relação a concorrência inter-oligopólica internacional em favor das multinacionais aqui instaladas (por exemplo a Ford que fabricava em um pais X influenciava o governo local a proibir a importação de veículos da GM que não possuía plantas neste país).

A industrialização do ABC paulista coincide com a desindustrialização do Rio de Janeiro e daí ao surgimento ao ascenso do movimento operário contra os patrões multinacionais e a ditadura que dará origem ao PT, expressão superestrutural do enquadramento das forças produtivas nesta fase, a partir da força produtiva mais importante: a classe operária. A industrialização da economia nacional teve seu ápice em 1985. A partir de então estendeu até o momento de seu período epilogar, no passo do gradualismo brasileiro, vivemos uma desindustrialização e reprimarização da economia (vide documento de Erwin Wolf: A Re-primarização/desindustrialização no ABC Paulista” no Folha do Trabalhador # 19). A vitória do golpe aponta para uma derrota histórica do proletariado brasileiro que já é ameaçado pelo ataque combinado da terceirização com a redução da maioridade penal, medidas que atingem ao conjunto da classe trabalhadora, mas que se cruzam para impor um regime de escravidão precarizada sobre a juventude trabalhadora e sobre o futuro do país.

Se a segunda onda de industrialização criou o PT, o partido operário burguês brasileiro, a partir do ABC paulista, a desindustrialização e reprimarização nacional e sobretudo no próprio ABC, combinado com o processo político da burocratização, o aburguesamento estatal do partido (com todos os vícios que disto deriva) e agora por fim a campanha política golpista do imperialismo para desmoralização e criminalização tendem a debilitar muito o PT.

Neste quadro - de acosso golpista nas ruas, de achaque pró-impeachment por parte do PMDB no Congresso Nacional e no Executivo, da superestimação midiática da força do golpismo - o convite da Casa Branca a Dilma para uma visita reconciliatória aos EUA e a indicação de Lula a Secretaria Geral da ONU, feita por Obama, são duas iniciativas que vão na mesma direção: oferecer uma saída honrosa a Dilma e ao PT, nos marcos estabelecidos para o imperialismo desde que a presidenta renuncie sem resistência e Lula não seja candidato em 2018.

A DIREITA ‘VERDE E AMARELO’ GOLPISTA É, NA VERDADE,
UMA TRAIDORA DO BRASIL, AGENTE DO IMPERIALISMO CONTRA O SEU POVO

O mercado interno durante a ditadura foi criado privilegiando algo menos que os 20% mais rico da população, para, desta forma, buscar homogeneizar as pautas de consumo latino americanas com as das metrópoles imperialistas, em particular dos EUA, e assim assentar uma firme dominação cultural e, por sua vez, as multinacionais podem homogeneizar um padrões produtivos correspondentes. Isto é um diferencial do caráter do mercado interno na primeira industrialização (1930-60) que se baseava no salário operário.

Esta elite, que Darcy Ribeiro qualificou de “a mais tacanha e mesquinha do planeta”, racista e xenófoba contra negros, nordestinos e pobres, reconcentrada nas últimas décadas, sócia minoritária do imperialismo na exploração do seu próprio povo e que, portanto, nada tem de nacionalista, é uma “traidora da pátria”. Esta elite, nada tem a ver com as condições de vida da população e sabe que sua riqueza deriva da manutenção da miséria da esmagadora maioria nacional, seu acesso ao mercado de luxo se assemelha ao das burguesias estadunidenses e europeias, é a base estrutural da alta desigualdade brasileira. Como peixe-piloto da burguesia está uma pequena burguesia acomodada, cuja farra foi alimentada pela política cambiária, a especulação financeira e imobiliária e a bolha creditícia da políticas anticíclicas do PT. Estes parasitas que viviam de importações baratas e viagens ao exterior são o público principal das manifestações golpistas, defensores do "Fora Todos!", do "privatiza tudo", "terceiriza tudo", "comunista bom é comunista morto", redução da maioridade penal, e muitos pela volta da ditadura militar que agora, em sua ressaca, quer esganar o PT por ter desligado o som que animava a orgia. O comando maior da escalada golpista sabe que para executar esse programa de recolonização é preciso uma repressão sanguinária ditatorial que fará parecer 'bolchevique' política policialesca, neoliberal e privatista praticada pelo PT, não apenas um golpe parlamentar.

Tudo isso reafirma duas questões, que é necessário desmascarar os coxinhas verde e amarelo na luta pela libertação nacional do Brasil em relação aos EUA e que a pátria dos trabalhadores é a sua classe planetária.

É preciso ter uma compreensão da conjuntura baseada nos métodos da revolução permanente. Não há inserção soberana sem vitória na luta pela independência nacional contra a dominação imperialista e capitalista, ou seja, sem a revolução e instauração da ditadura proletária é impossível que uma semi-colônia converta-se em potência econômica. Justamente por essa regra, China e a Rússia são os únicos países que ascenderam como potências mundiais na era imperialista (o bloqueio imperialista, que não foi capaz de eclipsar a imenso potencial das forças produtivas da Rússia e da China, impediu que os demais Estados operários realizassem o mesmo salto econômico).

A manutenção da tendência de aproximação mercantil com o bloco Eurásico (que perdeu força nos últimos meses, vide “DISPUTA COMERCIAL E GOLPISMO - Burguesias paulista e fluminense, agentes econômicos e políticos dos EUA, salivam por Golpe de Estado para se livrar do PT e dos BRICS”), ainda que não seja uma relação tão parasitária, aponta para a manutenção da condição primário-exportadora e para a reprimarização do país de forma subsidiária a mega-industrialização dos sócios orientais.

O restabelecimento das relações econômicas com os EUA nos patamares anteriores à crise de 2008, ainda que permita uma reativação industrial de curta duração no âmbito imediato, a tendência determinante da relação do Brasil com o imperialismo aponta para uma nova onda recolonizadora contra o Brasil com o objetivo de abastecer o novo ciclo de acumulação capitalista do imperialismo e, politicamente, perseguir todos as adversários desta ofensiva dos EUA, o que significa dobrar pela força e pela criminalização toda resistência popular e de esquerda.

CONSTRUIR UMA FRENTE ÚNICA ANTIFASCISTA E ANTIIMPERIALISTA

A principal greve do movimento operário brasileiro em 2015, até agora, contra a ousadia recolonizadora da indústria multinacional, foi a greve dos metalúrgicos da Volkswagen de São Bernardo do Campo, seguida por operários das outras montadoras. Mais uma vez, apesar de sua burocracia sindical traidora, os metalúrgicos do ABC apontaram o sentido da luta de toda a classe trabalhadora em uma greve que parou por tempo indeterminado 100% da maior fábrica do Brasil. Eles foram no limite que podem ir sem uma direção operária revolucionária.

Precisamos derrotar a onda golpista pró-imperialista no continente, e isto significa construir uma Frente Única Antifascista e Aintiimperialista (FUAA) para derrotar os patrões e os setores reacionários da pequena burguesia para planificar toda a economia do Brasil para atender as amplas necessidades estruturais, de habitação, transporte, saneamento básico, saúde, educação e alimentação da população trabalhadora.

O Brasil, e São Paulo como epicentro do movimento operário, se colocariam a cabeça da população latino americana, revertendo a reprimarização e a desindustrialização em favor da industrialização e proletariazação sob condições dignas de vida, em um novo patamar do conjunto do país e do continente, como parte da revolução proletária latinoamericana que privando ao imperialismo de vampirizar as nações oprimidas do continente abriria o caminho da Federação Socialista das Américas.