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domingo, 12 de junho de 2011

PASSEATA EM SÃO PAULO DENUNCIA OCUPAÇÃO DO HAITI E INTERVENÇÃO NA LÍBIA

Frente Única de Ação versus Frente Popular de colaboração
Balanço do Ato de rua e polêmica em torno de um velho tema, sempre candente em nosso movimento
dO Bolchevique #5
Marcha da Coluna do Comitê Antiimperialista
sobre o viaduto do Anhangabaú
No dia 04 de junho realizou-se em São Paulo o ato nacional contra a intervenção imperialista no Haiti e na Líbia. Participaram da atividade as organizações: Comitê Antiimperialista, Comitê Pró-Haiti, Liga Comunista, Espaço Cultural Latino Americano, Refundação Comunista, Espaço Cultural Mané Garrincha, NATE, Núcleo do PSOL de Santa Cecília, PCO, PH, PCB, MST, UST, Intersindical, PCR e OT. A atividade foi divulgada na internet, blogs e sites. Seus cartazes foram colados nas universidades USP, PUC, Cásper Líbero, ESPSP, agências bancárias, Sindisprev/SP, nas assembleias dos trabalhadores metroviários, e em vários outros locais de trabalho e estudo. Reuniram-se trabalhadores de diversas categorias: bancários, dos correios, da USP, teleoperadores, operários, professores e estudantes universitários e do ensino médio, funcionários públicos e privados, aposentados, terceirizados. A concentração foi da Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal, e de lá as organizações, ativistas e lutadores sociais independentes, aproximadamente 100 manifestantes, marcharam em passeata bloqueando o viaduto do Chá, passando em frente à Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, até a Praça da Sé, onde se concluiu a atividade.

BOICOTE DOS QUE CAPITULARAM AO IMPERIALISMO E AO GOVERNO DO PT

Para os marxistas revolucionários, em uma guerra entre um país oprimido e o imperialismo é preciso tomar a defesa incondicional do país oprimido. Independente do regime que possua o país oprimido (seja ele uma ditadura despótica ou uma democracia liberal) é preciso defendê-lo do imperialismo que intervém no mundo para aumentar a pilhagem sobre as riquezas naturais (no caso líbio, o petróleo), a exploração sobre os trabalhadores subjugados e obter o pleno controle político-militar da região. Portanto, se suas forças vencem o conflito, impreterivelmente será imposto um outro regime burguês cuja missão é acentuar o parasitismo e a opressão sobre a população trabalhadora. E, se vence a batalha na Líbia, o imperialismo sai fortalecido na luta de classes contra os trabalhadores do Brasil e de qualquer outra parte do globo. Nisto consiste a essência da questão líbia.

A agressão imperialista de Bush ao Iraque e Afeganistão provocou um repúdio mundial de massas. Vale lembrar que milhares de pessoas participaram da gigantesca manifestação que marchou da Avenida Paulista ao Ibirapuera em 2003. Entretanto, a intervenção militar da OTAN que está balcanizando a Líbia dispõe de uma ampla cumplicidade da vanguarda “anti-imperialista”; Obama, tanto ou mais que o também “imperialista-democrata” Clinton que provocou uma guerra fratricida e dividiu a Iugoslávia nos anos 90’, conta com o apoio crítico da esquerda pequeno burguesa. Neste dia 04 nós marchamos porque não nos deixamos enganar pelo bombardeio midiático que convenceu a quase totalidade desta esquerda a se alistar no exército de papagaios das mentiras difundidas pelo imperialismo para recolonizar a África.

Por sua vez, a ocupação do Haiti pelo governo do PT, que completou sete anos neste dia 04, não dispôs de outro repúdio além da nossa manifestação porque já foi assimilada e naturalizada pela quase totalidade da esquerda brasileira. Ambas as agressões são, no máximo, motivo da oposição protocolar dos “antiimperialistas” de palavras, cúmplices do neocolonialismo de fato. Não por acaso estiveram ausentes do ato as direções do PT, PCdoB, PSOL, PSTU, CUT, CTB, CSP-Conlutas e Intersindical. Vale destacar que o MST, com todo o peso social que ainda tem, só enviou um dirigente, que a UST não dispôs de seu aparato sindical em favor da construção da atividade. A corrente OT do PT só enviou um militante para a atividade. A CST, que participou das primeiras reuniões e do debate, não foi à manifestação. A Liga Operária e o PCML, que estiveram no debate do dia 21 de maio no ECLA, também não foram. A LER-QI se negou a participar deste emblemático protesto e apenas uma militante de base compareceu ao mesmo.

Concretamente, o boicote total ou parcial da maioria dos aparatos sindicais e partidários ao Comitê Antiimperialista, justificado por algumas organizações por motivos administrativos, se deve no mínimo, à falta de compreensão da luta anti-imperialista, mas sobretudo, às diferenças políticas e ao fato  do Comitê não servir de camuflagem aos que de palavras se opõem à intervenção imperialista, mas apoiam a ação dos agentes mercenários da CIA em solo líbio, assim como fazem Obama e Sarkozy, apresentando os contrarrevolucionários de Bengasi como “revolucionários”.

O PSTU e a CSP-Conlutas que em coro com Obama e seus agentes em solo líbio defendem o “Abaixo Gadafi!”, esquivam-se até de participar de um debate para o qual foram convidados, onde poderiam livremente e democraticamente expor suas posições pró-imperialistas, mas dada a superficialidade de seus argumentos, baseados na euforia em torno da “primavera árabe”, correm légua de nossa campanha anti-imperialista e deliberam o mesmo para sua base militante.

Outras organizações com algum peso político ou de massa enviam apenas um quadro dirigente para as atividades do Comitê para não ficar evidente o boicote da mesma à luta anti-imperialista e, por um lado, para proteger suas bases do franco debate político sobre a questão da Líbia ou do Haiti, onde a posição da organização é frágil e pró-imperialista.


O fato de ser um Comitê de Ação não significa que a luta política e programática deixe de processar entre os componentes do Comitê. O PCO, por exemplo, revela a causa política de sua participação no ato contra a ação do imperialismo na Líbia: “É necessário desmascarar a suposta ação humanitária do imperialismo que não armou os insurgentes nem ofereceu qualquer ajuda real, pelo contrário impede a luta dos trabalhadores e das massas contra Kadafi.” (site do PCO, 10/06). Fica evidente que para a CST/PSOL e para o PCO, o imperialismo está fazendo corpo-mole em sua intervenção, devendo jogar todo o peso em armar os “revolucionários de Bengasi”. Certamente estas correntes estariam ‘contempladas’ com a simples substituição dos pilotos estadunidenses ou franceses pelos mercenários de nacionalidade líbia à frente do manche dos aviões que bombardeiam diariamente com urânio empobrecido a população líbia.

Todo este boicote político não é por acaso. Se transferidos para o teatro de operações da guerra, seja no país caribenho ou africano que hoje são vítimas de intervenções militares, seguramente os verdadeiros antimperialistas estariam na barricada oposta a várias destas organizações políticas brasileiras.

FRENTE ÚNICA, FRENTE POPULAR E ULTIMATISMO OPORTUNISTA

Todo este boicote não nos impediu de realizar uma significativa marcha no centro da maior capital do país. A realização desta atividade não seria possível se não contasse com a disposição militante de vários quadros e companheiros de base das organizações que constroem o comitê, com os quais comprovamos ser possível tanto a colaboração prática comum como também estreitamos relações pessoais até então inexistentes.

A LC interveio por diversas vezes no ato através de seus militantes trabalhadores ressaltando a importância do comitê de ação como um instrumento da luta internacionalista para quebrar a resistência dos aparatos burocráticos dos partidos, correntes e sindicatos agentes do imperialismo e do governo Dilma. Ao mesmo tempo, defendeu uma política anti-imperialista consequente através de uma frente única militar com a resistência haitiana e com o governo líbio, sem emprestar nenhum apoio político nem se subordinar militarmente a correntes estranhas ao proletariado revolucionário. Deixamos claro que, ao reivindicar uma frente única com o caudilho Gadafi, a LC está se colocando contra o “Abaixo Gadafi” que neste momento é a política de Obama, Sarkozy e do G8. Algumas correntes querem identificar esta política como “etapismo”. Teriam que dizer o mesmo de Lenin quando propôs um “compromisso” com o governo burguês de Kerensky contra Kornilov:

“Em que consiste pois a nossa mudança de tática, após o motim de Kornilov? Em modificarmos a forma de nossa luta com Kerensky. Sem reduzir a nossa hostilidade para com ele, sem retirar uma só palavra que tenhamos pronunciado contra ele, sem renunciar a derrubá-lo, nós declaramos que é preciso ter em conta o momento; que não nos preocuparemos na hora presente em derrubar Kerensky; que o combatemos, agora, de uma outra maneira, patenteando ao povo (que combate a Kornilov) a fraqueza e as hesitações de Kerensky” (Lenin, Ao CC do PSDR, 30/08/1917).

A concepção que diz ser impossível fazer uma frente única com Gadafi contra o imperialismo, porque Gadafi tornou-se um agente do imperialismo, é tão tola como a que acredita ser impossível fazer uma frente única em um ato anti-imperialista com correntes que alimentam ilusões nos agentes internos do imperialismo na Líbia. Ambas se apoiam em um radicalismo vulgar. Da negação marxista da contradição absoluta, esta concepção deduz a negação de toda e qualquer contradição, mesmo relativa entre a burguesia gadafista e o imperialismo, ou entre o imperialismo e as organizações políticas pequeno burguesas. A partir destas contradições os revolucionários que não dispõem sozinhos de força política e material capaz de transformar a realidade devem saber construir comitês de ação com aliados vacilantes e pouco confiáveis sob determinados critérios. Como recorda Trotsky da tática de Lenin no episódio de Kornilov às vésperas da ascensão do nazismo na Alemanha, quando ele, Trotsky, propunha uma frente única entre a social democracia e o PCA:

“Nenhuma plataforma comum com a social-democracia ou com os chefes dos sindicatos alemães, nenhuma edição, nenhuma bandeira, nenhum cartaz comum: marchar separadamente, lutar juntos. Combinação apenas nisto, como combater, quem combater e quando combater? Nisto, pode-se entrar em acordo com o próprio diabo, com sua avó e mesmo com Noske. Com uma condição: conservar as mãos livres (...) Nada atenuar de nossa crítica à social-democracia, nada esquecer do passado. Toda conta histórica, nela compreendida a conta de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, será apresentada oportunamente, como nós, bolcheviques russos, apresentamos, no fim de tudo, uma conta geral aos mencheviques e socialistas-revolucionários, pela expulsão, calúnia, prisões e assassínios de operários, soldados e camponeses. Mas só apresentamos a nossa conta geral, dois meses depois de nos termos utilizado dos ajustes de contas parciais entre Kerensky e Kornilov, entre os “democratas” e os fascistas, a fim de mais seguramente repelir o fascismo. Foi unicamente graças a isto que vencemos.” (Carta ao operário comunista alemão do PCA, 08/12/1931).

As fraquezas e hesitações do ‘socialista’ Kerensky pavimentaram o caminho de Kornilov. A social-democracia alemã – ou melhor dizendo, os social-imperialistas –  dirigidos por Noske, o mandante do assassinato de Luxemburgo e Liebknecht, pavimentaram o caminho de Hitler. Como bem caracterizou o escritor Isaac Deutscher, o assassinato dos dois dirigentes da Liga Espartaco foi o primeiro triunfo da Alemanha nazista. O ‘socialista’ Allende desarmou os cordões industriais do proletariado chileno e pavimentou o caminho de Pinochet. Igualmente, a política dos governos Milosevic, Saddan Hussein e Gadafi aplainou o terreno da intervenção militar imperialista que sofreram e sofrem as nações oprimidas dirigidas por estes mandatários. Todavia, aos verdadeiros revolucionários não cabe o luxo de ostentar uma política de ultimatismo burocrático – como tiveram os stalinistas alemães do PCA, traição pela qual Trotsky concluiu que a III Internacional estava definitivamente falida para o proletariado mundial, sendo necessário construir uma nova internacional – nem muito menos a capitulação ao imperialismo como fazem todo o arco revisionista do trotskismo irmanar-se na defesa dos “rebeldes” de Bengasi.

No Comitê Antimperialista estabelecemos um acordo em torno de uma convocatória comum para atividades práticas que se baseassem no combate aos agentes externos (OTAN) e internos (CNT, mercenários líbios armados pela CIA) do imperialismo na Líbia. Esta delimitação repeliu muitas organizações da esquerda defensora dos ‘contras’ de Bengasi, como no caso, o PSTU. A cobrança por empenho efetivo na construção da atividade prática depurou mais ainda o Comitê.

DESERÇÃO DA LUTA ANTI-IMPERIALISTA E ANTICAPITALISTA E CONSTRUÇÃO DA UNIDADE

No processo de constituição desta frente única, algumas correntes vêm fazendo zigs-zags para manter a aparência anti-imperialista enquanto funcionam como caixa de ressonância da propaganda midiática imperialista em favor da “primavera árabe” que se apoia em levantes espontâneos (Tunísia, Egito, Bahrein, Iêmen), sem direções revolucionárias, e outros nem tão espontâneos, melhor dizendo, ‘levantes’ claramente fabricados pela usina de golpes de Estado da CIA (Líbia, Síria e Irã), com direções abertamente contrarrevolucionárias e pró-imperialistas para substituir os atuais regimes políticos por outros mais afinados com os insaciáveis apetites imperialistas após a última crise financeira. Não foi à toa que a cúpula do G-8 deliberou por ajudar as “revoluções árabes” com 40 bilhões de dólares e defendeu a renúncia de Gadafi, o “abaixo Gadafi” como também defendem PSTU, CST e LER.

Para além das denúncias que realizamos em nosso blog e no jornal, a frente tem desmascarado que o anti-imperialismo de muitos não passa de palavras vazias, e que na hora de organizar uma luta efetiva contra a intervenção, os revisionistas se unem no boicote à luta.

Tomemos a “Esquerda Marxista” do PT (EMPT), por exemplo, corrente ligada à CMI de Alan Woods, o mais proeminente sucessor da política de liquidação pablista do trotskismo dentro de aparatos partidários controlados por partidos burgueses com influência de massas (Partido Trabalhista inglês, PT no Brasil, CNA sul africano, PPP no Paquistão e PSUV na Venezuela). A política do CMI é impulsionar frentes populares e não frentes únicas de ação. A EMPT participou das primeiras reuniões do Comitê propondo que o mesmo adotasse a tática de ficar adulando a burocracia sindical lulista, com cartas de exigências alimentando ilusões na disposição anti-imperialista dos mensaleiros da CUT e do PT, cúmplices e mandantes da ocupação militar do Haiti via governo federal. Quando o comitê se recusou a adotar esta tática claudicante frente populista, rechaçou a consigna pró-imperialista do “Abaixo Gadafi” e em sua convocatória denunciou o governo Dilma pela ocupação militar do Haiti e pelo salário de miséria imposto à classe trabalhadora brasileira, a EMPT abandonou o Comitê.

A ciber-trotskista LBI que, em nome de fazer uma frente única militar com Gadafi, se opõe a reivindicar um programa operário revolucionário independente (não subordinação à disciplina militar do exército do caudilho líbio, direito de greve, de sindicalização, plenos direitos trabalhistas aos trabalhadores estrangeiros, constituinte revolucionária, etc.) e ainda faz propaganda política enganosa do regime burguês, embelezando o mesmo ao jurar que da Líbia não saía uma gota de petróleo para os EUA, estabelece politicamente, não uma frente militar, mas uma frente popular, de colaboração de classes, com Gadafi. Para compensar a perda militante com a ruptura da LC, a LBI acentuou suas características auto-proclamatórias e messiânicas de forma patológica, apelando cada vez mais aos truques do mundo virtual para suprir sua impotência real. Foi assim que ao ver negado seu pedido de compor a mesa do debate do dia 21/05 no ECLA, buscou por qualquer meio outra forma de aparecer. Primeiro propôs uma vergonhosa negociação programática a fim de estabelecer um eixo político comum dentre as distintas e inconciliáveis posições políticas do comitê. O dirigente desta corrente propôs em sua fala que: “A frente única se mantém não com os eixos de A ou B ou C, ela se mantém com os eixos que são determinados por um consenso ou por uma maioria... Nós defendemos além do eixo que está colocado aqui pelo comitê com o qual nós temos acordo, ‘a vitória militar da nação líbia frente à agressão da OTAN”. Não há nada mais ambíguo, mais oportunista do que buscar uma frente política para irmanar distintas posições do comitê em torno de um eixo programático comum de “pela vitória militar da nação líbia frente à agressão da OTAN”, posição que facilmente contemplaria até a CST que acredita que os mercenários de Bengasi são os legítimos representantes da nação líbia. Por trás de um suposto principismo a LBI defende uma politica oportunista, frente populista, de colaboração de classes tanto em relação a Gadafi quanto em relação ao Comitê Antiimperialista. Foi então que a corrente prostrada que nunca esteve disposta a construir uma verdadeira unidade de ação pela derrota do imperialismo seja no Brasil, na Líbia ou em qualquer parte e que hoje não passa de uma caricatura de si mesma, desertou do Comitê assim como a EM do PT.

Educados sob a tradição petista e sob a estratégia da Frente Brasil Popular, vários militantes acreditam que frente única é um acordo sob um ponto político-programático comum, como defenderam a CST e a LBI no debate do dia 21. Acreditamos que esta concepção é fruto da má escola petista da vanguarda de esquerda brasileira. Por sua vez, a política de frente popular conduziu o movimento operário a sangrentas tragédias, é um crime contra a independência política da classe. "No momento atual, a questão das questões é a frente popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como uma manobra tática ou até técnica, para poder melhor vender sua mercadoria na sombra da frente popular. Na realidade, a frente popular é a questão principal da estratégia proletária desta época. Também oferece o melhor critério para distinguir entre o bolchevismo e o menchevismo." (León Trotsky, "Carta ao RSAP holandês", julho de 1936).

Acordos práticos com outras forças políticas não só são admissíveis como até em certos momentos obrigatórios. Não fazem apologia abstrata da unidade nem caem no fetichismo em torno da tática da frente única que deve ter objetivos práticos bem delimitados, como a organização comum de manifestações, debates, colagens, chapas sindicais, para responder aos grupos “fascistas”, sob completa independência organizativa e política, sem estabelecer programas comuns nem renunciar à crítica aos aliados circunstanciais.

Em seus parcos meses de existência a jovem Liga Comunista vem se caracterizando pelo rechaço à paralisia oportunista, à prostração política e ao sectarismo estéril, constituindo frentes únicas de ação no combate ao imperialismo, aos neonazistas e à burocracia sindical governista.

Em outubro de 2010, constituímos o comitê com os professores do CLPI para realizar colagens de cartazes nos pontos de ônibus, pinturas dos muros nas linhas de trem do ABC paulista, denunciando para o proletariado as candidaturas patronais de Dilma e Serra e chamando os trabalhadores a boicotarem as eleições ou votarem nulo nas eleições presidenciais. Em março de 2011, no Rio de Janeiro realizamos o ato pelo “Fora Obama!” na Cinelândia, constituindo uma frente com a FIST, RECC e o CL para marchar adiante quando as outras organizações (CUT, CTB, Conlutas, Intersindical, MST, PSOL, PSTU, CST, LER, LBI,...) se subordinaram ao PT anfitrião de Obama que proibiu expressamente aos seus militantes de protestarem contra o imperador. Em abril, em São Paulo, no MASP, realizamos com o SINTUSP, a LER e os anarquistas um corajoso contra-ato de enfrentamento aos criminosos fascistas bolsonaristas.

Nas eleições para a diretoria da APCEF nos opomos a constituir uma chapa de oposição composta pela Intersindical que faz parte da diretoria do Sindicato dos Bancários e agora participamos de uma outra chapa de oposição com o PSTU e o ES nas eleições para a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo contra a CUT e a Intersindical.

Todavia, o Comitê Antiimperialista é impulsionado por jovens e pequenas organizações como a própria LC e é preciso reconhecer esta debilidade para superá-la, ampliá-lo a partir de sua nucleação nos locais de trabalho e estudo, vinculando-o às lutas cotidianas da classe operária, para dar consequência de forma ininterrupta e revolucionária às lutas de emancipação nacional. É importante destacar que desde o início a LC buscou dar um caráter internacionalista a este combate e encontrou importantes aliados nos agrupamentos Socialist Fight (Grã-Bretanha), e Revolutionary Marxist Group (África do Sul) que apoiaram nossas atividades, enviando saudações de solidariedade que foram lidas nas mesmas. Com estas organizações trotskistas, a LC não constituiu um comitê de ação, mas um acordo de concepções programáticas entre nossas três organizações, no marco de uma declaração internacional comum dirigida ao proletariado e a sua vanguarda internacionalista.

Ao contrário de alguns que temem o debate político aberto, a luta de partidos dentro do Comitê o fortalece, separa o joio do trigo e impulsiona a unidade dos que buscam fazer um verdadeiro combate político anti-imperialista e anticapitalista. A vitória da manifestação consiste em ter reunido aqueles trabalhadores e ativistas que efetivamente se colocaram pela construção de uma manifestação unitária anti-imperialista. O Comitê alcançou seus objetivos, conseguimos realizar um importante protesto de rua no centro da maior cidade do país contra a ocupação militar do Brasil no Haiti, que neste dia 04 completou sete anos através agora do Governo Dilma, e, pela primeira vez desde 2003, quando da invasão do Iraque, passar a mensagem anti-imperialista dos lutadores sociais brasileiros. A próxima atividade do Comitê é o Debate: LUTAS DE RESISTÊNCIA AO IMPERIALISMO", que ocorrerá no dia 18 de junho, às 15h, no ECLA. Convidamos a todos a continuarem conosco nesta jornada.