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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

USP

Nenhuma trégua ao interventor Rodas,
nem a Alckmin nem a PM!
dO Bolchevique # 6

Neste momento, a luta dos estudantes da USP é o conflito de maior dimensão da conjuntura nacional e o que mais polariza as opiniões nos locais de trabalho. É também a melhor expressão no Brasil da onda de descontentamento da juventude com a nova ofensiva burguesa gerada a partir das crises capitalistas. Não por acaso, toda a burguesia e sua imprensa venal tratam de demonizar o movimento que heroicamente resiste a investida fascista de militarização da principal universidade do país pelo governo tucano de Alckmin e seu interventor na USP, o Reitor João Grandino Rodas. Mas, enquanto a greve geral estudantil amplia-se e ganha solidariedade nacional, DCE e ADUSP articulam uma conciliação com o interventor Rodas. Dois dias depois do fatídico 08 de novembro, quando os estudantes responderam em massa, com uma assembléia de duas mil pessoas, à invasão da USP pela tropa de choque da PM com helicópteros e cavalaria que prendeu 72 estudantes, foi realizada uma manifestação pelo centro de São Paulo com 5 mil pessoas que ganhou a solidariedade de pessoas que passavam nas ruas, dos sem teto que ocupam vários prédios ociosos, de secundaristas que reivindicam o direito de cursar o ensino superior sem o funil do vestibular. Em seguida, foi realizado um ato político e, à noite, uma nova assembléia na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.


PSOL E PSTU ESTÃO CONTRA A AÇÃO DIRETA DOS ESTUDANTES E A FAVOR DA CONCILIAÇÃO COM O INTERVENTOR E DE UMA REPRESSÃO ALTERNATIVA

Já durante o ato, Plínio de Arruda Sampaio, que foi o candidato a presidente pelo PSOL nas eleições de 2010, que supostamente foi prestar solidariedade a nossa luta na USP, condenou a mais corajosa medida dos estudantes contra o acordo Rodas-PM, a ocupação da Reitoria, ação direta que divide águas entre os que lutam decididamente pelo Fora PM e Fora Rodas e os que buscam um acordo com Rodas pela instalação de um sistema de repressão menos ostensivo, uma repressão alternativa. Não por acaso o slogan do DCE é “Segurança SIM, PM não!”. Plínio disse: “Eu acho que os caras lá que fizeram a invasão poderiam ter tido outra forma de protestar pra não criar problemas”, pelo quê foi repudiado e vaiado por manifestantes em cima e em baixo do carro de som e aplaudido pelo representante do DCE. Com esta declaração, Plínio deu continuidade à política de seu partido que dirige o DCE e CAs, os quais, juntamente como o PSTU, manobram e burocratizam as assembléias para isolar os setores mais combativos do movimento, da mesma forma como a raivosa imprensa burguesa demoniza o conjunto de nossa luta e sobretudo a ocupação da Reitoria. A ADUSP e o DCE se opõem a uma das consignas principais da greve geral, o “Fora Rodas!”. Desde o primeiro confronto, quando foram presos três estudantes acusados de fumar maconha no campus, estas duas entidades se colocaram contra o movimento, inclusive fazendo um cordão de isolamento contra os manifestantes para ajudar a PM a levar os jovens presos para a delegacia. Assim como Plínio de Arruda expressou o alinhamento do PSOL com todos aqueles que tratam de isolar a ação direta estudantil, Rui Braga, militante do PSTU, também tratou, através da Folha de São Paulo, de atacar a ocupação da Reitoria, como um erro, e minimizar a repressão do Rodas, colocando um sinal de igual entre o movimento e a repressão, dizendo “foi um erro combatido por outro”.

O DCE, que desde o princípio foi contra o movimento, controla as assembleias usando a velha tática de encabeçar o movimento para desviá-lo para a conciliação. Por exemplo, na assembléia do dia 10, foram aprovadas bandeiras importantes como “Fora PM de toda a Sociedade”, mas o DCE tratou de alterar o que foi aprovado para registrar em ata como se pode ver no site do DCE “Fora a PM violenta de toda a sociedade” falseando a posição política adotada pelos estudantes porque é contra a bandeira do fim da PM, e induzindo ao pensamento de que pode haver uma polícia não violenta – afinal o PSOL defende a ocupação dos morros pela polícia e a instauração de UPPs em todos os morros cariocas, como reivindica policialescamente o deputado psolista Marcelo Freixo. O DCE e os CAs tentaram a todo custo evitar as ocupações da FFLCH, mas não conseguiram, depois foram contra a ocupação da Reitoria suspendendo uma assembleia no meio para que esta deliberação não fosse aprovada, mas não conseguiram novamente. Mesmo depois da invasão da Reitoria pela tropa de choque e da prisão de quase uma centena de lutadores, se opuseram à deflagração da greve geral estudantil no dia 08, mas perderam a votação na maior assembleia da USP nos últimos tempos. Todavia, na última assembleia, do dia 10, na Faculdade de Direito, o DCE conseguiu controlar a mesa diretora dos trabalhos e aprovar uma audiência pública com o interventor tirano que mandou torturar e prender estudantes, desmoralizando e descaracterizando a luta pelo “Fora Rodas!”.

Os estudantes combativos e o comando de greve não podem se contentar em fazer uma política de pressão sobre o DCE, os CAs, o PSOL e o PSTU, como tem feito vários grupos de oposição ao DCE que em nome da unidade alimentam ilusões nesta direção como a LER-QI, que na Assembléia da quinta-feira dia 10/11 distribuiu um panfleto em que fazia o seguinte apelo choroso: “O PSOL e o PSTU devem rever sua política e apontar para o triunfo do movimento”. Precisamos combater esta direção traidora e conciliadora, pois ela seguramente nos conduzirá à derrota, como já vemos no desvio da luta para uma audiência com o reitor. O comando de greve, eleito com representatividade nos cursos em greve, deve dirigir as assembléias, e não permitir que o DCE o faça.
Boletim Folha do Trabalhador ESPECIAL USP distribuído na Assembléia do dia 10 de novembro
É preciso que os estudantes grevistas participem em massa desta “audiência pública” com toda sua indignação, estando bem alerta para repudiar qualquer tentativa de reconciliação entre o DCE e a ADUSP e Rodas.

“ACABOU O AMOR, ISTO AQUI VAI VIRAR UM INFERNO!”

Não está posta, neste patamar que chegou nossa luta, nenhuma possibilidade de dialogarmos com o interventor. Ainda que Rodas tivesse sido eleito democraticamente, e este não é o caso, qualquer chance de diálogo teria se extinguido quando ele invocou o braço armado da repressão estatal sobre nossas cabeças. O movimento estudantil não pode mais aceitar este tirano facínora na direção da USP que, a mando do governo do Estado e em conluio com ele, faz o dia-a-dia na Universidade semelhante aos anos de chumbo da ditadura militar.

Não queremos fazer acordo nenhum com Rodas. Nosso grito é Fora Rodas! Por uma Universidade pública à serviço da classe trabalhadora, e controlada pelos que nela estudam e trabalham. Nossa reivindicação é que seja destruída toda a estrutura arcaica e feudal de poder que atualmente existe na USP e engessa o livre desenvolvimento do saber dentro da Universidade e a mantém refém de um projeto elitista, cujo fim é a formação de quadros burgueses e pequeno-burgueses para servir aos interesses do capital, ou, em outras palavras, a “educação” de filhinhos-de-papai devidamente filtrados pelo vestibular. São eles que querem uma USP militarizada e reservada para mimados. Que se constitua na USP uma outra forma de administração, um governo da Comunidade Universitária composto por estudantes, trabalhadores e professores, e com maioria estudantil. Que o vestibular seja extinto, e os filhos dos trabalhadores tenham pleno acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade.



RETIFICAÇÃO DE NOSSA POSIÇÃO SOBRE A USP ADOTADA NO BOLCHEVIQUE #5


No momento em que, aproveitando-se da morte do estudante Felipe Ramos Paiva, iniciava-se uma nova ofensiva militar de Rodas e Alckmin na USP, a LC defendeu nO Bolchevique #5 a consigna “Fora PM do Campus!”, a qual agora avaliamos ser incompleta e não corresponder ao nosso programa, pois o correto é reivindicarmos não apenas a expulsão da PM da USP, mas a completa extinção do conjunto do aparato repressivo capitalista, o braço armado da burguesia contra os trabalhadores e, no caso, contra a resistência operária e estudantil à privatização da Universidade.