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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

OCUPAÇÃO DA ROCINHA - RIO DE JANEIRO

O que está por trás da militarização
dos bairros proletários

No último dia 13/11, mais de 4 mil militares, entre policiais do BOPE, policiais civis, bombeiros, fuzileiros navais, policia rodoviária federal, batalhão de choque, Caveirão, tanques blindados da Marinha, helicópteros e etc., montaram uma verdadeira operação de guerra a fim de invadir mais uma favela carioca para a instalação de outra UPP (Unidade de Policia Pacificadora) de Sergio Cabral (PMDB) e Dilma (PT). A bola da vez agora são Rocinha, a maior favela da América Latina com 120 mil habitantes, Vidigal e Chácara do Céu, através da falsa desculpa do combate ao tráfico de drogas.

Como em outras ocupações militares, os moradores dessas comunidades sofrem com as flagrantes violações de seus direitos democráticos elementares como ir e vir; crianças, mulheres e idosos são constrangidos constantemente através das abordagens truculentas dos soldados e mais um conjunto de medidas repressivas vêm sendo utilizadas contra a comunidade pobre como, por exemplo, a proibição de ouvir som alto, toques de recolher e etc., medidas características de ditaduras militares.


A serviço de quem?

Com a aproximação da copa do mundo e das olimpíadas, as grandes corporações capitalistas nacionais e estrangeiras, desde a especulação imobiliária até a indústria bélica, veem grandes possibilidades de lucro através de negociatas que resultarão em maior repressão às comunidades pobres, seguida de despejos e higienização social como vem ocorrendo pelo Brasil afora.

A prova disso é que nem bem a Rocinha havia sido ocupada pelos verdugos de farda, e já se projeta uma valorização de até 100% nos imóveis da região, o que faz com que a burguesia intensifique ainda mais sua política contra os pobres, através do aprofundamento de medidas de caráter cada vez mais segregacionistas, expulsando os cidadãos pobres para as regiões mais distantes dos grandes centros, tornando as áreas dominadas pela especulação imobiliária completamente elitizadas.

Outro setor da burguesia que também vem lucrando muito com a política anti povo de Sergio Cabral, é a indústria bélica. Segundo informa o site do Instituto Brasilano di Scienze Criminali Giovanni Falcone, a indústria de armas no Brasil fatura em média U$$ 290 bilhões anuais, sendo que boa parte dessas cifras astronômicas são decorrentes de contratos com governos estaduais, municipais e etc., que vem aplicando, à serviço da burguesia e do imperialismo decadente, políticas de guerra contra a população pobre e trabalhadora, visando dessa forma desvalorizar ainda mais a força de trabalho de nossa classe e aquecer a economia capitalista em crise, que se torna em sua fase imperialista cada vez mais dependente de todo tipo de guerra contra os povos, desenvolvendo forças destrutivas em detrimento das necessidades humanas, e mostrando a verdadeira face do sistema capitalista.

Isto explica os altíssimos gastos com segurança pública do governo Sergio Cabral: enquanto os trabalhadores sofrem com um péssimo serviço de saúde pública, o governo prioriza os gastos que envolvem diretamente a repressão: para a saúde foram gastos R$ 4,2 bilhões, enquanto segurança, R$ 4,9 bilhões.

Combate às drogas ?

Por outro lado, é importante que se diga que a polícia não está no morro para combater o tráfico como nos é vendido falsamente pela mídia burguesa. O próprio traficante “Nem”, preso durante as ocupações, declarou recentemente que metade do lucro obtido com a venda da droga no Rio vai parar diretamente nas mãos dos policiais, que são um departamento deste ramo da economia capitalista, lhe prestando um sui generis serviço de segurança, recebendo sua parte no tráfico em forma de "em taxa de proteção".

Segundo pesquisas recentes, a droga está entre os itens mais comercializados do mundo, ficando atrás apenas do petróleo e das armas, e de acordo com estes estudos, os grandes bancos, como por exemplo o Santander, são imensos “lavadores” de dinheiro do tráfico internacional que movimenta bilhões. Portanto, o comércio de drogas tem como seus principais impulsionadores os grandes magnatas do capital, bandidos de “colarinho branco”, que se utilizam das políticas repressivas de seus lambe botas como Sergio Cabral e Dilma, para rebaixar ainda mais as condições de vida das massas trabalhadoras e favorecer seus lucros às custas do sangue da população pobre que sofre no seu dia-a-dia a mais cruel covardia por parte dos agentes da repressão, que não são mais que assassinos fardados à serviço do Estado burguês, ressaltando que, não por acaso, a polícia do Rio de Janeiro é uma das mais violentas do mundo.

Por comitês populares de auto-defesa

Com a crise do capital, combinada com a preparação e realização de megaeventos esportivos no país, a burguesia aprofunda ainda mais os ataques contra a população trabalhadora, seja através de cortes orçamentários em áreas sociais, como os R$60 bilhões que já foram desviados por Dilma até agora à serviço do grande capital, ou através das políticas assassinas de invasões das comunidades pobres como vem ocorrendo agora no Rio, feito este que nem sequer a ditadura militar conseguiu realizar.

Desta forma, a única alternativa que resta aos trabalhadores destas comunidades, é a criação de organizações por locais de moradia para resistir às políticas ditatoriais dos governos burgueses. Como recentemente noticiou A Folha do Trabalhador nº3, em artigo reproduzido nesta edição dO Bolchevique, na zona leste de São Paulo, os moradores vem se organizando em comitês em defesa da moradia. Nós da Liga Comunista, acreditamos que estes comitês precisam se transformar em comitês de auto-defesa, como único meio de derrotar as políticas de caráter semifascista de Cabral e Dilma e seus pares a favor do imperialismo.