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quarta-feira, 25 de março de 2015

CONTRADIÇÕES GOLPISTAS

Contradições econômicas
inteburguesas e golpismo no Brasil

Leon Carlos - Tendência Militante Bolchevique
Version en Castellano - TMB Argentina

FORA TODOS, PELA VOLTA DA DITADURA MILITAR
A classe média reacionária manipulada pelo
imperialismo para a defesa do Golpe de Estado
A medida da relação da economia de um país com o mercado mundial passa pelo rendimento do trabalho. As semicolônias são impedidas de dar um salto no seu rendimento do trabalho, mas se permite que compensem sua baixa competitividade e participem do mercado mundial com suas burguesias apelando para umas destas duas opções: endividamento ou desvalorização. Este é o “ser ou não ser” de Hamlet, em sua versão latino americana. Ambas as opções dão origens a círculos curtos de acumulação que por sua vez resultam em novas crises e capital.

Hoje no Brasil, depois do esgotamento do ciclo de endividamento fácil, sobretudo pela entrada de capitais especulativos, se agrupam os setores burgueses que integram o “Clube da Desvalorização”.

Um dólar alto beneficia aos exportadores, ao passo que encarece as importações, e beneficiaria aos empresários ameaçados pelas importações. Inversamente, os grandes importadores, como os oligopólios ligados aos serviços estratégicos como a telefonia, a distribuição energética, de gás, etc. se veriam prejudicados. Também seria prejudicado o mercado imobiliário, já que sua atividade é cotada em Reais e, portanto, uma desvalorização do real o prejudicaria. Por último, é preciso acrescentar que o capital financeiro também sairia prejudicado uma vez que o dólar alto conduz a queda dos juros (por razões que não vamos explicar aqui).

Em outras palavras, haveria uma transferência da distribuição da mais-valia no interior da burguesia entre o setor produtor de bens que não participam da balança comercial ou são chamados não transáveis (que não são exportáveis ou não concorrem com importações) para um setor produtor de mercadorias transáveis (exportáveis ou que concorrem com as importações). Estes dois setores burgueses formam parte da coalizão golpista.

De um modo geral, a desvalorização do Real, beneficiaria aos que até agora foram prejudicados por importações baratas e aos capitalistas exportadores. Dentre os transáveis está a burguesia industrial de São Paulo. Estes setores são sócios ativos do “Clube da Desvalorização” brasileiro. Também deve-se acrescentar que uma desvalorização provocaria a redução dos salários em dólares do Brasil, o quê reduziria os custos de produção para industriais e os latifundiários que concorreriam em melhores condições no mercado mundial.

O “Clube” representa uma contradição forte no interior da coalizão golpista. O governo do PT já tomou nota disto e está executando parte das “reivindicações” deste “Clube”, através da própria desvalorização do Real. Esta contradição no interior da frente burguesa golpista pode:

1) Debilitar a própria coalizão golpista até conduzir ao fracasso do próprio Golpe, com o PT incluindo o “Clube da Desvalorização” no elenco governante, mediante uma reforma ministerial, etc.;

2) Em um pós-Golpe dar origem a um governo débil que não podem articular as contradições internas de sua própria ase de sustentação.

É preciso assinalar que a inclusão do “Clube” no governo do PT reforçaria as tendências pró-imperialistas do governo petista, uma vez que incluiria os interesses da burguesia industrial paulista que exporta para os EUA e que teme a concorrência das mercadorias chinesas no setor de bens de consumo.

Estas condições e divisão no interior da classe inimiga devem ser aproveitadas em termos táticos pelo proletariado brasileiro para lançar uma ofensiva que derrote ao Golpe e abra um cenário favorável para a luta dos trabalhadores. Da qual é parte fundamental a construção de um partido revolucionário do próprio proletariado que oriente ao conjunto dos explorados e oprimidos em direção ao combate por um Governo operário e dos trabalhadores.